Resultados da PNAD revelam cenário dos afazeres domésticos indica IBGE

Ascom / IBGE

17 ago 2023 - 10:24


Foto: Helena Pontes / Agência IBGE Notícias

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgados nesta sexta-feira (11), apresentaram um panorama das outras formas de trabalho em 2022. A pesquisa investigou o perfil do trabalho ampliado, para além do trabalho de ocupação. O questionário foi destinado às pessoas de 14 anos ou mais.

São consideradas outras formas de trabalho as atividades relacionadas aos afazeres domésticos, cuidado de pessoas, produção para o próprio consumo e trabalho voluntário, que não envolvem precificação, nem são tratadas como parte do Produto Interno Bruto (PIB).

As atividades investigadas por esse módulo não contam como quesito “ocupação” da Pnad Contínua e são contabilizadas à parte.

Mulheres alagoanas realizam mais afazeres domésticos, mas disparidade de gênero reduz com a escolaridade

Dentro do próprio domicílio, as mulheres são as que mais realizam afazeres domésticos. Em AL, 88,9% das pessoas do sexo feminino desempenhou tarefas dentro de casa. Entre os homens, o percentual é de 70,7%.

Quanto maior a escolaridade, maior a taxa de realização de afazeres domésticos. O crescimento do acesso à educação formal costuma reduzir a disparidade entre os gêneros. Em AL, homens sem instrução ou com fundamental incompleto possuem taxa de 66,3% de realização de atividades, segundo menor índice do país. Contudo, entre as mulheres na mesma situação de baixa ou nenhuma escolaridade, o índice de realização é de 86,7%.

Considerando aqueles que completaram o ensino superior, a diferença entre os gêneros reduz de 20,5 para 7,5 pontos percentuais: 91,2% de realização entre as mulheres e 83,7% para os homens.

O afazer doméstico mais realizado por mulheres em AL é “preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar a louça” (95,8%); a única tarefa é que homens apresentam maior percentual é “fazer pequenos reparos ou manutenção do domicílio, do automóvel, de eletrodomésticos ou outros equipamentos” (57,9% contra 27,1%).

Idade, cor e condição no domicílio influenciam a participação nos afazeres domésticos

A faixa etária também tem influência no desempenho das tarefas. Alagoanas entre 25 e 49 anos (94,9%) representam o grupo que mais realiza afazeres domésticos. Do outro lado, a menor porcentagem está entre os homens de 14 a 24 anos; nesta faixa, a taxa cai para 57,6%.

Outra questão investigada pela pesquisa é a relação entre a realização de afazeres domésticos e a condição da pessoa no domicílio. Neste recorte, cônjuges e companheiras (95,4%) são as que mais realizam serviços em casa. Do lado oposto, filhos e enteados são os que menos contribuem (55,7%). Contudo, a disparidade de gênero fica evidente neste setor: quando se trata de filhas e enteadas, a taxa de realização de afazeres domésticos sobe para 78,7%.

As mulheres responsáveis pelo domicílio possuem taxa de realização de afazeres domésticos (93,4%) ligeiramente menor do que as em condição de cônjuge e companheira, mas ainda fazem mais tarefas em casa do que os homens (80,1%).

Mulheres e homens pretos são os que mais desempenham afazeres domésticos. A taxa de realização no próprio domicílio é de 92,4% para pessoas do gênero feminino e 74% para as do gênero masculino.

Em AL, mulheres ocupadas seguem com maior nível de afazeres domésticos; homens não-ocupados têm a menor taxa do país

Mesmo quando possuem alguma ocupação profissional, as mulheres seguem realizando mais afazeres domésticos. Destas, 91,8% fazem atividades domiciliares, contra 77,9% dos homens ocupados.

Contudo, houve redução no nível de afazeres domésticos das mulheres em relação à 2019 (92,8%) e aumento de 3,1 pontos percentuais na participação dos homens, que era de 74,8%.

Entre os não-ocupados, a taxa de realização de afazeres domésticos possui grande disparidade. As mulheres não-ocupadas (87,3%) seguem num nível de realização semelhante ao das ocupadas (91,8%). Contudo, o envolvimento dos homens não-ocupados é o menor do país (61,5%), mais de 25 pontos percentuais abaixo das mulheres na mesma situação.

Os afazeres domésticos incluem oito grupos de atividades, que estão relacionadas ao preparo de alimentos, limpeza do domicílio, realização de reparos, organização e gerenciamento, compras e pesquisa de preços, além do cuidado com animais de estimação.

Quantidade de horas gastas por mulheres e homens ocupados no trabalho doméstico e/ou cuidado de pessoas tem significante disparidade entre os gêneros

Homens ocupados possuem pouca variação na média de horas dedicadas aos afazeres domésticos e cuidado de pessoas em relação aos não-ocupados: 12,3 contra 14,2 horas. Por outro lado, as mulheres não-ocupadas despendem, em média, 5,4 horas a mais nas atividades domésticas e de cuidado do que as mulheres ocupadas.

