Comissão da Verdade inicia oitiva de depoimento de vitimas da ditadura em Alagoas

19 nov 2013 - 21:00


Durante seis meses serão tomados depoimentos para a construção da primeira memória escrita e gravada da comissão.

Advogada Ezir Colasso também foi ouvida pela Comissão da Verdade (Foto: Ascom Mulher)

Advogada Ezir Colasso também foi ouvida pela Comissão da Verdade (Foto: Ascom Mulher)

O ex-preso político e ex-vereador Fernando Costa e a advogada Ezir Colasso foram os primeiros ouvidos pelos integrantes da Comissão Estadual da Memória e Verdade Jayme Miranda. A oitiva de depoimentos aconteceu nesta terça-feira (19) no auditório no Museu da Imagem e do Som (Misa), em Jaraguá.

Coordenados pelo presidente da comissão cônego Manoel Henrique, os trabalhos tiveram início com o depoimento da advogada Ezir Colassa, irmã do militante do Partido Comunista do Brasil, Rubens Colasso. Em seu pronunciamento, ela afirmou que por ser irmã de Rubens Colasso sofreu várias situações de agravo em detrimento do regime militar.

“Eu, como simpatizante do Partido Comunista do Brasil, ajudava em várias situações. Ele me aconselhou para não adentrar muito nas particularidades políticas porque não se sabia o dia de amanhã”, frisou. Ezir relatou ainda que seu irmão, por ser contra a ditadura militar e defender uma sociedade justa e igualitária, foi barbaramente torturado.

“Foi muito difícil viver no regime militar, lembrando que devido à militância política muita gente foi obrigada a sair do país. Outros chegaram a perder a vida lutando contra a ditadura. Meu irmão Rubens Colasso, apesar de ser torturado, nunca perdeu linha de conduta ou mudou sua maneira de ser”, assinalou.

O cônego Manoel Henrique explicou que o trabalho da comissão é importante porque começou ouvir pessoas que têm algo a contar sobre suas vidas ou de familiares a exemplo de constrangimento, tortura, desaparecimento ou morte durante a ditadura militar.

“O que ficou provado; eram homens e mulheres idealistas, sobretudo jovens que pensavam e queriam o Brasil diferente”. Ele informou que durante seis meses haverá tomadas de outros depoimentos para que, ao final desse período, seja construída uma primeira memória escrita e gravada para uma primeira avaliação do trabalho da comissão.

A reunião contou com a participação do procurador da República aposentado Delson Lyra da Fonseca, do advogado Everaldo Bezerra Patriota, da professora universitária Maria Alba Correia da Silva, e da economista e presa política durante a ditadura militar Maria Yvone Ribeiro e Eduardo Davino. Também participaram do encontro o superintendente de Direitos Humanos, Geraldo Majella; a presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas, Janesmar Cavalcanti, e o deputado estadual Judson Cabral.

Por Marcos Jorge / Agência Alagoas

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