“Foram torturar a gente. Isso não é coisa de polícia, isso é coisa de bandido”, disse uma das vítimas.
Um pai e seus três filhos estiveram nesta quarta-feira na Promotoria Pública do município de Santana do Ipanema a fim de prestar uma série denúncias de abusos físicos causados supostamente por autoridades policiais.
A família aponta ter sido vítima de uma ação truculenta e desnecessária de equipes policiais, quando estes realizavam uma ação durante a noite anterior da denúncia, na terça-feira (17).
José Mauro da Silva e seu irmão José Reginaldo da Silva, acompanhados do seu pai José Neto da Silva, de 68 anos, mostraram na presença da nossa reportagem e do promotor de Justiça, Luiz Tenório de Almeida, as marcas do que eles afirmam ter sido lesões provocadas por parte dos policiais.
“Eles pegaram nossos próprios facões, que temos em casa, e que tínhamos acabado de chegar da roça e bateram na gente”, relatou uma das vítimas. De acordo com seus testemunhos, o caso aconteceu na própria residência, que fica localizada no sitio João Gomes, zona rural da cidade.
O senhor José Neto contou que minutos após chegarem em casa, foram surpreendidos pelos policiais. Eles teriam entrado na casa e logo questionaram sobre supostas armas. A filha do idoso, identificada como Juliana, não estava no local, mas acompanhou o depoimento dos parentes na Promotoria.
Antes de se dirigir ao MP, toda a família também já teria procurado os microfones da rádio Milênio FM e relataram o suposto abuso. Em conversa por telefone com nossa redação, Juliana afirmou que seus irmãos disseram ter visto pelo menos três viaturas das polícias civil e militar durante toda a abordagem.
AÇÃO DESPROPORCIONAL
Em relato ao Promotor, o idoso e seus filhos disseram que, mesmo com a chegada dos policiais eles teriam afirmado que não tinham nada de irregular na residência, mas as autoridades teriam continuado os questionamentos e iniciado uma busca nas dependências do local.
Um dos denunciantes ressaltou ainda que os policiais entraram pela porta dos fundos da casa, sem a autorização dos residentes e sem nenhum mandado de busca e apreensão.
“Não sou contra a ação da polícia, mas o que eles fizeram foi demais. Eu nunca apanhei do meu pai e agora depois de crescido apanhei na frente dele”, relatou um dos irmãos, que desabafou: “Foram torturar a gente. Isso não é coisa de polícia, isso é coisa de bandido”.
MANDOU PRA OUTRO LUGAR
Todo o relato foi acompanhado pelo promotor Luiz Tenório, que ao final dos depoimentos orientou os familiares a procurar a Delegacia Regional e registrarem a ocorrência. Apesar da tratativa, a filha Juliana contou a nossa reportagem que a família não se sentiu amparada com a orientação do MP e decidiu buscar um advogado para tomar as devidas providências.
Visivelmente abalados, os denunciantes continuaram a dizer que não tinham nada a dever à polícia. “Além da agressão física ainda fomos agredidos moralmente”, disse Mauro. “Estamos aqui [na Promotoria] porque não devemos nada. Queremos apenas justiça”.
RESPOSTAS
Nossa redação tentou obter respostas com o delegado Fábio Costa, responsável pela 2ª Delegacia Regional de Polícia (DRP), bem como o Comandante do 7º Batalhão da cidade, major Genival Bezerra.
Por telefone, o delegado nos atendeu, mas disse que prefere não comentar o caso até ouvir os relatos dos denunciantes. Já o oficial da PM, até o fechamento da matéria fomos informados de que ele não estaria no momento na sede do Batalhão, e após tentativas não conseguimos contatos através do seu telefone funcional.
Por Lucas Malta / Da Redação
Atualizada às 22h59 de 18/11