03 Maio

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NAS ASAS CHUVOSAS DO MARIBONDO

Maribondo (Foto: B. Chagas – extraída do livro Repensando a Geografia de Alagoas)

Quem trafega da região de Santana do Ipanema (Sertão) para Maceió, via Palmeira dos Índios, sempre comenta: “pequei chuva em Maribondo”, (Agreste). Mas o que faz chover tanto em Maribondo? Primeiro vamos passar a vista no quadro abaixo, segundo Elian Alabi Lucci.

Os três principais tipos de chuvas são:

De convecção: que ocorrem devido ao movimento ascendente do vapor d’água que, ao entrar em contato com camadas mais frias, condensa-se e se precipita. Estas chuvas costumam ser violentas e abundantes, próprias de regiões tropicais e equatoriais, onde a evaporação é intensa, em virtude do forte aquecimento que elas sofrem.

Ciclônicas: Surgem em virtude do contato entre frentes quentes e frias. Este tipo de chuva é típico dos países de clima temperado.

De relevo: que têm origem graças à condensação do vapor d’água e a consequente precipitação pelo contato das nuvens com o ar mais frio das regiões de maior altitude. Nas vertentes contrárias, as mais regadas por este tipo de chuva, o ar apresenta-se bastante seco, provocando maior aridez. Um exemplo disto é o que ocorre no sertão nordestino devido ao anteparo montanhoso representado pelo planalto da Borborema.

Maribondo, portanto, recebe chuva de relevo também chamada orográfica, quase o ano todo. Essas chuvas daquele município que permitem criação de gado nas encostas e milho verde o ano inteiro, são provocadas pelas suas montanhas.

Mas também, seguindo a mesma BR-316, existe uma faixa no município de Dois Riachos onde menos chove. Essa faixa em linha reta vai sair nas proximidades de Jaramataia, na linha Batalha – Arapiraca, que por certo faz parte desse fenômeno particular e até agora ainda não estudado.

Além desta apresentação para universitários, chamamos atenção para pesquisadores que possuem recursos os mais diversos e que podem se interessar pelo tema, que tem tudo a ver com a dinâmica dos ventos.

Ê comadre! É comer buchada em Dois Riachos e milho assado em Maribondo.

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de maio de 2018

Crônica 1.893 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

02 Maio

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AS MARRADAS DOS CARNEIROS

Praça no centro de Carneiros (Foto: Assessoria / Prefeitura)

Mais uma auspiciosa notícia para o Sertão alagoano correu mundo, saída da tradicional Festa do Trabalhador na cidade de Carneiros, em sua 30a edição. A população municipal que não chega a 9.000 habitantes estava com 20 mil pessoas no último sábado de festa, quando recebeu a grande revelação do governador, segundo notícia da Agência Alagoas e dos sites da região.

A estrada de terra que liga Carneiros a Santana do Ipanema vai ser asfaltada com início nos próximos dias. O anúncio aguardado durante décadas fez vibrar a população carneirense e todas as comunidades sertanejas. Trata-se de um complemento asfáltico de 14 km, mas não foi dito o ponto em que o trecho que será asfaltado encontrar-se-á com a AL-230, se no antigo Campo de Aviação ou no sítio Moita dos Nobres.  

A cidade de Carneiros acha-se localizada a 304 metros de altitude e se encontra no trecho Olho d’Água das Flores, São José de Tapera, Senador Rui Palmeira, Olho d’Água do Casado, Piranhas e a própria Santana do Ipanema, de cujo município foi desmembrado em 11 de julho de 1962. A viagem, após o asfalto (a que chamamos por dentro) resumirá todo rodeio que é feito longamente por São José da Tapera e Olho d’Água das Flores, em um pulo de 30 minutos. Carneiros e Santana do Ipanema ganharão um formidável intercâmbio que refletirá fortemente na Educação, no Comércio e na Saúde, principalmente.

