15 Maio

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DONA JOANINHA, A MULHER DE FERRO

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de maio de 2014

Crônica Nº 1.189

GUARDIÃ D. JOANINHA E GUARDIÃO CLERISVALDO (Foto: M. Messias)

GUARDIÃ D. JOANINHA E GUARDIÃO CLERISVALDO (Foto: M. Messias)

O povo sertanejo gosta muito de citar a frase “É morrendo e aprendendo”, atribuída a um sujeito imaginário chamado Camões. Apesar de ser filho de Santana do Ipanema e viver nesse pedaço de mundo, só há pouco descobri Maria Joana da Conceição. De origem pernambucana e vivendo em Alagoas desde os dezessete anos, quando veio morar no sítio Pinhãozeiro, dona Joaninha, como é conhecida é uma figura extra.

Mulher de pequena estatura, roceira e semianalfabeta, puxando para os sessenta anos de idade, consegue prender o pesquisador até por um dia inteiro, se precisar. D. Joaninha é doce quando quer ser doce e fera quando a situação exige. É uma senhora guerreira das mais guerreiras e carrega consigo a sapiência da vida. Gosta muito de contar casos, a maioria acontecida com ela mesma e, que deixa o ouvinte atento, extasiado. O pesquisador logo percebe que está diante de uma pessoa diferente e de um valor de alto preço.

GUARDIÃO MANOEL MESSIAS, GUARDIÃ D. JOANINHA E NETA (Foto: Clerisvaldo)

GUARDIÃO MANOEL MESSIAS, GUARDIÃ D. JOANINHA E NETA (Foto: Clerisvaldo)

Lutando na roça e nas causas sociais, muitas vezes enfrentando políticos e pessoas da Justiça, pelos seus direitos e direitos alheios, tem dado até lições em magistrados que se metem à besta. Tem enfrentado marginais em seu território e gritado nos ouvidos das autoridades através do rádio e da presença física. É um terror para os inimigos, um poço de sabedoria para os que dela se aproximam.

Dona Joaninha, atualmente, reside no Bairro Bebedouro e dirige duas comunidades vizinhas: Bebedouro e Maniçoba

Dizendo-se cansada de tanta luta, nem queria participar de mais nada, porém, abraçou de imediato a causa da futura AGRIPA, tornando-se uma das fundadoras da Associação Guardiões do Rio Ipanema.

Sua presença nas reuniões da AGRIPA é uma festa grande de tanta satisfação e, para os chamados à luta, está sempre em traje de guerra.

Em Santana do Ipanema, mulher nenhuma é mais valorosa do que Maria Joana. Onde está o reconhecimento a essa estrela de primeira grandeza? A AGRIPA tem o prazer e o orgulho de constar em seus quadros a DONA JOANINHA, A MULHER DE FERRO.

13 Maio

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A PINTA DE COLOMBO

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de maio de 2014.

Crônica Nº 1.188

 Pintura de Machael Zeno Diemer, ilustra a caravela Santa Maria, umas das naus usadas por Cristóvão Colombo, na descoberta da América em 1492 (Foto: Michael Zeno Diemer/WIKIMEDIA/com mons)

Pintura de Machael Zeno Diemer, ilustra a caravela Santa Maria, umas das naus usadas por Cristóvão Colombo, na descoberta da América em 1492 (Foto: Michael Zeno Diemer/WIKIMEDIA/com mons)

Importantíssima descoberta para diversas ciências foi publicada para o planeta. A história, por exemplo, fica mais enriquecida com a declaração de um geólogo que diz ter descoberto a carcaça da caravela capitânia, de Cristóvão Colombo. A caravela seria a embarcação Santa Maria que fazia parte do trio Santa Maria, Pinta e Nina, usado no descobrimento da América em 1492.

Segundo reportagem do G1 “O arqueólogo especializado em exploração submarina Barry Clifford afirma ter encontrado no fundo do mar do Caribe, perto do Haiti uma carcaça de embarcação que, segundo ele, pode ser da caravela Santa Maria, uma das três naus comandadas por Cristóvão Colombo no descobrimento da América em 1492 (as outras eram Pinta e Nina).

Clifford disse em entrevista à rede de TV CNN que encontrou a carcaça na área exata onde Colombo afirmava ter encalhado a Santa Maria. O naufrágio está preso em um recife ao largo da costa norte do Haiti, de 10 a 15 metros de profundidade.

(…) Segundo a CNN, o arqueólogo Charles Beeker, da Universidade de Indiana, passou várias horas debaixo d’água no local e também estudou a documentação do Clifford . ‘Eu me sinto Barry. Ele tem provas muito convincentes‘, disse Beeker. ‘Barry pode ter finalmente descoberto a Santa Maria.’ O explorador agora negocia com o governo do Haiti uma autorização para poder fazer escavações no fundo do mar para poder colher partes da carcaça. Por enquanto Clifford e sua equipe fizeram apenas registros fotográficos do local.

