Craibeiras em Santana do Ipanema (Foto: Sergio Campos / Alagoas na Net / arquivo)
Neste sábado, 23 de setembro, a Primavera se iniciou, após o final do inverno. Com isso, o Sertão alagoano, local onde eu nasci e nunca o abandonei, é para mim um glorioso local onde os frutos da “Mãe Natureza”, oriundo do Pai celestial, sempre nos oferecem muitas bondades e belezas.
Entre tantas plantas úteis e tão belas, a craibeira é uma das que mais se destacam na Primavera, apenas diminuindo o verdão e crescendo na cor amarela.
A Craibeira foi instituída como a árvore símbolo do estado de Alagoas, em 29 de abril de 1985, através do decreto estadual assinando pelo então governador Divaldo Suruagy.
Entre outros tantos destaques da caatinga, podemos citar o mandacaru e o xique-xique, que sempre estão próximos um do outro e que servem para alimentação animal.
Portanto, a Primavera irá se destacar até o dia 22 de dezembro, onde em seguida virá o Verão.
Diante deste grandioso destaque da Mãe Natureza, eu compus a canção “A Primavera Já Chegou no Meu Sertão”, onde o cantor Orlando Nobre, da cidade sertaneja de Carneiros, interpreta. Confira abaixo a letra desta canção e em seguida ouça também:
Primavera no Sertão (Sérgio Campos – 11/2018)
A primavera já chegou no meu sertão.
A craibeira começou a fulorá.
Que coisa linda, muito bela a natureza.
A mão perfeita faz aqui faz acolá.
_Refrão_
Ai que coisa bela, o meu sertão do pé de mandacaru.
Do xiquexique, do imbu e cajueiro,
do juazeiro, do pau ferro e mulungu.
A passarada faz a festa no anjico,
Na aroeira, barrigura, ouricuri.
De manhã cedo até o anoitecer,
O que se ver é muita vida por aqui.
A catingueira tá tão bela amarelinha, a Jitirana começou a azular, a cajarana imponente de se ver tá enfeitada de velame e mussambê.
Vitral da Igreja Matriz de Senhora Sant’Ana em Santana do Ipanema (Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net)
O mês de julho, que ao bem nos conduz, é dedicado a Nossa Senhora Sant’Ana e São Joaquim, os avós do nosso Mestre Jesus, que só nos trouxe amor em forma de luz.
Santana do Ipanema, cidade localizada no Sertão de Alagoas, comemora esta grande dádiva de Deus, entre os dias 17 e 26 de julho, que nos trás muita alegria, e com isso a paz em nossas almas só amplia.
Santa Ana e São Joaquim, pela glória do Pai Celestial, trouxeram para a Terra, Maria Santíssima, que através da intervenção Divina nos beneficiou com a chegada de Jesus Cristo, o maior visitante da Terra encarregado de Amor.
Oremos aos nossos dignos e honrados padroeiros, rogando paz, saúde e alegria o ano inteiro, para todos os nossos irmãos e irmãs do planeta Terra, local em que Deus nos concedeu como nosso grande roteiro.
Quando Deus mandou ao mundo Jesus Cristo, o nosso Mestre e Salvador, antes porém, Ele enviou uma grande e abençoada mulher para que ali brotasse um importante fruto, o Seu filho benfeitor.
Todos nós, independente de credo religioso, posição social ou de cor, viemos de uma grande guerreira que, mesmo diante de tantos tropeços e clamor, nunca nos abandonou.
Desde que o mundo é mundo, a história sempre mostrou, o quanto a mulher é para nós, uma linda e divina flor, que sempre está disposta a passar para seu fruto momentos de bom humor.
Desta flor, chova ou faça sol, mesmo diante dos muitos tropeços e da dor, nunca, em tempo algum, em sua alma faltou um enorme resplendor que gera uma porção infinita de amor.
A mais bela e benéfica luz, já enviada por Deus à Terra, chegou até nós há mais de dois mil anos, desde então, esta magnitude nos induz a refletir sobre o amor que tanto bem nos produz, vindo da mais importante alma, a quem consagramos o Cristo Jesus.
É bem verdade que os bens materiais nos seduz, demonstrando assim o quanto traduz a nossa pequenez, criando dificuldades para o nosso crescimento espiritual, o qual, se usarmos a fé, nos conduz ao caminho do bem, trazido por Jesus.
Mesmo demonstrando, na prática, que o seu Amor nos induz à salvação, por ser o maior e mais caridoso dos seres já estado ao nosso lado, na condição de humano, ainda assim o homem tentou apagar esta Divina Luz, usando da maledicência e prostrando-o numa cruz.
Ainda assim, provando que o seu Amor é incondicional e todas as suas atitudes só o bem nos traduz, o nosso querido e amado Mestre Jesus em seus últimos momentos na Terra pede que o Pai celestial perdoe atitudes daquela natureza, que só o mal produz.
Por todos os bons exemplos trazidos por Jesus, que durante esse tempo sua benevolência reluz, rogamos ao nosso Mestre que nos ilumine com sua santa Luz, para que assim possamos alcançar as graças que Ele traz de Deus, demonstrando para nós o quanto só o bem reproduz.