Nunca houve empenho das autoridades regionais no que tange a ligação direta Senador Rui Palmeira – Santana do Ipanema. Essa fatia de comunicação entre os dois maiores produtores de feijão, passaria pelo sítio mais rico do Olho d’Água do Amaro e o acesso a Carneiros. O comércio de Santana perdeu muito com essa falta de visão em que atrairia de vez Senador e Carneiros para seus negócios. Foi assim com Maravilha e Ouro Branco quando não havia o asfalto e o movimento era com Garanhuns, PE.

Portanto, o asfalto Carneiros – Santana vem como magnífico presente para ambos os municípios. Finalmente os Carneiros aplicaram supimpas marradas no passado.

Clerisvaldo B. Chagas 3 de maio de 2018

Crônica 1.892 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

01 Maio

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O EQUILÍBRIO BIOLÓGICO

Puma Concolor, também chamada de Onça Parda ou Suçuarana (Foto: Bas Lammers / Wikipédia)

Facilitando a vida do estudante, tentemos entender esse trecho, abaixo, extraído de livro didático, sobre o complexo da Natureza. Como nem sempre encontramos exemplos em belas narrações, diante de nós, compartilhemos então o exemplo dado pelos autores, cujos créditos estão no final da leitura.

Atualmente não somente o estudante quer aprender sobre a Natureza na Biologia, Ciências, Ecologia, Biogeografia, mas todas as pessoas e fora também do mundo didático, valorizando a prática. Seguindo o ditado de “quem ler sabe mais”, vejamos:

“Prejuízo: depende do ponto de vista”.

“Este caso aconteceu no planalto de Kaibab, Arizona (Estados Unidos), em 1907”.

“Na época, a população de veados na região era de aproximadamente 4 mil indivíduos. Com a intenção de aumentar essa população – pois a carne desse animal era apreciada como alimentos pelas pessoas –, iniciou-se uma caçada impiedosa aos pumas, coiotes e lobos, que são predadores, em vinte anos a população de veados aumentou para cerca de 100 mil indivíduos.

Mas a vegetação do planalto de Kaibab passou a ser insuficiente para alimentar tantos veados. O que aconteceu? Os veados comeram quase toda a vegetação natural e depois passaram a invadir lavouras, provocando prejuízos para a agricultura. Mesmo assim, por falta de comida, houve um aumento no número de mortes dessa espécie. O número de mortes por causa da fome até superou o de mortes pela ação dos predadores quando estes eram abundantes na região. Poucos anos depois, a população de veados praticamente se igualou à anterior, quando havia pumas, coiotes e lobos na região.

Resultado: a população de veados não aumentou com a eliminação de predadores; a vegetação da região foi praticamente destruída pela superpopulação de veados; pisoteado intensamente, o solo do planalto foi sendo compactado, o que prejudicou seriamente a agricultura da região. A fauna empobreceu devido ao desaparecimento de lobos, coiotes e pumas”.

BARROS, Carlos & PAULINO, Wilson. Ciências, o meio ambiente. São Paulo, Ática, 2011. 2a Ed. Pag. 48.

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de maio de 2018

Crônica 1.891 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

VIVA SÃO JOSÉ

Igreja de São José (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

Encerrar-se-á amanhã os festejos em homenagem a São José, padroeiro do bairro de igual nome em Santana do Ipanema. O Bairro São José, desmembrado do grande Bairro Camoxinga, abriga uma faixa de terra entre a BR-316, saída da cidade para o alto sertão – rumo oeste – e o rio Ipanema. É um bairro humilde que teve como núcleo principal a construção de um conjunto habitacional pertencente a COHAB e que se expandiu em todas as direções.

Basicamente a área é residencial com um comércio ainda insipiente. Mesmo sendo um bairro pequeno, encontramos ali a sua igreja própria, o Corpo de Bombeiros, escolas importantes oficiais e particulares, mercadinhos, padaria, vários artesãos famosos do couro, do ferro, do tecido e um sem números de profissionais autônomos como eletricistas, pedreiros, marceneiros e tantas outras profissões.