Santa Maria foi uma das embarcações usadas na pequena frota de Colombo, que partiu da Espanha em agosto 1492, sob o patrocínio do rei Fernando II e da rainha Isabel.

A viagem teve como objetivo encontrar uma rota para a Índia e a China, mas em outubro do mesmo ano os navegantes chegaram ao Haiti, onde estabeleceram um forte.

Em dezembro daquele ano, o Santa Maria acidentalmente encalhou ao largo da costa da ilha. Algumas tábuas e provisões do navio naufragado, que era cerca de 117 pés (36 metros) de comprimento, foram utilizados pela guarnição no forte, de acordo com a Encyclopaedia Britannica. Colombo partiu de volta para a Espanha com os dois navios restantes, a Nina e a Pinta, em janeiro de 1493”.

Não é querendo ser engraçado, mas se o geólogo descobriu onde está à caravela Santa Maria, poderia também esclarecer para o mundo onde estão Nina e A PINTA DE COLOMBO.

13 Maio

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AGRIPA MUDA CALENDÁRIO

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de maio de 2014

Crônica Nº 1.187

DIRETORIA: ARISELMO, MANOEL, VILMA, SÉRGIO, FERREIRINHA, CLERISVALDO E MARCELLO (Foto: Assessoria Agripa)

DIRETORIA: ARISELMO, MANOEL, VILMA, SÉRGIO, FERREIRINHA, CLERISVALDO E MARCELLO (Foto: Assessoria Agripa)

A Associação Guardiões do Rio Ipanema, através da sua diretoria, resolveu ampliar o número de sessões.

A AGRIPA vinha funcionando com apenas duas sessões mensais, sendo a segunda sexta-feira do mês e a última. Com o crescimento rápido de suas ações, os compromissos triplicaram, fazendo com que ficasse um vazio, hoje, considerado grande entre as duas reuniões. Para manter e ampliar o controle interno, atender a demanda social como convites para palestras sobre a História no rio Ipanema, sua Geografia, Sociologia, Economia, fauna, flora, pesca, lazer, passeios, belezas naturais e mais objetivos, não houve outra saída. Na sessão da sexta, transferida para ontem, a AGRIPA preencheu parte da Ordem do Dia, discutindo o assunto. Foi aprovada a ideia das sessões semanais às segundas-feiras, iniciando sempre as 19 e chegando, no máximo, às 21 horas.

Passando pela Leitura da Ata Anterior, Expediente e Ordem do Dia, chegou à vez da Palavra A Bem da AGRIPA, quando vários informes foram apresentados e discutidos. O Tempo de Estudos foi preenchido pelo professor Clerisvaldo Braga das Chagas e, logo depois a palavra foi entregue ao Orador Ariselmo de Melo que avaliou a sessão e, o presidente Sérgio Soares Campos, encerrou os trabalhos da noite.

A partir da próxima semana, as sessões já serão realizadas as segundas, às 19 horas, na sede provisória, Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, no Bairro São José.

Hoje (13) a AGRIPA estará convidando oficialmente as Secretárias da Saúde, Ação Social, Meio Ambiente, gerência da CASAL, representantes da OAB e os vereadores, para discutir soluções participativas outras que possam resgatar definitivamente o rio Ipanema e seus tributários. O encontro deverá acontecer no dia 21 a partir das nove horas no auditório da prefeitura.

06 Maio

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AGRIPA TRANSPARENTE ENCERRA O MÊS

Clerisvaldo B. Chagas, 1º de maio de 2014

Crônica Nº 1.179

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Diante de uma chuva fina e continuada, a Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA realizou a sua última sessão do mês de abril, na segunda-feira (28) em sua sede provisória, Escola Professora Helena Braga das Chagas, no Bairro São José.

Lida a Ata da sessão anterior e o Expediente, o presidente Sérgio Soares Campos, pôs à mesa a Ordem do Dia. Entre outros itens foram preenchidas as vacâncias relativas ao Conselho Fiscal, complementando assim o quadro desejado para outros passos importantes. Ficou acertado também que a AGRIPA distribuirá cinco mil panfletos (ganhos) com apelos aos cidadãos e cidadãs santanenses sobre as ações em favor do meio ambiente. Assim, duas empresas importantes, como essa, juntam-se aos guardiões por melhor qualidade de vida no município e no resgate do rio Ipanema e seus afluentes. Foi apresentada, discutida e aprovada a iniciativa em enviar convites através de ofícios pessoais aos Vereadores, a Secretária da Saúde, da Ação Social, do Meio Ambiente, Gerência da CASAL e representante da OAB. Cópia poderá ser divulgada pela Imprensa como garantia dos trabalhos propostos. O dia 21 de maio (quarta-feira) seria o dia desse encontro com os representantes do povo para traçar estratégias e comprometimento em salvar o trecho urbano do rio Ipanema. Está em pauta: lixo comercial, entulhos, lixo residencial, pocilgas, fossas do hospital antigo e o atual, esgotos e fossas residenciais, cercas de arame no leito e nas margens avançadas do rio e riachos, extração de areia, entulhos, garagens, casas de prestação de serviço e residências debaixo de ponte do rio Ipanema e foz do Camoxinga, lava a jato, construções avançadas. A elaboração de leis ambientais do município será cobrada.

