Senador Fernando Collor (PMDB-AL) bate duro, na tribuna do Senado, no procurador geral da República, Roberto Gurgel; “Alguma orquestração paira sobre essa denúncia inepta, que parte de quem está partindo”, disse; o ataque foi uma forma de defender a candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) diante do processo que deve ser aberto, a pedido de Gurgel, no STF; “Não te mete nessa, Renan”, disse, antes, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), convidando, sem sucesso, o colega a renunciar à sua candidatura; ao final dos discursos, Renan e seu adversário Pedro Taques (PDT-MT) ocuparão a tribuna.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu, da tribuna do Senado, a renúncia do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) à sua candidatura à presidência da Casa. “Não te mete nessa, Renan”, disse Simon, que prevê uma crise institucional com a eleição do colega de partido. O Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, tem processo pronto contra Renan para dar entrada no Supremo Tribunal Federal. A acusação é o uso de laranjas para a compra de um grupo de comunicação de Alagoas — a mesma acusação que levou Renan, em 2007, a renunciar à presidência do Senado.
Em seguida, porém, o senador Lobão Filho (PMDB-MA) fez a defesa de Renan. “A coragem é para poucos homens”, disse ele, incentivando o colega a manter sua posição. “É direito constitucional do PMD eleger, porque tem maioria, o presidente do Senado. Acho que escolhemos bem o senador Renan Calheiros”, completou Lobão Filho.
Abaixo, notícia anterior de 247:
247 – O senador Renan Calheiros, do PMDB, começa a desfrutar do gosto adocicado da desforra. Ele é o franco favorito para, ainda na manhã de hoje, ser eleito por seu pares como presidente do Senado, depois de ter optado pela renúncia, em 2007, para não ser cassado em razão de acusações de ter usado laranjas para comprar um grupo de comunicação em Alagoas. Seu único adversário, Pedro Taques, do PDT, incomodou, mas não deverá reunir os votos necessários para fazer frente a ele. O eleito será presidente da Casa pelos próximos dois anos, o que o torna peça estratégica na sucessão presidencial de 2014.
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) foi a primeira a discursar. O interesse do partido, com quatro senadores, é presidir uma casa comissões da Casa. Ela manifestou o apoio de sua bancada a Taques. “A forma como o PMDB conduziu o debate nos levou a essa posição”, explicou ela.
O senador Cristóvam Buarque (PDT-DF) iniciou seu discurso às 10h35. Ele começou por elogiar a presidência de José Sarney no Brasil, mas disse que “precisamos admitir que a imagem do Senado, hoje, não está melhor do que estava há dois anos atrás”. Para ele, “há uma unanimidade de sentimentos pela renovação, e o nome para encaminhar essa renovação é o do senador Pedro Taques”.
Assim como o de Lidice da Mata, o discurso de Cristóvam igualmente não despertou grandes atenções entre os senadores. Enquanto os dois oradores falavam, os políticos estavam conversando em grupo, de pé, no plenário, certamente alinhando os últimos detalhes de suas articulações. “Ficamos acabrunhados diante de como o Brasil vê a nossa imagem”, finalizou Cristóvam.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) reclamou das conversas entre os políticos. “Do que jeito que está é ridiculo. O cara está falando e ninguém está prestando atenção. Esta fazendo papel de bobo”, cravou Simon, pedindo a Sarney para que exija silêncio entre os senadores. “Está uma balbúrdia. Não ouvi nada do que o senador Cristóvam falou”.
Após a puxada de orelha, a palavra vai para o senador Vital do Rego (PMDB-PB). Ele é o primeiro a defender a candidatura de Renan Calheiros. O candidato chegou ao plenário do Senado às 10h43, cumprimentando os políticos.
“Vossa Excelência pacificou essa Casa, trouxe modernidade e transferência para o Senado”, disse Vital do Rego referindo-se a Sarney. “Mas Vossa Excelência não estaria nessa cadeira se não fosse o PMDB”.
“A ética na política veio para ficar”, disse, em seguida, também na tribuna, o senador Rodrigo Rollemberg (PDT-DF). “Por isso, vamos votar em Pedro Taques”.
O senador João Capiberibe (PSB-AP) fez um dircurso mais duro. “Oxigenar o Senado é uma necessidade de sobrevivência”, disse ele. “O Senado é refém do Executivo e vê a Suprema Corte a corrigir os nossos erros”, completou.
Pelo PMDB, o senador Sérgio Souza (PR) ocupou a tribuna para defender Renan. “Acompanhamos pela imprensa as questões do momento, que se referem muito mais à vida particular do que pública do senador Renan Calheiros. Sua competência será fundamental para o Senado”.
Apoiador da candidatura de Pedro Taques, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB/SE) iniciou seu discurso dizendo que Sarney cumpriu uma “presidência primorosa” na Casa. Para ele, Taques daria continuidade ao trabalho desenvolvido. “O embate que vai se dar no voto representa o desejo de que a escolha da Mesa seja o desejo da maioria do Senado”, completou. Para ele, “um mesmo partido governando a Câmara e o Senado desequilibra as forças no Congresso”, avançou, referindo-se ao favoritismo do PMDB para eleger Renan net sexta-feira 1 e, na segunda-feira 4, o deputado Henrique Alves (RN) para presidente da Câmara.
Pelo PSDB, Álvaro Dias (PR) informou que o partido entregou um documento ao candidato Pedro Taques com reivindicações para serem levadas em conta durante sua gestão. “É preciso reconhecer que há motivos para o achincalhe do Senado pela sociedade”, disse. “Nós confiamos na postura ética do senador Pedro Taques para levar essa Casa para um novo tempo”.
Brasil247