Cérebro pode ‘recrutar’ diferentes regiões neurais para aumentar concentração

22 abr 2013 - 16:58


Foto: Kiyoshi Takahase Segundo/Getty Images/iStockphot

Foto: Kiyoshi Takahase Segundo/Getty Images/iStockphot

Uma pesquisa da Universidade da Califórnia, em Berkeley, mostra que quando uma pessoa perde algo, sejam lentes de contato, chaves do carro ou um amigo na multidão, seu cérebro é capaz de “recrutar” diversas regiões neurais, ligadas ou não à visão, para ajudar na busca. O estudo foi publicado online neste domingo, no periódico Nature Neuroscience.

“Nossos resultados mostram que o cérebro é muito mais dinâmico do que nós pensávamos, realocando recursos rapidamente de acordo com as necessidades e aumentando a precisão com a qual realizamos tarefas relevantes”, afirma Tolga Çukur, principal autor do estudo.

Isso significa que se uma pessoa está procurando uma criança em uma multidão, partes do seu cérebro que normalmente se dedicavam a reconhecer objetos, ou mesmo áreas relacionadas ao pensamento abstrato, trocam de função para se juntar ao “grupo de busca”. O cérebro se transforma rapidamente em um “buscador de criança” altamente focado, redirecionando recursos normalmente empregados em outras funções mentais.

“Ao planejar um dia de trabalho, por exemplo, a maior parte do cérebro está voltada para o processamento de tarefas e objetivos. Ao procurar um gato, a maior parte do cérebro se torna envolvida no reconhecimento de animais”, diz Çukur.

Pesquisa — No estudo, foram utilizadas imagens de ressonância magnética para observar a atividade cerebral dos participantes. Em um dos testes, os voluntários deveriam apertar um botão quando uma pessoa aparecesse em um vídeo. No segundo, eles deveriam fazer o mesmo ao ver algum veículo.

Os pesquisadores mediram a atividade neural em diferentes regiões do cérebro dos participantes e analisaram como elas reagiam a diferentes categorias de objetos e tipos de ação que apareciam nos vídeos. Eles observaram que, quando os participantes estavam procurando pessoas, uma quantidade maior de áreas do cérebro estava voltada para humanos e, quando procuravam veículos, mais partes do cérebro estavam ocupadas com essa função.

Áreas normalmente envolvidas com o reconhecimento de categorias visuais específicas — como plantas ou prédios, por exemplo — se modificaram e se voltaram para o reconhecimento de pessoas ou veículos durantes os testes. Assim, aumentava-se a área cerebral empenhada na busca. “Essas mudanças ocorrem em diversas regiões do cérebro, não apenas aquelas relacionadas à visão. As maiores mudanças foram observadas no córtex pré-frontal, que normalmente se relaciona ao pensamento abstrato, planejamento em longo prazo e outras tarefas mentais complexas”, afirma Çukur.

A descoberta ajuda a explicar porque as pessoas sentem dificuldade em se concentrar em mais de uma tarefa ao mesmo tempo, além de contribuir para os conhecimentos de comportamento neuronal e déficits de atenção.

Por Veja

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