“Esta região não pode deixar de manifestar o mais integral repúdio ao tratamento dispensado a um de nossos presidentes por países europeus”, discursou a presidente Dilma Rousseff na Cúpula do Mercosul no Uruguai, ao comentar o constragimento a que o presidente boliviano, Evo Morales, foi submetido pela suspeita de levar em seu avião o ex-funcionário da CIA Edward Snowden.
Morales não pôde passar pelo espaço aéreo de alguns países europeus ao voltar de Moscou, o que levou seu avião a fazer um pouso não programado na Áustria. “Saúdo a decisão de rechaço tomada pelo Mercosul para todas as questões relativas à soberania e ao direito individual de nossos povos”, disse a presidente brasileira, que dirigiu um cumprimento especial e solidário ao presidente Evo Morales.
Dilma disse ainda que medidas cabíveis devem ser tomadas para coibir repetição de situações de espionagem, como as que foram reveladas pelos vazamentos de Snowden. A presidente brasileira mencionou, aiás, o direito de asilo em seu discurso. “Queria também saudar a decisão no âmbito do Mercosul do direito ao asilo”, disse a presidente, sem se referir a Snowden, a quem a Venezuela ofereceu asilo.
Segundo a presidente, “o governo brasileiro não transige com a sua soberania. “Defendemos qua a soberania, a segurança e a privacidade de comunicações, cidadãos e empresas devem ser preservadas”, disse, destacando a necessidade de integração no Mercosul. “O Mercosul possui uma estrutura econômica diversificada e deve ter uma política comercial externa que reflita toda potencialidade”, defendeu.
Mercosul
“Nossos críticos esquecem que, desde o início dos anos 1990, nosso intercâmbio comercial multiplicou-se mais de 12 vezes”, disse a presidente. “Tenho certeza que nós devemos valorizar o Mercosul, porque diante, tanto dos momentos de expansão, quanto dos de crise, o Mercosul é o melhor caminho para o fortalecimento dos nossos países, para o desenvolvimento de nossas economias e para a afirmação da cidadania de nossos países”, afirmou Dilma.
Mais cedo, o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciou que Guiana e Suriname passam a ser estados associados do Mercosul, juntamente com Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru. Os membros plenos do bloco são Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela. O Paraguai está temporariamente suspenso, mas deve recuperar o status de membro pleno em agosto, com a posse do presidente eleito Horácio Cartes.
“Quero saudar o fato de o Mercosul passar por um importante momento de ampliação de sua área de abrangência”, destacou a presidente brasileira. “O ingresso efetivo da Venezuela no bloco, além de aportar ganhos econômicos, ganhos de escala, reforça a dimensão política, a dimensão estratégica do bloco”, acrescentou. “Todos os países da América do Sul passam a participar, de uma forma ou de outra, do Mercosul. Temos, porém, uma tarefa importante a realizar. E aí eu me refiro ao regresso do Paraguai, sócio fundador do Mercosul”, disse. “O Paraguai e o povo paraguaio são partes essenciais do destino do Mercosul. Queremos tê-los de volta”, concluiu.
Brasil247