Estátua do ex-prefeito Adeildo Nepomuceno Marques, situada na Avenida Dr. Arsênio Moreira, em Santana do Ipanema (Foto: Lucas Malta / Cortesia)
Já era noite do dia 3 de março de 1969, eu tinha apenas 8 anos de idade, quando meu pai me levou, juntamente com alguns dos meus irmãos, para vermos a chegada da água encanada em Santana do Ipanema.
Era um momento bastante festejado, visto que até então nós bebíamos água salobra das cacimbas do rio Ipanema, que chegava em nossas residências no lombo de jumentos.
O primeiro reservatório d’água da cidade foi construído na subida do morro que tempos depois passou a ser chamado de Alto da Fé.
Muita gente se aglomerou nas proximidades do cano por onde a água escaparia sempre que o reservatório enchesse. Naquele dia a água foi liberada propositadamente, jorrando forte, para que algumas pessoas que ali estavam comemorando a conclusão da obra pudessem tomar o banho inaugural, uma espécie de batismo da população pela luta em favor da chegada da água encanada em nossa cidade.
O que mais me impressionou naquele momento histórico, fixando em mim, até os dias atuais, a mais viva lembrança que guardo daquele evento, foi a imagem de uma pessoa bastante conhecida da nossa comunidade. Ele estava tomando banho sob o jorro d’água. Era José Abdon, funcionário do Banco do Brasil, que, naquele momento, expressava a alegria de toda a população santanense com a chegada da água do São Francisco.
O dia da vitória (3° mandato)
Era início da noite de 15 de novembro de 1973 quando uma grande carreata comemorava a terceira vitória de seu Adeildo Nepomuceno Marques para a prefeitura de Santana do Ipanema. A cidade estava às escuras, pois, segundo se comentava, a administração municipal que o antecedeu não teria feito o pagamento da iluminação pública da cidade.
Eu tinha doze anos de idade e, juntamente com meu amigo Agnaldo Santana, saímos procurando vaga em um dos muitos carros que participavam daquela comemoração. No Centro da cidade, conseguimos embarcar no Jeep de seu Leuzinger, proprietário do Hotel Avenida.
Lembro-me de que percorremos várias ruas da cidade. Por onde passávamos as pessoas nas calçadas aplaudiam a caravana vitoriosa.
A fila
Já havia se passado um ano da terceira administração de seu Adeildo frente à Prefeitura de Santana, quando, numa manhã, eu caminhava pela Avenida Coronel Lucena e, ao me aproximar do prédio da Prefeitura, percebi que ali se formava uma fila enorme, em que praticamente todos eram pessoas muito jovens. Me aproximei e perguntei sobre o motivo daquela fila. Fui informado de que estavam distribuindo ingressos para o espetáculo do Circo Garcia, instalado exatamente por trás da residência em que eu morava, onde todos os circos que chegavam à cidade se instalavam (hoje no local existe o Mercado de Cereais). Entrei na fila, que se dobrava à saída da Prefeitura e se estendia pelas calçadas da vizinhança. Esperei a minha vez de ser contemplado.
Lá no final da fila, eu não podia ver quem distribuía os ingressos. Quando cheguei à reta de entrada do prédio da Prefeitura, pude ver que o responsável pela distribuição era o próprio prefeito. Senti um calafrio, fiquei acanhado, pois seu Adeildo era frequentador assíduo da mercearia do meu pai, João Soares Campos, localizada na Praça da Bandeira (atual Praça Adelson Issac de Miranda). Logo imaginei: “Poxa! se meu pai souber que eu estou aqui, vai brigar comigo”. Àquela altura não dava mais para sair da fila. Decidi baixar a cabeça e me aproximei dele com o rosto meio encoberto pelo braço estendido para pegar o ingresso do circo. Seu Adeildo me entregou o bilhete. Quando fiz menção de me afastar, ele colocou a mão na minha cabeça e disse: “Dê lembrança a João Soares”.
Uma noite tenebrosa
Já era madrugada de domingo, 29 de Janeiro de 1978, eu estava no Tênis Clube Santanense, participando da tradicional prévia carnavalesca. Foi então que a orquestra parou e informaram que o baile foi encerrado por causa da notícia que tinha acabado de chegar ao local: o ex-prefeito Adeildo Nepomuceno fora assassinado.
O local virou uma espécie de velório, ninguém sabia ao certo como aquilo havia acontecido. Fomos todos para a praça, apreensivos, a fim de obter maiores informações.
Não demorou muito para que as ruas de Santana ficassem cheias de gente. Todos queríamos informações detalhadas sobre aquele sinistro acontecimento.
*
Em breve estará em alguns pontos de distribuição e venda o livro em que os autores, Sérgio Soares de Campos e Fernando Soares Campos, além dos colaboradores, contam os principais episódios das atividades políticas, com alguns relatos no âmbito pessoal, de Adeildo Nepomuceno Marques: um carismático líder sertanejo.
