Em trânsito pelo Sertão Alagoano, o ciclista falou ao site Alagoas na Net.
Em sua terceira viagem por países da América Latina, o ciclista venezuelano Ricardo Guillén Rincons, de 38 anos, esteve de passagem por Alagoas durante a noite da última quarta-feira (7), e devido a uma parada obrigatória, já que o pneu de sua bicicleta furou quando passava pela rodovia BR 423, próximo a cidade sertaneja de Delmiro Gouveia, o atleta acabou armando sua tenda no pátio de um Posto Fiscal a beira da estrada.
Com exclusividade, a reportagem do Alagoas na Net acompanhou a rápida parada do atleta e durante uma conversa, Ricardo falou um pouco sobre seu sonho de conhecer o Continente Americano. O venezuelano relata que saiu de sua cidade natal Bezuma, no estado de Carabobo, em setembro do ano passado.
A partir de Roraima, Ricardo passou pelos estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, até chegar a Alagoas, por volta das 16 horas desta quarta-feira.
Quando chegamos a seu encontro, o ciclista revelou ser fotógrafo de profissão e estava acabando de consertar o pneu de sua parceira de milhares de quilômetros. Conforme relatou, teve que percorrer cerca de três quilômetros até chegar àquele local, onde pediu ajuda a um caminhoneiro, que não lhe negou solidariedade.
Sonho de criança
Guillén lembrou que essa é primeira vez que passa pelo Nordeste. De acordo com ele, o sonho de viajar de bicicleta por outros países aconteceu quando ainda era criança. “Quando ia às bibliotecas e via os mapas já imaginava em viajar por esses países”.
Ele fala com orgulho e alegria sobre os países que já conheceu e a vontade de conhecer outros mais. O venezuelano já percorreu os 13 países da América do Sul e mais o Panamá, na América Central.
Bons e maus momentos
“Não é uma missão fácil, mas é muito gratificante, pois a cada dia realizo o meu sonho que é conhecer novas culturas, outros costumes e as diferentes paisagens”, relata Guillén, que na condição de fotógrafo gosta de registrar os momentos, que também serve com renda para custear a viajem. “Ao invés de apenas pedir ajuda aos outros, que também me ajudam com alimentos e água, aproveito para vender as fotos para outros custos”, disse.
Perguntado sobre os piores momentos em que passou durantes as suas viagens Ricardo Guillén diz que o pior deles aconteceu no Brasil, durante a sua primeira viagem, no ano de 2000, quando foi atacado por assaltantes a mão armada e teve que fugir para não morrer.
“Outra situação que me deixou bastante preocupado aconteceu na Argentina, quando minha bicicleta quebrou e tive que andar mais de 20 quilômetros para encontrar uma ajuda, mas também conheci muita gente que me deu apoio, e isso me dá força para continuar o sonho”, disse Ricardo.
Admiração pelo Brasil
O fotógrafo viajante não escondeu o seu amor pela cultura e pelo povo brasileiro. “Já tinha vindo ao Brasil outras duas vezes, mas não ao Nordeste, e mesmo sendo um lugar onde as pessoas menos me compraram as fotos (risos), em compensação a recepção é sempre calorosa.
Instigado a falar sobre os seus maiores ídolos brasileiros, seja na música, no futebol, ou em qualquer outra área, o venezuelano não hesitou em responder: “Lula da Silva”. Guillén fez questão de lembrar a trajetória pobre em que o ex-presidente Lula teve que percorrer até chegar à liderança mundial a qual representa hoje.
Quanto a música, Ricardo diz gostar de Gilberto Gil e curte ritmos como o rock, sertanejo, forró e axé. E ao final lembra rindo que não poderia deixar de lembrar dos jogadores Ronaldo “fenômeno” e Ronaldinho.
Seguindo viagem
O venezuelano aventureiro agradeceu a atenção de nossa reportagem, mas disse que precisava armar a rede para dormir, pois acordaria cedo. Lembrou ainda que estava ansioso para conhecer o rio São Francisco, local que ir passar pela manhã ao ter que atravessar a ponte de Paulo Afonso, que divide os estados de Alagoas e Bahia.
Ricardo Guillén disse que ainda ia percorrer os estados da Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, São Paulo e por fim o Paraná, onde pretende seguir para a Argentina, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e voltar para casa. Em sua bike pouca bagagem: “Preciso de pouco peso, pois a caminhada é longa. Levo uma rede, pequena barraca, roupas e ferramentas para os consertos rápidos. Segundo ele não há previsão de chegada em casa, pois os imprevistos acontecem a todo o momento, mas diz não ter essa preocupação, pois para ele o principal é estar viajando e realizando o seu sonho.
Da Redação