Sua Igrejinha foi inaugurada no dia 10 de maio de 1993, portanto, amanhã a igrejinha estará completando os seus 25 anos, ocasião em que estará encerrando os festejos que se iniciaram na última sexta-feira. Depois da intensidade desses dias vividos em toda plenitude, os atos amanhã terão início às 17h30 com Solene Celebração Eucarística. Após a Santa Missa, haverá procissão conduzindo as imagens de São José e de Nossa Senhora Conceição pelas ruas e avenidas da Comunidade.

No decorrer da Festa de São José, houve apresentações de corais, sorteios de prendas, barracas de lanche e os leilões defronte a igreja. Um parque de diversões e outros atrativos ocuparam a Avenida Castelo Branco, onde o fluxo automobilístico teve que ser desviado pelas ruas mais estreitas da chamada COHAB Velha. Praticamente todas as classes profissionais de Santana estavam presentes na festa do Santo como noiteiras.

E como sempre acontece nessas ocasiões, o Bairro São José, tão humilde quanto o próprio pai de Jesus, se agiganta na alegria terrena de seus habitantes e noiteiros e na intensa graça espiritual emanada do esposo de Maria.

Clerisvaldo B. Chagas, 30 e abri de 2018

Crônica 1890 – Escritor Símbolo do sertão Alagoano

REFORÇO RODOVIÁRIO SUPER

Iniício das obras belo monte. (Foto: Correio dos Municípios).

A região da grande Arapiraca possui dois atrativos bastante utilizados no lazer. Ali pertinho tem a cidade sanfranciscana de São Brás e na distante Coruripe, as praias marítimas de Miaí de Baixo e Miaí de Cima, preferências arapiraquenses. Os dois povoados pesqueiros ficam bem próximos à famosa Lagoa do Pau e à própria sede do município, Coruripe. No Sertão é diferente porque as praias marítimas ficam muito distantes.

Quem quer se dirigir aos balneários, no Médio Sertão, procura as cidades de Piranhas e Pão de Açúcar. Quem está no alto Sertão procura o cânion no município de Delmiro Gouveia. É que Belo Monte fica na contramão e muito longe, além do trecho sem asfalto que se estende de Batalha até aquela localidade.

Tendo Belo Monte como balneário de água doce, vamos encontrar à jusante em alguns poucos quilômetros, o povoado Barra do Ipanema, descoberta a centenas de anos e que possui a melhor praia de água doce entre todas. Barra no sertão quer dizer foz, desembocadura, desaguadouro, lugar onde um rio despeja suas águas; no caso, a foz do rio Ipanema.

O povoado Barra do Ipanema foi imortalizado através do livro “Ipanema, um rio macho”, da nossa autoria e agora por outro livro (inédito) “Barra do Ipanema, um povoado alagoano”, em fila de espera para publicação. Pois ultimamente os o noticiários anunciam o início das obras asfálticas até à cidade de Belo Monte, uma das duas cidades alagoanas sem esse benefício.

Em breve, portanto, o Sertão de Alagoas estará completamente interligado, por rede asfáltica, permitindo continuar com muito mais força a sua redenção turística, iniciada há algum tempo pela cidade presépio, Piranhas. E se Santana do Ipanema vai ganhar a maior estátua sacra do mundo, poderá ficar entre a reza à santa Ana, na serra Aguda, e o cangaço de Piranhas. Mas a Escola Cenecista Santana, há muito também já deveria ter entrado na rota do cangaço turístico, pois foi lá, como quartel, que saiu a ordem decisiva para o extermínio do cangaço no Nordeste.

Vamos aguardar o asfalto por aquela estrada tão larga e de terra, cercada da vegetação caatinga, de Batalha a Belo Monte.