Não foram poucas as vezes em que nos vimos em momentos de monotonia, que nos levou a dúvida de qual seria o verdadeiro caminho a ser seguido para uma vida equilibrada e cheia de alegria, moldada na segurança e na harmonia.
Mas, todas as vezes em que nos encontramos em uma situação de escuridão profunda, onde nada parece favorecer-nos, é que nos vem à luz a necessidade de novas atitudes, com o intuito de, intimamente, renascermos.
A elevação do pensamento, rogando orientação ao Senhor, nos leva a crer que podemos sim nos melhorar, e assim termos uma enorme razão de novos e bons caminhos percorrermos, para, saindo daquele imenso amargor, o amor do Pai conhecermos.
A força da oração nos mostra o tamanho da nossa ligação com o Criador, que nunca, em momento algum, nem mesmo quando demonstramos imensa ingratidão e desprezo, nos abandonou, manifestando assim o seu infinito amor.
Entre tantas provas da Sua bondade, onde podemos citar as belezas da natureza, o Divino Pai Eterno nos encaminhou o seu amado filho Jesus, na condição de orientador a um mundo onde seus habitantes pareciam não se preocupar tanto com o verdadeiro Salvador.
A maior referência de humildade, o Cristo trouxe-nos o Evangelho, como o melhor roteiro, para que possamos alcançar uma vida cheia de graça, onde as boas novas se refletem como meio de salvação, mesmo para quem acredite ter perdido toda a sensibilidade contida no coração.
Padroeiros de Santana do Ipanema, Sant’Ana e São Joaquim (Fotos: Lucas Malta / Alagoas na Net)
Nesta sábado, dia 17 de julho, Santana do Ipanema inicia as novenas em honra aos nossos Padroeiros São Joaquin e Senhora Sant’Ana.
O Dia de Santa Ana e de São Joaquim é comemorado em 26 de julho, data escolhida para celebrar a imagem dos pais de Maria Santíssima. Eles foram um casal que, graças à fé em Deus, pode receber um grande milagre em suas mãos.
Para homenagear este tão importante casal, que tem o símbolo de avós, eu fiz uma poesia demostrando o nosso respeito e amor a dois seres tão úteis a nossa comunidade, pois a sua história é de muita bondade..
Viva Senhora Sant’Ana
Eu sou santanense de coração
Neste mês de julho peço bençãos
A Nossa Excelsa Padroeira
E para isso, eu entro em oração
Bençãos derramadas sobre o Sertão
Enfeitam a Mãe Natureza
Que enche as nossas almas
De uma grande e útil riqueza
A Santa mãe da mãe de Deus
Nos protege de todos os males
Sejam meus ou sejam seus
Sem discriminar cristãos ou ateus
Desta Santa, enviada por Deus
Peçamos a sua bendita proteção
Para cuidar de todos nós
Nos trazendo amor e não paixão
Bendito seja São Joaquim
E Nossa Senhora Sant’Ana
Um casal que nos deu exemplos
Dos valores quando a gente ama
Quando maio chegou e a chuva anunciou seus benefícios ao sertão: “vai ter uma boa colheita, de milho abóbora e feijão”, o caboclo se alegrou, se ajoelhou, agradeceu a Deus, com o coração cheio de emoção, ergueu os olhos para o céu, estendeu as mãos, e com lágrimas nos olhos orou a Deus em forma de gratidão.
O sertanejo que vive desfrutando das benéficas da região desde a sua infância sabe que este ano terá tudo de bom em abundância, não apenas para ele, mas para toda a sua abençoada família, que desfruta da sua relevância, bem como a sua querida e respeitada vizinhança.
Mas não apenas os seres humanos sertanejos, que muitas vezes passam por longas estiagens, e sofrem as dolorosas circunstâncias, onde muitas vezes perdem a esperança, ficaram felizes com toda essa bonança, de tão grande relevância, onde os seus lares terão água e alimentos em abundância.
A seriema, com o seu belo cantar, deu o tom de uma admirável sinfonia, e com isso convidou seus parceiros, pintassilgo, galo de campina e coleirinha, que animados, se juntaram com azulão, e para animar ainda mais a ocasião, a nambu e o papa-capim convidaram o ferreiro e o canção, e assim, é dessa forma que canta alegre a passarada no sertão.
Enquanto isso, aproveitando esta tão rica maravilha vinda do Céu, em abundância, o mandacaru e o xiquexique afloraram para mostrarem aos seus parceiros catingueira, imbuzeiro, mulungu e craibeira, a felicidade ao sentirem os pingos da chuva que dessa forma muita beleza reproduz neste tão rico bioma, a caatinga brasileira.
Sobre Sérgio Campos
Sérgio Soares de Campos, nasceu em 11 de novembro de 1961, em Santana do Ipanema, Alagoas. Possui crônicas publicadas em sites e livros como: À Sombra do Umbuzeiro e À Sombra do Juazeiro. É membro idealizador e cofundador da Associação Guardiões do Rio Ipanema (Agripa). Criou o projeto musical Canteiro da Cultura, lançado dia 14 de dezembro de 2019.
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