As mulheres alagoanas que não tem ocupação gastam uma média de 27,3 horas em atividades relacionadas ao âmbito doméstico e familiar, enquanto as mulheres ocupadas despendem 21,9 horas. Em ambos os casos, a dedicação aos afazeres domésticos e cuidado de pessoas é significantemente maior que nos homens. No caso das mulheres não-ocupadas, o número de horas dedicadas à casa e família quase dobra, em relação às pessoas do sexo masculino na mesma situação.

A dedicação de quase o dobro de horas pelas mulheres é tendência em todo o país.

Maior média de horas nos afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas está em AL

Alagoanos de ambos os gêneros são os que mais dedicam o tempo à realização de tarefas relacionadas ao ambiente doméstico ou cuidado de pessoas, em todo o país.

Durante a semana, a média de horas gastas nessas atividades foi de 25,4 para as mulheres e 13,0 para os homens. Ambos os valores estão acima da média nacional, que é de 21,3 e 11,7, respectivamente.

Cuidado de pessoas

As mulheres alagoanas estão mais envolvidas em tarefas de cuidados de moradores no próprio domicílio e no de parentes não-moradores, com taxa de realização de 38,5%; para os homens, o percentual geral é de 24,1%. As taxas são ligeiramente maiores que em 2019, que registrou 37% e 23,9% para mulheres e homens.

Mais da metade (50,9%) das mulheres de 25 a 49 anos que responderam a pesquisa cuidam de pessoas dentro da própria casa e, além disso, fazem atividades para outros parentes. O número é superior ao das que estão envolvidas nos cuidados apenas dentro do próprio domicílio (46,5%).

O maior percentual de realização de tarefas de cuidados entre os homens (33,3%) também fica na faixa dos 25 a 49 anos e é alcançado na realização de atividades dentro do próprio domicílio e no de parentes não-moradores.

O cuidado de pessoas abrange, em geral, a atenção às crianças, idosos, enfermos ou pessoas com deficiência. As atividades investigadas pela pesquisa incluem o auxílio nos cuidados pessoais (alimentar, dar remédios, vestir, etc); auxílio em atividades educacionais; ler, jogar ou brincar; monitorar ou fazer companhia; transportar ou acompanhar (escola, médico, exames, parque, praça, atividades culturais, religiosas ou esportivas).

Produção para o próprio consumo

A produção para o próprio consumo é prevalente no sexo masculino. Os homens alagoanos apresentam taxa igual à média nacional (7,6%), enquanto as mulheres possuem índice menor (4,8%). Houve queda em relação à 2019, quando as taxas eram 8% e 5,7%.

Homens (10,7%) e mulheres (6,4%) alagoanos de 50 anos ou mais são os que apresentam os maiores percentuais de realização dessas atividades. A participação nessas tarefas cresce conforme avança a idade e é maior nas pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto: 11,7% e 7,4% para pessoas do sexo masculino e feminino, respectivamente.

As tarefas analisadas pelo quesito “produção para o próprio consumo” são divididas em 4 grupos: cultivo, peça, caça e criação de animais; produção de carvão, corte ou coleta de lenha, coleta de água e extração de sementes, de areia, ou de outro material; fabricação de roupas, cerâmicas, rede de pesca, alimentos, produtos medicinais ou outros produtos; e construção de edificação, cerca, estrada ou outras obras.

Trabalho voluntário

Em 2022, o trabalho voluntário realizado em AL costumou ser feito por pessoas ocupadas (2,7%), brancas (2,4%), de 50 anos ou mais (2,7%), e que completaram o ensino superior (5,8%). A maior parte das pessoas (85,3%) realizou essas atividades de forma coletiva, em conjunto com alguma empresa, organização ou instituição.

Houve redução no tempo destinado ao trabalho voluntário. Homens alagoanos dedicaram maior média de horas (8,8) do que as mulheres (6,6). Em 2019, a média de horas era de 9,7 e 9,4, respectivamente.

O trabalho voluntário abrange atividades não compulsórias e não remuneradas, realizadas por ao menos uma hora na semana de referência. O quesito abrange as tarefas feitas ou destinadas às escolas, hospitais, asilos, congregações religiosas, sindicatos, condomínios, partidos políticos, associação esportiva, ONGs, comunidades, dentre outros.

Sobre a PNAD

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE, é uma pesquisa amostral realizada de modo mensal, para obter dados contínuos acerca do mercado de trabalho e demais indicadores relevantes para o desenvolvimento socioeconômico do país e para a elaboração de políticas públicas.

Para a pesquisa, que é amostral, foi utilizada a reponderação da PNAD Contínua 2021, que considerou as projeções populacionais a partir dos dados do Censo Demográfico 2010. Devido à pandemia da COVID-19, o tema não foi investigado em 2020 e 2021.

Os resultados da PNAD Contínua podem ser consultados de forma pública através do Sistema Sidra (https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pnadca/tabelas).

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