FPI fecha fábricas clandestinas de queijo que possuíam pocilgas em Major e Batalha

08 ago 2019 - 09:51


Fabricas foram fechadas (Fotos: Jonathas Lins / Assessoria MP-AL)

Fiscais que fazem parte da equipe de produtos de origem animal da FPI do São Francisco apreenderam nesta quarta-feira (7), em Major Izidoro e Batalha, ambas cidades do Sertão de Alagoas, dezenas de produtos fabricados em queijarias clandestinas sem nenhuma  condição sanitária, além de várias agressões ao meio ambiente

Segundo a FPI, foram recolhidos 114 quilos de queijo, 180 quilos de manteiga, 120 quilos de massa crua para queijo, 300 litros de leite (já destruídos)  e 46 quilos de queijo manteiga e queijo manteiga raspa de tacho. Durante a fiscalização duas pessoas foram detidas e levadas ao Centro Integrado de Segurança Pública Batalha (CISP). 

“Os produtos apreendidos e destruídos eram fabricados sem a mínima condição sanitária, levando riscos aos possíveis consumidores. Estas ações têm como objetivo combater a clandestinidade da produção de alimentos, evitando riscos aos consumidores, como intoxicações ou doenças. E, também, eliminar os riscos ambientais. Todo o processamento está errado, desde o leite produzido para a fabricação dos lácteos até a comercialização, sem controle ou inspeção promovendo riscos a população e ao meio ambiente”,  revelaram os técnicos da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (ADEAL).

Em uma das queijarias o proprietário do local tentou disfarçar que ali funcionava a fabricação de queijo escondendo o produto já pronto e os insumos usados no processo de fabricação. Entretanto, os fiscais identificaram a atividade da pequena fábrica e recolheram o material que estava na residência do homem.

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Pocilgas

Em  três dos lugares visitados pela força-tarefa ainda foram encontradas, além das queijarias, pocilgas em pleno funcionamento e despejando os resíduos  oriundos do tratamento dos animais direto nas águas do Rio Ipanema, que corta a cidade de Batalha. 

“O funcionamento das pocilgas no mesmo terreno das queijarias, muitas vezes acontece, por que, na maioria das vezes, os animais são alimentados pelo material orgânico que sobra da fabricação dos queijos.  Isso é grave, seja pela proximidade dos locais onde funcionam as duas atividades ou pela total falta de condição sanitária da situação. Claramente aqui é um crime ambiental. Podemos ver o rio sendo poluído”, explicou o coordenador da equipe. 

Os fiscais ainda explicaram que os animais foram apreendidos  administrativamente até que seus proprietários consigam resolver a situação junto ao Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA). Isso significa que  os porcos não podem ser comercializados e seus donos terão que continuar cuidando deles. Todas as orientações para que isso ocorra de maneira correta foram repassadas. Ao todo foram encontrados cerca de 250 porcos.

Já em outro local, também em desconformidade com a legislação, equipe não pode autuar com relação aos porcos encontrados, tendo em vista que não havia um responsável presente.

Dupla Contaminação

Um dos fiscais da equipe explicou que  grande parte do leite utilizado para fabricação de queijos produzidos clandestinamente  vem de rebanhos que não possuem o devido controle dos órgãos sanitários. 

“Assim, esse leite pode chegar contaminado nas queijarias e levar  doenças para o produto fabricado, e, consequentemente, para a população consumidora. Além disso, os porcos também se alimentam do soro residual da produção de queijo e são expostos a algumas doenças que também são passadas para o indivíduo que pode vir a consumir a carne desse animal”, disse .

Ele ainda enfatizou  que dessa forma todo o processo, do início da produção, passando pelo processamento do produto até o resultado final está prejudicada e põe em risco a saúde da população.

Somado a tudo isso ainda tem o processo de abate dos porcos, que não é feito nas condições ideais. “As pocilgas são instaladas na beira dos rios e despeja todos os dejetos nele provocando uma poluição direta da bacia hidrográfica do São Francisco. Este tipo de criação promove um dano ambiental extremamente agressivo. Sofre o meio ambiente e a população que tem sua qualidade de vida prejudicada”, declarou.

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Detenção e multas

Os homens detidos durante ação são proprietários das queijarias e das pocilgas.  Os fiscais lavraram autos de infração devido a falta de licença ambiental para fabricação de laticínios e  por fazer funcionar, sem licenciamento, as pocilgas. 

Outro auto de infração foi lavrado pelo despejo de resíduos sólidos diretamente no Rio Ipanema.  Os dois homens terão 20 dias corridos para esclarecer a situação no IMA, que arbitrará o valor da multa que será aplicada.

Da Assessoria MP-AL

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