Esposas, mães e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) se juntaram nesta terça-feira (04) e bloquearam um trecho da AL-220, nas proximidades do Presídio do Agreste, para protestar contra o que eles chamam de maus-tratos. Os familiares dos detentos afirmam que os presos estão em situação periclitante.
O grupo, formado por pouco mais do que 80 pessoas, ateou fogo em galhos de árvores e interditou a rodovia. O protesto só chegou ao fim quando representantes da unidade prisional convocaram os manifestantes para uma reunião acerca das reivindicações. Duas mulheres que estavam no protesto acompanharam os funcionários e estão reunidas discutindo melhorias para os detentos. Caso o resultado do encontro não seja satisfatório, eles prometem interditar novamente a AL-220.
Uma das familiares, a dona de casa Fernanda Cavalcante, 23 anos, contou que os presos estão em greve de fome desde o início do dia para pressionar a Superintendência Geral de Administração Penitenciária (Sgap) com o intuito de cobrar melhorias. Dentre as reivindicações dos parentes dos detentos, estão a instituição do dia de visita (as esposas alegam que não sabem que dia podem visitar os maridos; ligam para o presídio, mas ninguém atende), o constrangimento de gestantes e idosos na revista.
Outra questão apontada pelos manifestantes é a qualidade da água fornecida na unidade. Fernanda Cavalcante revelou que a água dos presos é cortada às 20 horas e o abastecimento só é restabelecido às 5 horas do dia seguinte; o que, segundo ela, impede que os presos façam até as necessidades fisiológicas durante o período em que o fornecimento do líquido é suspenso. “Quando a gente vai para lá, a gente vê como é; a água é meio salgada e ainda tem poeira que pode ser vista a olho nu”, reclama a dona de casa.
Outras questões apontadas pelos familiares são de que o tempo para o banho de sol é curto, assim como os dias para sair das celas – os presos só saem das celas de segunda a quinta-feira, conforme informaram as esposas. Além disso, elas reclamam da qualidade da comida e da falta de tratamento médico aos detentos.
Protesto em Maceió
Em Maceió, um grupo de familiares também realizou um protesto na manhã de hoje, no Centro da capital. O grupo quer uma reunião com o superintendente da Sgap, coronel Carlos Luna, para apresentar as queixas e reclamações dos presos.
Manifestações articuladas
Informações extraoficiais dão conta de que os protestos estão sendo articulados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC); a facção criminosa estaria arregimentando os familiares – principalmente esposas e mães de presos – a bloquear rodovias como parte da insatisfação por conta da transferência de pouco mais de 200 presos do sistema prisional da capital para o Presídio do Agreste; líderes do PCC em Alagoas estariam dentre os transferidos.
Por 7 Segundos