Condições básicas na saúde infantil
12 outubro 2019
Há muito tempo, entidades de diversos setores como saúde, educação e economia comprovam através de dados, fatos e pesquisas a importância do acesso às condições básicas para uma vida digna. Em saúde pública, usamos o termo Determinantes e Condicionantes de Saúde para definir a estrutura de saúde de um indivíduo.
De modo geral, essa estrutura abrange desde as condições particulares de saúde e doença de cada um até o meio social e ambiental em que está inserido. Alguns dos fatores analisados são a idade e os serviços públicos, esses que iremos focar neste texto.
Em trabalhos antigos e recentes, entidades como a Organização Mundial da Saúde – OMS, o Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef e outros pesquisadores independentes apontam a relação entre o acesso que uma população possui aos bens e serviços e seu desenvolvimento social.
A pesquisa recente do IBGE evidencia uma melhora histórica no cenário social do Brasil, ou seja, analisando a longo prazo, melhoramos muito e ampliamos o acesso à esses serviços. Mas, infelizmente, ainda estamos distantes de qualidade que iguale as condições de oportunidade. Situações de moradias sem rede de esgoto, sem abastecimento de água ou sem coleta de lixo são a realidade de cerca de 42% das crianças brasileiras na primeira e segunda infância (crianças de zero a seis anos).
O ambiente que a criança vive nessas fases da infância influencia diretamente em sua saúde e desenvolvimento cerebral. Por exemplo, na primeira infância, é construída a base das habilidades cognitivas e de capacidade de aprendizagem que irão subsidiar a atuação da criança, no curto prazo, na escola e no resto da vida.
A infância precisa ser um período de aprendizado, de conhecimento e principalmente de oportunidades, porém acaba sendo um período de vulnerabilidade e influências negativas. Outro fator importante para a redução do desenvolvimento infantil [e social] é a discrepante desigualdade evidenciada nos lares de quase 10 milhões de crianças e adolescentes em situação de pobreza extrema, onde a renda per capita mensal é cerca de R$ 250.
Fica difícil para uma criança que cresce nessas situações buscar por oportunidades ou tentar competir em qualquer aspecto da vida. Sabemos então, a grande influência da saúde infantil no desenvolvimento de uma sociedade. Para começarmos a vislumbrar uma coletividade mais justa, evoluída e menos desigual é urgente a necessidade investimentos e esforços para a melhoria das condições básicas das crianças.