A tática da “desconstrução de imagem”, usada pelos profissionais de marketing político que comandam as campanhas dos presidenciáveis nas eleições deste ano, foi o que marcou o primeiro debate entre os candidatos na Band TV.
Para além das repetitivas críticas contra administrações petistas, principalmente no governo Lula e contra o atual presidente Jair Bolsonaro, também trocam ataques pessoais, ironias e acusações mútuas de corrupção e incompetência num jogo em que mais vale aumentar o nível de rejeição do adversário do que apresentar soluções aos problemas públicos do país.
Janiel Kempers, que é jornalista e especialista em marketing, pontua que embora as táticas para minar os oponentes funcionem em qualquer disputa eleitoral polarizada, o confronto acrescenta pouca mensagem aos eleitores. Mas por se concentrar no lado negativo, o debate da “desconstrução” pode alimentar a rejeição dos cidadãos à política e aumentar as abstenções e votos inválidos.
“Quando as pesquisas mostram que determinado candidato pode ameaçar outro, a desconstrução costuma ser usada como tentativa de conter esse crescimento. Entretanto, ao assistir aos debates, os indecisos, que são público alvo de qualquer campanha, muitas vezes procuram propostas, o candidato mais adequado, em vez de troca de farpas”, ressalta.
O especialista entende ainda que toda essa discussão, pode gerar danos irreversíveis para nossa democracia.
“Para nossa democracia é uma perda que não tem volta, nós estamos perdendo completamente a capacidade de discutir aquilo que realmente importa. Vivemos em um país onde os candidatos valem mais pela simbologia do propriamente pelo que podem fazer pelo país”, finaliza.
Polarização
O efeito dessa polarização entre esquerda e direita, tem um resultado ainda mais devastador: a forma como o povo brasileiro lida com a política. “Não se trata de política, e sim sobre ‘qual time está ganhando’ como se estivéssemos em um jogo de futebol”, finaliza.
Neste aspecto é quando a polarização atinge seu auge. Torna-se incapaz de ambas ideologias, criarem argumentos convincentes e conciliarem assuntos que na verdade são interesses de todos.