O 1º Tribunal do Júri da Comarca de Maceió, presidido pelo Juiz de Direito Maurício Brêda, absolveu, na tarde desta quarta-feira (14), Clécia Cássia Araújo da Silva, acusada pelo Ministério Público Estadual de ter tentado afogar seu filho, com apenas 8 meses, na praia de Jacarecica, em 20 de fevereiro de 2012, depois de uma discussão com seu esposo.
Em reunião secreta, a maioria dos sete jurados sorteados para compor o júri entendeu por absolvê-la após ouvir os depoimentos das testemunhas: o pai da criança, a acusada, bem como o debate entre acusação e defesa.
Segundo o defensor público Marcelo Barbosa Arantes, que assumiu a tribuna de defesa em favor da ré, existiam nos autos duas linhas probatórias divergentes.”A primeira é fundada no depoimento de duas testemunhas presenciais, as quais disseram ter visto Clécia afogar o filho; a segunda consistente na prova médico-legal, que não apontou na criança qualquer indício que pudesse apontar um possível afogamento mal sucedido, como uma possível ingestão de água salgada pelo bebê”, explicou o defensor.
Consta nos autos, que uma testemunha informou ter visto Clécia segurar a criança com firmeza nos braços, se abaixando algumas vezes dentro d’água. A segunda testemunha, no entanto, disse que a acusada apenas afundava a cabeça do filho na água e que, depois, simplesmente deixou o bebê solto no mar, como se quisesse realmente que a mesma se afogasse.
“Não é possível que duas pessoas que se dizem testemunhas oculares narrem de forma tão diferente um mesmo fato. Não há prova segura de ter havido uma tentativa de afogamento. Se a criança realmente tivesse sido afogada pela mãe, certamente o IML conseguiria constatar isso no exame de corpo de delito”, pontuou o defensor público.
Família da acusada sofre represálias
No mês de julho deste ano, conforme boletins de ocorrência juntados aos autos, o pai da criança teria efetuado disparos de arma de fogo contra sua ex-sogra, mãe da acusada Clécia Cássia. Tal fato foi confessado por ele próprio nesta tarde, enquanto prestava seu depoimento perante o tribunal do júri.
Diante disso a Defensoria Pública requereu a remessa de cópia das gravações da sessão de julgamento, bem como dos boletins de ocorrência, ao Ministério Público de Teotônio Vilela, onde teria acontecido o fato, bem como ao Delegado-Geral da Polícia Civil e ao juiz da Vara de Família de Campo Alegre, onde tramita ação versando sobre a guarda do bebê.
Elisa Azevedo