Se a cultura de um povo se reflete em todo o conhecimento, crenças, artes e costumes adquiridos ao longo dos tempos, podemos assim afirmar que as ações para mantimento desses valores é um dos pontos fundamentais para que esse setor se renove e não deixe de existir. Partindo desta premissa, podemos assegurar que agir de forma inversa, ou seja, mostrando apatia e desprestígio a esses valores, só reflete o quanto desvalorizamos tais crenças e consequentemente a própria cultura.
É com essa reflexão inicial que o site Alagoas na Net coloca em pauta o seu terceiro Editorial de Domingo, com um assunto pouco lembrado nos últimos meses, pra não falar há alguns anos: a valorização da cultura do Município.
Poderia aqui me reportar a um dos assuntos mais tratados dos últimos dias, que tem sido a não realização das festividades do Carnaval em Santana do Ipanema, mas quero ir um pouco mais longe e abranger todo o setor cultural deste município.
Para isso teremos que lembrar alguns fatos.
A atual Diretoria de Cultura de Santana do Ipanema, vinculada à pasta da Secretaria Municipal de Educação, tem hoje à frente o santanense Daniel Araújo. Este teve sua nomeação assinada no mês de setembro do ano passado. Antes disto a área era comandada por outro aliado do prefeito Mário Silva, o radialista e jornalista Fernando Valões, que iniciou suas “ações” até o mês de maio, momento em que se desligou do grupo político do prefeito Mário Silva.
Ou seja, só para se levantar uma questão, vemos que da saída do antigo diretor até a nomeação do novo se passaram pelo menos quatro meses de uma pasta sem nenhum comando.
A partir dessas observações não é tão estranho que, digamos que este setor parece não ter sido muito valorizado pelo Poder Executivo Municipal, já que, desde a saída do radialista, e mesmo com a retomada do seu atual representante, nada foi divulgado ou mostrado como ação desde então. Pelo contrário, no período do ano passado e começo deste ano, o setor só tem sido alvo de polêmicas por sua inatividade ou capacidade de criar desculpas por não promover ações pela falta de recursos.
E se algum morador ainda tem dúvidas da inatividade e falta de incentivo à cultura em Santana vamos listar aqui algumas das ações que o município deixou de fazer em relação a este setor. Estou falando que deixou de fazer… coisas que poderiam estar sendo mantidas.
Comecemos pelo Circuito Nacional dos Museus, no qual Santana esteve participando, segundo dados divulgados por antigas administrações, de 2008 até 2012. Contudo, a partir de 2013, o Museu Darras Noya já não mais esteve na rota nacional. Infelizmente a situação deste belo símbolo da cultura sertaneja tem se tornado a pior desde esta reforma em 2008.
Outro ponto, bem mais recente foi a 9ª Feira dos Municípios Alagoanos, realizada no mês de janeiro deste ano. Lembro de ouvir lástimas de um artista local, que se queixava de Santana do Ipanema não ter enviado sequer um representante ao evento; ou seja, a cultura santanense sequer existiu para aquele evento e para os visitantes que circulam em uma das capitais eleitas entre as mais visitadas do país.
Quer mais?
Temos também a Felisi, a Feira Literária de Santana do Ipanema. O evento foi um avanço em termos culturais e bastante elogiado, tanto por pessoas do Município, quanto por visitantes de outras regiões. Ela só teve uma edição, no ano de 2012. Desde lá, os incentivos para se querer tocar no tema são mais raros que a chuva no Sertão. Uma tristeza para os amantes da literatura.
Tenho certeza que eu poderia aqui listar mais e mais projetos culturais não contemplados ou sequer incentivados em Santana do Ipanema, contudo o objetivo maior desta postagem é a reflexão e por isso deixo que o próprio munícipe pense e chegue a conclusão de quantos outros costumes ainda serão deixados de lado. Uma pena!
Por Lucas Malta / Editor