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de abril de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.889

O QUE ESPERAR DOS PRÉDIOS OCIOSOS DE SANTANA

Casarão de primeiro andar está ocioso em Santana (Foto: extraída do livro “203”)

O normal é que um edifício fique fechado durante certo tempo, mas eternamente não. O prédio ocioso com tempo prolongado, só serve para invasão de marginais, destruição interna, deterioração e ameaças de desabamento para os passantes e outros prédios vizinhos. Neste momento em que o Comércio e a Prestação de Serviços acham-se em expansão, em Santana do Ipanema, Sertão alagoano, a falta de prédios é grande nos pontos estratégicos e os aluguéis vão à estratosfera.

Diante de tanta procura por edifícios para os mais diferentes ramos de negócios, como se justifica a ociosidade de prédios gigantes? O prédio onde funcionou o Posto de Puericultura, o casarão de Manoel Rodrigues da Rocha, o enorme prédio de primeiro andar vizinho à Igreja Matriz de Senhora Santana, O prédio do deus mercúrio e a escola Lions, no Bairro Floresta, o antigo matadouro, são alguns titãs dormindo na ociosidade.

Questões de tombamento, brigas de herança e outros problemas, não deveriam afetar o andamento econômico da urbe. O antigo prédio de puericultura abrigou relevantes serviços às crianças de Santana. Hoje ocioso vizinho a Caixa Econômica, vai de uma rua à outra. Que desperdício sem tamanho. Além dos edifícios citados, outros também não devem justificar as portas cerradas. Poderiam ser implantadas nesses lugares, clínicas médicas, pronto socorro, clínica de repouso, hotel, pousada, centro de estudo, memorial do rio Ipanema, cinema, comércio, convento, seminário, galeria e um sem fim de coisas importantes.

Por que a Prefeitura, como órgão chefe, não nomeia uma comissão de estudos para tentar resolver com seus donos essa lamentável situação? Até mesmo porque os edifícios citados, além do espaço ocioso, representaram a história fazendo juntos o desenvolvimento do município. Foram escolas, comércio, centros médicos, hotel, bibliotecas e residências de luxo.

Também não é apenas questão de o imóvel pertencer a particulares ou às entidades. Quando os interessados se unem para resolver determinada situação, o adjutório faz a força. É de se chorar ao saber sobre a estrutura da escola da Floresta. Bem que ali poderia ser o Memorial do Rio Ipanema.

Tudo na vida tem solução, menos a morte.

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de abril de 2018

Crônica 1.888 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

PARABÉNS AO PREFEITO E A SANTANA

Ravina no riacho João Gomes. Foto: (B. Chagas, extraída do livro inédito: “Repensando a Geografia de Alagoas”

Publicamente agradeço ao convite do Prefeito Isnaldo Bulhões e sua vice Christiane, em relação ao evento no Hotel Privillege. Tratava-se da apresentação oficial de projetos estruturantes para o município de Santana do Ipanema: Barragem João Gomes, Santuário Turístico Senhora Sant’Ana e pavimentações.

Cabe aos escritores o uso dos seus escritos para lutar por todas as melhorias do torrão natal. Exaltar, orientar, criticar, são verbos que se não usados pela causa da terra, desmerecem o escritor, levando-o à mediocridade.

Por motivos alheios ao meu desejo, perdi o evento e a oportunidade em primeira mão, de ficar bem informado sobre o projeto estruturante, não podendo falar muito sem conhecimento seguro.

Sobre a barragem no riacho João Gomes, para quem não sabe, é um afluente do rio Ipanema. Diz o nosso livro ainda inédito: “Repensando a Geografia de Alagoas” que o riacho João Gomes nasce no sítio Tingui, rodeia a cidade com distância aproximada da sede, em 3 km e vai despejar no rio Ipanema no sítio também João Gomes, percorrendo ao todo cerca de 10 km. O comentário que ouvi é que a barragem será a maior do município. Como perdi o evento, fiquei desinformado em que sítio será essa barragem. Desde já antevejo sua serventia para o homem rural e desejo estar presente na inauguração.

Sobre o banho de asfalto que vem aí para a nossa cidade, é sair do passado e entrar no presente, pois quem não sabe dos inúmeros benefícios do asfalto e a mudança geral da paisagem? A própria sinalização já insinua a cidade como pequena capital. A valorização é um atrativo para empreendimentos oficiais e particulares jamais imaginados que surgirão.

