Editorial de Domingo: A Lava Jato e as eleições municipais de 2016

17 Maio 2015 - 09:11


A matéria divulgada no dia de ontem, pelo jornal Folha de São Paulo, na qual o empreiteiro Ricardo Pessoa afirmou que a doação financeira feita por sua empresa, UTC, à campanha do governador de Alagoas Renan Filho, na ultima eleição, foi pagamento de uma propina não pode ser considerada tanto como uma surpresa.

Um olhar mais atento para esse tipo de notícia nos faz relembrar que temos um cenário não tão animador, para daqui a cerca de um ano, quando ocorre o próximo pleito eleitoral, que por sua vez escolherá os representantes das cidades brasileiras.

Em seu depoimento o empresário afirma ter repassado R$ 1 milhão em duas parcelas para o diretório estadual do PMDB. O depoente afirma que era propina, enquanto o governador alagoano se defende, e diz que tudo não passou de uma doação legal.

Provada ou não a legalidade do recebimento, uma coisa é mais cristalina que as piscinas naturais da Pajuçara: a influência direta do poder econômico nas eleições nunca foi tão latente. E isso, infelizmente, parece não ter um fim muito próximo.

A matéria de Folha lembrou que sete empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato investiram quase R$ 8 milhões (exatos R$ 7,7) no diretório do PMDB Alagoas. O valor equivaleu a 40% do total gasto para o governador se eleger.

Em recente entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), que é um dos integrantes da Comissão da Câmara que avalia medidas da reforma política endossou o que já era vidente. “O Brasil tem as campanhas mais caras do mundo”; “A influencia do poder econômico é excessiva”; e se não fosse demais ainda soltou: “para vereador, deputado e senador (…) o poder econômico dita as regras”.

As infelizes, porém inquestionáveis falas do parlamentar não soariam tão absurdas, senão soubéssemos que a tal reforma política (se conseguir passar), não tende a mudar efetivamente esse sistema.

E é olhando mais especificamente para as próximas eleições municipais, que percebemos um triste cenário vivido principalmente pelas menores cidades. Em Santana do Ipanema, por exemplo, não é preciso procurar muito para ouvir de algum ex-candidato ou atual vereador o quanto ele gastou para concorrer ou estar no poder. Na verdade chega a doer no ouvido frases do tipo: “só se ganha uma campanha quem tem dinheiro pra gastar”.

A revelação feita pela Lava Jato é apenas um nível do sistema (diga-se de passagem, o maior nível), que pode e deve ser quebrado inicialmente na “base da pirâmide”, caso contrário, as revelações não irão parar de acontecer. Se nos últimos anos os brasileiros foram as ruas, as redes (internet) e ficaram cada vez mais insatisfeitos com atos da política atual, resta-nos ver o que nos aguarda para o próximo pleito municipal.

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