Essa hora, quando dia amanhece,
veste o chapéu o cabra da peste
e alumia a cocuruta do Nordeste,
os pés abrem vincos no espaço,
e o cabra bota vida sob o braço
vai cabra saindo mundo abaixo,
vai assobiando alegre um baião:
vida assim só mesmo no sertão,
vida assim só mesmo no sertão.
Na velha Grécia,
Platão mostrou
“A República”.
Ainda jovem,
era uma menina,
logo cresceu.
República
viu o feijão
e o sonho.
e Platão,
o filósofo,
tão feliz.
E, quando feita,
República viu
mundo: um rio.
Não haverá noite
nem roubo de flores.
Silêncio não haverá,
e segunda noite jamais.
Nas flores não se pisará
nem maltratarão os cães.
Nem o forte nem o frágil
ousará cruzar o portão.
Ninguém roubará a luz
nem acenderá o medo.
Tampouco arrancará a voz
sem que lute a esperança.
N”A República” de Plantão,
cavalo pula, foge do teste,
cabra bebo tomba, não cai,
a cara do sol é luz do chão,
e vida assim só no sertão.