Quanto ao santuário da serra Aguda, fará desenvolver mais ainda o Bairro Floresta onde estão o Hospital e a UFAL. Meu sonho era construir a imagem no serrote do Cruzeiro com 35 metros de altura, baseado na torre da igreja Matriz. Mas (ainda por comentário) se a imagem de Santa Ana vai ficar com sessenta metros de altura, será a maior estátua sacra do mundo.

Outros comentários não cabem numa crônica. Mais uma vez, vênia pela minha ausência no “Hotel Privillege” (outro arrojado empreendimento particular). E, coerentemente, parabéns ao prefeito Isnaldo Bulhões e sua vice Christiane. Três magníficas obras para Santana do Ipanema.

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de abril de 2018

Crônica 1.887 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE SANTANA DO IPANEMA

Praça João Pessoa entre 1933 e 35 (Foto: Extraída do livro “230”)

Hoje estamos comemorando a passagem de Santana do Ipanema, à categoria de Vila. Passaram-se 88 anos da sua fundação (1787) até chegar a essa condição. Foi em 24 de abril de 1875, que o povoado freguesia foi elevado à vila quando no Brasil ainda governava D. Pedro II. E o povoado freguesia que se chamava “Sant’Anna do Panema”, passou a se chamar “Sant’Ana  do Ipanema”. Passaram-se, então, 46 anos para que “Sant’Ana do Ipanema” fosse elevada à categoria de cidade.

“Sant’Ana” foi elevada à categoria de cidade, em 31 de maio de 1921, por Lei N0 893. Essa lei foi sancionada pelo governador em exercício, Padre Manuel Capitulino de Carvalho e que fora intendente de Santana entre 1914-1915. Daí em diante “Sant’Ana do Ipanema, passou a ser definitivamente “Santana do Ipanema”. Essa transição aconteceu na gestão municipal do intendente Manoel dos Santos Leite. Logo no ano seguinte, 1922, Santana do Ipanema ganhou luz elétrica proveniente de força motriz. Havia sido criada a “Empreza Municipal de Força e Luz” funcionando no final da Rua Barão do Rio Branco e depois onde hoje é a Câmara de Vereadores, prédio construído para àquela finalidade.  

Durante a fase de vila e por vários anos como cidade, os dirigentes municipais eram colocados pelo governo com o nome de intendente. Não havia eleição e o intendente nada mais era do que um ditador. O primeiro dirigente municipal com o nome “prefeito”, foi o cidadão José Xisto Gomes e que governou Santana no ano de 1932. Se o prefeito, então, era chamado de intendente, os antigos vereadores eram denominados conselheiros. E câmara era chamada de paço.

A democracia continuada mesmo só veio a começar em 1948 com a eleição em que saiu vencedor a prefeito o coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão. Lucena foi prefeito de Santana na gestão 1948-50, renunciou para ser deputado e também foi prefeito de Maceió.

Foi Lucena quem extinguiu o primeiro cemitério de Santana, no Bairro Monumento, erguido pelo padre Veríssimo no final do século XIX.

Foi ele ainda quem construiu o atual Mercado de Carne e que ainda hoje existe.

Essa é a minha terra.

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de abril de 2018

Crônica 1.886 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

DANÇA DO COCO EM PIÇABUÇU

Foto: Suanpa / Pixabay / Reprodução

Notícia alvissareira, a reabertura da Cooperativa do coco, em Piaçabuçu, no Baixo São Francisco. Cooperativa que estava parada há 12 anos e recomeçou o seu trabalho em 2016. Com máquinas modernas e grande investimento, a cooperativa veio com tudo e trabalha a pleno vapor.

