Enquanto o automóvel engolia a estrada de terra pedregosa, eu pensava na frase escrita há 27 anos no livro “Ipanema um rio macho”: “Adiante, nada mais de veredas e sim uma longa descida de pedras gigantescas até chegar à areia, lá muito à frente, na parte central do abismo. Era um espetáculo tão grandioso e aterrador que eu tive a impressão de está em outro planeta”.
Lá íamos nós, Clerisvaldo, Marcello Fausto, seu irmão Marcílio e Manoel Messias. Atrás seguia a equipe de reportagem da TV Gazeta num jipão. Chegamos ao sítio Telha, nome local, ou Cachoeiras, apelidado pelos nossos antepassados santanenses. Estava ali o trecho mais fantástico do rio Ipanema em seus 220 km de extensão. Tudo intacto como eu o deixara ao passar ali a pé com meus companheiros Wellington Costa e João Quem-Quem, naquela tarde abrasadora de janeiro de 1986. O longo canhão rasgado pelo rio Ipanema, as montanhas marginais brancas e avermelhadas, a vegetação de caatinga no terreno pedregoso que a não deixava crescer; o extenso corredor de rochas lavadas no leito do Panema em variadíssimas formas e dimensões pelo declive imenso, as serranias mais distantes, a solidão de deserto e a bela e terrível paisagem num todo, deixavam-me repetir automaticamente a frase escrita: “Tenho a impressão de está em outro planeta”.
Leia a crônica completa com mais fotos no Blog do Clerisvaldo B. Chagas