Combater a violência: qual a solução?
6 outubro 2013
Desde os primórdios da humanidade que se tem notícia de que há uma incessante tentativa de domínio de uma classe sobre a outra.
No Brasil, por exemplo, os primeiros colonizadores já chegaram impondo a mais antiga forma de violência: a escravidão. Primeiro com os índios e em seguida com os negros, dessa forma se constitui a sociedade brasileira.
A soma do trabalho escavo e a colonização mercantilista resultou no surgimento do coronelismo e das oligarquias, com seus grandes latifúndios e concentrações de renda.
Em relação ao Nordeste, a violência esteve marcada com maior evidência no campo, onde famílias tradicionais disputavam uma hegemonia territorial e política. Com isso criavam suas milícias, os conhecidos capangas; e o pequeno produtor, no fogo cruzado, não tinha muita escolha na disputa; ou se aliava a uma das oligarquias, ou fugia ou entrava na espingarda.
Os tempos mudaram; se modernizaram; a população anteriormente forte migrou para a zona urbana de forma rápida, onde ocorreu o chamado êxodo rural. Quem veio em busca de soluções só encontrou mais problemas, entre eles as mais diversas formas de violência.
Ao invés de crescerem; desenvolverem, as cidades incharam e as favelas são uma realidade em todo o Brasil, onde o que não falta são problemas.
Ao longo dos mais de quinhentos anos de existência, os governos oligárquicos brasileiros, com o aval das grandes potências internacionais, foram incapazes de mudar o quadro de miséria -por maldade ou incompetência – que por si só já é uma forma brutal de violência.
Diante deste quadro caótico em que nos meteram, resta-nos perguntar: “decidiremos nos unir em busca de soluções, das quais já tivemos promessas de reis, marechais e salvadores da pátria, ou vamos continuar numa acomodada inércia e achando que um dia, como num passe de mágica, vamos dormir e acordar no paraíso?”
Por fim, a pergunta principal do momento: “combater a violência, qual a solução?”
Para alguns a resposta está na ponta da língua: “mata esse infeliz, porque bandido bom é bandido morto”.
Como costumo dizer por aqui: “desde que me entendo de gente que se mata “bandido” e a cada dia só tenho visto aumentar o número de pessoas que são assassinadas em decorrência da violência. Isso se referindo apenas a violência relacionada ao banditismo, onde a droga está cada vez mais presente”.
Mas, se formos relacionar esses crimes as violências domésticas, sexuais, de fome, de desemprego, de alcoolismo, preconceito ou de corrupção, com certeza entraremos num labirinto onde acabaremos nos enrolando cada vez mais.
Nesta cidade em que nasci e vivo: Santana do Ipanema, no Sertão alagoano, onde convivemos pouco mais de 45 mil habitantes, há alguns anos atrás não se imaginava que se matasse tanto por aqui, e que o crime se tornasse tão banal.
Não é necessário ter números exatos para saber que o índice de violência em nosso município é altíssimo.
Em contrapartida os índices sociais são baixíssimos. Temos um déficit habitacional muito alto; muitas pessoas vivem na linha da miséria; temos pouquíssimas creches; nenhuma escola de tempo integral; zero de políticas públicas para esportes e cultura, além do alto índice de desemprego.
Vemos entrar e sair governante e nenhuma atitude ser tomada de forma impactante, a fim de que a violência diminua no município como um todo.
Já passou da hora de se unir, sociedade civil organizada, associações comunitárias, religiões, clubes de serviços, estudantes e poderes constituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário, num pacto de combate à violência, a curto e longo prazo.
Todos somos responsáveis. Resta saber se teremos coragem de assumir a responsabilidade sobre o problema, onde cada um renuncie a algo ou se doe, em prol de nós mesmos; ou estaremos fadados a se perpetuar em constantes reclamações, onde será sempre mais simples apontar o dedo para o outro.
Blog do Sérgio Campos