Gastos com acidentes em AL dariam para construir quatro hospitais com UTI

06 abr 2013 - 15:54


acidente_romeirosAlagoas gastou um total de R$ 251.392.800,00 com acidentes de trânsito de janeiro de 2011 a abril de 2012 de acordo com o anuário de indicadores do Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas (Detran/AL). O valor é equivalente aos recursos necessários para a construção de quatro hospitais com UTI, 6.275 casas populares ou ainda a aquisição de 1.680 ambulâncias com UTI móvel.

É também maior que os investimentos públicos realizados nas áreas de assistência social, ciência e tecnologia, cultura, desporto e lazer, gestão ambiental, saneamento, urbanismo e direitos da cidadania, que, juntos, somaram o quantitativo de R$ 246.849.886,42 em investimentos feitos nesse período no Estado.

Somente nos acidentes ocorridos nas vias de Maceió, foram gastos R$ 29.900.736,00, quando a capital alagoana registrou 2.347 acidentes de trânsito sem vítimas, com um custo médio de R$ 3.262,00 por cada acidente. Já os acidentes com vítimas chegaram a 851, que tiveram um custo médio de R$ 35.136,00 cada.

Nas rodovias federais, onde foram registrados 2.277 acidentes, o custo por cada um deles sobe para R$ 58.800,00. Já nas rodovias estaduais, que registraram, nesse período, um total de 1.172 acidentes, o custo médio por acidente foi de R$ 57.022,00.

GASTOS A MAIS

De acordo com o Detran/AL, os custos referentes aos acidentes abrangem, entre outros, gastos com servidores, atendimento médico, deslocamento de pessoal, perícia e, inclusive, o tempo em que o acidentado, sendo uma pessoa produtiva, fica impossibilitado de trabalhar para o Estado.

Muitos desses acidentes e, consequentemente, grande parte desses gastos, poderiam ser evitados caso os condutores que trafegam pelas estradas alagoanas tivessem mais respeito uns com os outros. Ciclistas, motociclistas e pedestres são quem mais sofrem com a imprudência dos motoristas de ônibus e de carros. Os casos de atropelamento acontecem diariamente, muitos deles com vítimas fatais.

De acordo com o integrante da Associação Alagoana de Ciclistas (AAC), professor Antônio Facchinetti, está faltando educação e amor ao próximo no trânsito de Alagoas. “Setenta por cento dos acidentes de trânsito poderiam ser evitados. Está faltando amor à própria vida. As pessoas não estão se importando mais nem com elas mesmas”, afirmou Facchinetti.

Para ele, o investimento na educação é o fator fundamental para que haja a redução dos acidentes de trânsito. “O investimento na educação seria o mais importante. Quando foi criado, o Código de Trânsito já previa o ensino do trânsito para as crianças, mas como as leis não são cumpridas nem em Alagoas, nem no Brasil, o que acontece é que, nesse tempo, o comportamento dos motoristas no trânsito só piorou. Se tivéssemos ensinado as nossas crianças naquela época, hoje teríamos bons condutores nas ruas”, destacou o professor.

O anuário do Detran também aponta que, em 2011, 856 pessoas morreram vítimas do trânsito em Alagoas e outras 20 mil foram atendidas nos hospitais do Estado. Esses números representam um quantitativo de 27 mortos para 100 mil habitantes e de 17 mortos pra cada 10 mil veículos.

Das vítimas mortas em acidentes de trânsito no período abrangido pelo anuário, 7% estavam em bicicletas, 13% a pé, 27% em carro e 28% em motocicletas, sendo 26% de jovens com idades de 18 a 29 anos e 48% de adultos com idades entre 30 e 59 anos.

LEI SECA

Apesar de os números serem assustadores de janeiro de 2011 a abril de 2012, o anuário do Detran traz algumas informações referentes aos resultados obtidos com a campanha da Lei Seca em Alagoas, iniciada no final de junho do ano passado. Um comparativo feito pelo Detran mostra que, no mês de julho, a redução chegou a 11,67% em 2012, em relação ao mesmo mês de 2011; em agosto, a redução foi de 10% e, em setembro, de 12,05%.

Somente nos três primeiros meses de intensificação da Lei Seca, 356 Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) foram recolhidas por embriaguez ao volante, o que comprova a imprudência dos condutores alagoanos.

HGE

Dados do Hospital Geral do Estado (HGE) apontam que, em 2012, o custo de atendimento às vítimas do trânsito na unidade hospitalar foi de R$ 510.627,40, o que inclui casos com bicicletas, motocicletas, atropelamento, capotamento e colisão. Em 2011, esse valor foi de R$ 835.787,12 e, em 2010, esse custo foi de R$ 1.180,800,32.

CICLOVIAS

Várias audiências públicas já foram realizadas no Ministério Público Estadual para discutir a necessidade da construção de ciclovias em Maceió. De acordo com o professor Facchinetti, o problema de falta de ciclovias é uma realidade não só em Alagoas, mas no Brasil inteiro. Para se ter uma ideia, a cidade com a maior extensão de ciclovias no País é o Rio de Janeiro, que possui apenas 160km. Em Maceió, somando todas as ciclovias, essa extensão chega a 30km, quando o ideal seria, no mínimo, 600km.

Por Gazetaweb

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