Na primeira semana, foram alcançadas 203 mil pessoas, com 723 compartilhamentos e duas mil curtidas. Mas foram os depoimentos que puxaram para cima o gráfico que aponta o grau de aceitação.

Luiz Geraldo Monteiro conta que teve o irmão morto num grave acidente ocorrido em Maceió (Fotos: Reprodução / Detran-AL)
Com o objetivo de conscientizar os condutores de veículos sobre os riscos da combinação bebida + direção, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/AL), lançou a campanha: “Quando a gente para você, mais vidas seguem em frente”, que marca os três anos na Lei Seca no Estado. A campanha fica no ar até o dia 31 de agosto e está sendo veiculada nos principais canais de comunicação de Alagoas: rádios, TVs e portais de notícias.
O destaque vai para os números que mostram uma redução no índice de mortes no trânsito e os depoimentos de uma vítima, de um parente de vítima e de dois familiares de servidores que trabalham na Operação Lei Seca. Os depoimentos emocionam e apelam para a gravidade dos riscos de beber e dirigir. Em Alagoas, a Operação Lei Seca é coordenada pelo servidor do Detran Antônio Monteiro.
Nas redes sociais, os resultados têm sido os melhores possíveis. Na primeira semana, conforme monitoramento, foram alcançadas 203 mil pessoas, com 723 compartilhamentos e duas mil curtidas. Mas foram os depoimentos que puxaram para cima o gráfico que aponta o grau de aceitação da campanha.
Os depoimentos ainda deixam claro que o objetivo da Operação Lei Seca não é prender e multar, mas preservar vidas. Isso ocorre quando um condutor embriagado é parado na operação e obrigado a entregar as chaves do seu veículo. Depois desta ação, ele não corre mais o risco de morrer nem de matar no trânsito.
Os que que mais comoveram e chamaram a atenção na campanha foram os de Henrique Ayres e Luiz Geraldo Monteiro. Num vídeo de um minuto, Henrique Ayres conta que, após sofrer dois acidentes e perder um olho, só tomou consciência dos riscos que corria em beber e dirigir quando foi parado pela Lei Seca, preso, algemado e levado para uma delegacia de polícia, procedimentos estes que estão previstos no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Já Luiz Geraldo teve o irmão (Daniel Monteiro) morto num grave acidente ocorrido em Mangabeiras. Em seu depoimento na campanha, Luiz Geraldo chama a atenção para os grupos que se organizam no WhatSapp para revelar onde há Operação Lei Seca. O objetivo é avisar os amigos para que evitem a abordagem e continuem bebendo e dirigindo. “Muito cuidado com isso. A vítima pode ser você ou um parente seu, como foi, dessa vez, o meu irmão”, alerta.
“Dirigir é bom. Tomar bebida alcoólica, pra quem gosta, é divertido muitas vezes. Mas o pior é que você pode fazer muitas pessoas sofrerem quando você não tem a responsabilidade de verificar que não tem condições de conduzir um carro e de matar outra pessoa. Nunca mais na vida você vai ter paz. Se em um momento de bebida você tem um ato desses, acabou a sua paz pro resto da vida e a de outras famílias. O que eu tenho a dizer para os jovens é para pensar bem, ter um pouco de paciência e um pouco de coragem em dizer ‘não vou fazer isso’, orientou Luiz Geraldo.

LG também alerta para o perigo dos grupos de WhatsApp que informam sobre as operações policiais (Foto: Reprodução / Detran-AL)
Números
Um dos grandes ganhos da operação Lei Seca em Alagoas é a mudança no comportamento da sociedade. A prova disso é o comparativo de junho de 2015 em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados mostram uma redução de 40% no número de mortes por acidente de trânsito e um aumento de 400% nas autuações por embriaguez. A Operação Lei Seca se expandiu para o interior do Estado e isso levou ao crescimento 109% no número de abordagens.
“Estes dados traduzem em números a redução dos casos de acidentes fatais. Isso reforça a nossa satisfação em trabalhar pela preservação da vida. Precisamos cada vez mais de um trânsito mais humano. E é para isso que os servidores abnegados do Detran de Alagoas que integram a Lei Seca estão nas ruas. Da mesma forma, os policiais militares do Batalhão de Trânsito. O reflexo dessa dedicação e da força desse trabalho vem nesses depoimentos que a mídia vem divulgando e também as redes sociais. Trata-se da fala verdadeira e sincera de quem foi parado pela Lei Seca e defende essas abordagens para que a vida siga em frente”, disse Antônio Carlos Gouveia, diretor-presidente do Detran/AL.
Vez da família
“Uma campanha publicitária de sucesso tem necessariamente que gerar bons resultados. Só podemos comemorar uma campanha após analisar os dados positivos que ela gerou, mas temos plena convicção que esse conceito da campanha vai ser assimilado pela sociedade e isso vai gerar uma mudança de comportamento ocasionando um trânsito mais cidadão e salvando mais vidas”, afirma o publicitário Hermann Fernandes da Chama Publicidade.
Além de conscientizar os motoristas sobre as consequências em dirigir após ingerir bebidas alcoólicas, os filmes publicitários trazem um elemento até então desconhecido quando se fala em Lei Seca: os familiares de agentes que trabalham nas operações. Em um dos vídeos, Darcyane Tenório, filha de uma agente de trânsito, fala sobre a ausência da mãe em prol do trabalho e o que ela sente quando a mãe precisa se ausentar para salvar a vida dos filhos dos outros.
A agente de trânsito Fátima Buarque não sabia do depoimento da filha e se emocionou ao falar do trabalho que desempenha e dos efeitos positivos da Lei Seca para a sociedade.
“Quando saímos de casa, não sabemos o que vai acontecer. E cada vez que apreendemos um condutor embriagado temos a sensação de evitar que o pior aconteça e não só punir. O meu trabalho começa dentro de casa, conscientizando meus filhos de que nós não somos contra quem ingere a bebida alcoólica e sim de quem bebe e vai dirigir, aumentando o risco de acidentes no trânsito”, destaca Fátima Buarque.
Por Deraldo Francisco e Camila Guimarães / Agência Alagoas