A “Copaíba” produz 110 a 270 toneladas/mês. O número de empregados saltou para 52 pessoas e no campo pulou de 60 para 375 fornecedores, implantando emprego e renda na região. Trabalhando com todo tipo de coco, inclusive os que antes eram rejeitados no campo, como o coco nascido, rachado, sem água e pequeno, a Copaíba fez agregar valores ao produto para os fornecedores.

Assim a Cooperativa tem o papel de fornecedora para outras indústrias. A casca do coco e o quengo (parte mais dura) servem para fornecimento de energia à própria Copaíba. A pele marrom do coco vai se transformar em ração animal, óleo vegetal e farinha. O coco em si vai produzir o coco ralado, adoçado, com alto teor de gordura, baixo e médio teor, leite, óleo extra virgem, farinha pura e final… Totalizando oito subprodutos.

E se antes Piaçabuçu, penúltima cidade ribeirinha do rio São Francisco, adquiriu fama também com outra cooperativa da chamada pimenta rosa – considerada a melhor do Brasil e usada até em fabrico de cerveja – agora demonstra mais uma vez a força de vontade do povo da região para melhorar de vida.  Isso é um exemplo real para outros lugares onde os habitantes nem sequer se interessam pelo assunto: cooperativa. Preferem a vidinha medíocre de um trabalho envergado de meia hora, muita rede e aguardente.

O dinamismo da Copaíba tende a se estender por todo o litoral alagoano rico em coqueirais, mas que estava ou ainda se encontra com problemas de produção e vendas. Vários produtores já estavam abandonando o ramo do coco, pelas dificuldades encontradas. E se as paisagens dos coqueirais litorâneos já são belas, mais belas estão ficando com a minação de dinheiro por baixo das folhagens.

Que excelente exemplo de Piaçabuçu!

Ótimo lugar, sem dúvida alguma, para se dançar o coco.

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de abril de 2018

Crônica 1.885 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

A SEDE ESTUDANTIL

Palestra na Escola Helena Braga. Foto: (Paulo César)

Ontem (quinta-feira) tive a honra de ministrar palestra na Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, sobre a cidade de Santana do Ipanema.A princípio tive que optar por um dos três ou quatro trabalhos preparados para palestras. A história de Santana, no geral, é longa. Busca-se, então, um compartimento: a criação da cidade em seis blocos e sua expansão. O Rio Ipanema, beleza e dor ou mesmo a história iconográfica, lançamento recente. Resolvemos, pois, pelo último trabalho publicado em que o estudante pode apreciar os vários aspectos da sua terra, através de imagens legendadas e cronológicas. Para nós seria um teste de fogo como primeira apresentação do livro/enciclopédia “230” através de slides e logo diante de uma plateia juvenil bastante exigente. Como havia também um convite de outra escola com o mesmo propósito, achei que o primeiro teste estaria carente de nota.

Minha surpresa foi muito agradável em vê duas turmas normalmente agitadíssimas, comportarem-se como se estivessem diante das histórias da vovozinha. Comprovei no momento a imensa carência da história municipal entre professores e estudantes. O que estava previsto para 50 minutos, esticou-se para 1.hora e 30 minutos, encerrando-se aí apenas porque surgiu na telinha, o nome FIM. O trovão de palmas após a palestra foi caloroso, levando o palestrante à certeza da aprovação IN LOCO de um trabalho suado, guia e amoroso.

Não apenas ministramos palestras (atualmente mediante cachê), mas incentivamos à plateia à pesquisa.  Mas como alguém pode pesquisar alguma coisa sem incentivo? O estudante vibra quando um dia perdido no ano, é convidado para algum passeio, mas que não passa disso. Os professores ou não querem mais trabalho ou não têm condições de pesquisa de campo. E se professor não vai ao campo, por que o aluno iria? E assim morre a história da sua rua, do seu bairro, dos titulares das avenidas e do seu município. Onde estão a Geografia e a História da sua cidade, se não fazem parte do currículo? Dessa maneira vamos gerando analfabetos do próprio lugar.

A estudantada tem sede do Saber, mas quem garante sua água?

Autoridades pensem nisso.

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de abril de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.888