Ela não lembra, mas, por alguns minutos, a dançarina Maria Zelma Araújo, de 57 anos, esteve “morta”. Tudo aconteceu de repente, no último dia 4 de novembro, após ela se apresentar em um espetáculo de dança do ventre no Teatro Deodoro, em Maceió. De repente o desmaio, que exigiu o socorro imediato do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a assistência prioritária no Hospital Geral do Estado (HGE).
“Ficamos todos desesperados, não sabíamos o que fazer. Nesse instante, a cortina fechou, a luz se apagou. Ninguém conseguiu mais festejar a nossa apresentação. Só queríamos que esse susto acabasse logo. Para o bem dela, os socorristas do Samu não demoraram a chegar. Eles viram os sinais vitais e rapidamente a conduziram para o HGE, que já tinha uma equipe preparada para cuidar dela. Foi um atendimento realmente especializado, o que salvou a vida dela”, recordou Karine Sadala, amiga de Maria Zelma.
O que aconteceu foi a temida “morte súbita”, que pode acometer pessoas de qualquer idade, inclusive jovens e adultos. O médico cardiologista do HGE Alex Vieira explica que a arritmia cardíaca é a principal causa, mas é possível também que aconteça após um acidente, uma agressão, o uso de substâncias ilícitas ou de medicamentos sem orientação médica. Também pode estar relacionada à formação de aneurismas, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e embolia pulmonar.
No caso de Maria Zelma, felizmente esse mal foi abortado, devolvendo-lhe a vida. Ela não se recorda exatamente quando e como se sentiu mal, mas afirma, com toda certeza, que antes disso não teve qualquer sinal de que algo tão grave estava prestes a acontecer. Também acrescenta que mantinha regularidade com as consultas com o médico cardiologista, uma vez que já era conhecida a sua hipertensão.
“Como controle, eu tinha cuidado com a minha alimentação, fazia caminhada, musculação, aeróbica, muay thai e a dança do ventre. Eu era muito ativa e nos meus exames nada indicava uma anormalidade. Quando eu acordei e me disseram que eu estava no HGE, eu levei um susto! Como assim? Aos poucos foram me explicando tudo e, à medida que o tratamento avançava, eu fui melhorando”, disse a dançarina, que tem um filho e reside no Tabuleiro do Martins, em Maceió.
Entre os profissionais que participaram dos cuidados cardiológicos está a enfermeira Renally Crystina, residente de Enfermagem em Emergência Geral e Atendimento Pré-Hospitalar da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). Ela conta que inicialmente o caso chamou atenção porque o socorro foi feito por um colega dela, o qual havia compartilhado que havia assistido um caso que considerou cinematográfico.
“Quando cheguei ao hospital e vi o nome dela, me contaram a história dela, eu liguei logo ao que esse meu colega havia compartilhado. Então, comecei a acompanhar todo o tratamento, desde o período que esteve entubada. Conversamos muito. Explicava os exames, os procedimentos e a importância de se alimentar. Fomos nos aproximando e nutrimos uma relação muito boa, o que acredito que também a ajudou a superar esse momento difícil”, acredita a enfermeira.
Após todo processo investigatório que buscou entender a causa da repentina parada cardiorrespiratória, que inclui a realização do cateterismo cardíaco, o uso das medicações necessárias, bem como a atuação da equipe multidisciplinar especializada, Maria Zelma recebeu alta hospitalar. Foram 14 dias internada na Unidade de Dor Torácica (UDT) e Área Verde, o suficiente para também reverter a imagem que tinha do HGE.
“Antes de precisar do HGE, eu tinha uma imagem muito negativa. Hoje eu posso afirmar que isso não é verdade, mostrando a minha história. Não tenho o que reclamar do atendimento que recebi. Por isso, recuperada, fiz questão de voltar para registrar a minha gratidão e dar um abraço nessa enfermeira que trabalha com coração por todos os seus pacientes, entre eles, eu”, falou a mãe de família com emoção.