A AGRIPA quer dividir responsabilidades em parceria.

A AGRIPA também está funcionando como centro de informações, sobre o rio Ipanema, como prevíamos. Escolas têm procurados os guardiões com frequência, para passeios, palestras, informações, pesquisas sobre o rio Ipanema, inclusive sobre sua economia, caso de alunos de curso superior.

Foi ainda durante a sessão, designado o novo guardião Jessé Alexandre de Barros, como representante da AGRIPA, para acompanhar as palestras sobre resíduos sólidos, da Secretaria de Recursos Hídricos do estado, a convite daquela pasta.

Após a Palavra a Bem da AGRIPA (vários assunto abordados) quando o guardião Ariselmo Melo falou do êxito da sua missão no rio Ipanema com os alunos da Escola Cenecista Santana, chegou o Tempo de Estudos, ocupado pelo vice-presidente Clerisvaldo Braga das Chagas.

Em não havendo mais nada a tratar, o Orador Ariselmo Melo fez uma avaliação dos trabalhos e o presidente encerrou a sessão.

DIA 21, DISSECANDO A AGRIPA

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de abril de 2014

Crônica Nº 1173

FUNDADORES DA AGRIPA 20 DIAS APÓS A FUNDAÇÃO. ARISELMO MELO, MANOEL MESSIAS, MARCELLO FAUSTO, VILMA LIMA, SÉRGIO CAMPOS, CLERISVALDO CHAGAS E FERREIRINHA (AUSENTE, D. JOANINHA) (Foto: Arquivo / Agripa)

FUNDADORES DA AGRIPA 20 DIAS APÓS A FUNDAÇÃO. ARISELMO MELO, MANOEL MESSIAS, MARCELLO FAUSTO, VILMA LIMA, SÉRGIO CAMPOS, CLERISVALDO CHAGAS E FERREIRINHA (AUSENTE, D. JOANINHA) (Foto: Arquivo / Agripa)

Fundada em 10 de agosto de 2013, a Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA tem como finalidade lutar pelo meio ambiente do município de Santana do Ipanema. O momento atual, porém, exige que a AGRIPA socorra primeiro o rio Ipanema e seus afluentes que escorrem em seu território.

Formada por um grupo de cidadãos e cidadãs de boa vontade, a AGRIPA não tem ligação nenhuma com partidos políticos. Sendo uma associação organizacional e educativa, procura parceria entre os órgãos executivos, legislativos, judiciários e civis, para que a sua missão seja realizada com o êxito merecido.

A AGRIPA, em apenas oito meses de existência já conseguiu ser o maior centro de informações sobre o rio Ipanema; possuir mais de 20 títulos de livros sobre o Panema; catalogar mais de trinta plantas medicinais encontradas em seu leito seco e margens; ministrar inúmeras palestras sobre essa corrente fluvial; conceder várias entrevistas no rádio e na televisão sobre esse tema; motivar e despertar todas as escolas de Santana e outros órgãos para a questão do nosso rio periódico; mexer na autoestima do povo santanense; ouvir o sim do prefeito Mário Silva para a criação do Polo Ambiental com estação meteorológica, observatório da AGRIPA, memorial do rio Ipanema e sementeira de mudas nativas, no lugar do atual matadouro; implantação pela câmara de vereadores do Dia do Rio Ipanema (21 de abril); filmagens da TV Gazeta de Alagoas para as coisas boas e ruins do rio Ipanema.

Planejando, organizando-se durante meses para iniciar os seus trabalhos efetivos sobre o resgate do Panema a AGRIPA sabia que uma ação intempestiva, rápida, movida apenas pelo entusiasmo, não passaria de 24 horas, como já aconteceu no passado. Hoje, 21 de abril, Dia do Rio Ipanema, tem início a limpeza de lixo e entulhos no rio Ipanema, riachos Camoxinga e Salgadinho (divisor dos Bairros Domingos Acácio e Floresta).

Momento de cheia no Rio Ipanema, em 2004

Momento de cheia no Rio Ipanema, em 2004

Logo cedo os Guardiões estarão vigilantes aos movimentos de máquinas e homens da Secretaria de Obras, através do secretário (e vice-prefeito) Adenilson, bem como recepcionando a equipe da TV Gazeta de Alagoas que, prestigiando a AGRIPA, vem registrar o trabalho das máquinas. A limpeza do rio terá campanha permanente e ações periódicas, sempre que necessário.

(Amanhã, terça-feira, escritores e guardiões novamente estarão descendo com a equipe da TV GAZETA para novas filmagens perto e na foz do rio Ipanema em Belo Monte).

O próximo passo da AGRIPA é para os mais grossos males que sufocam o rio como cercas de arame no leito, pocilgas, cercas e construções avançadas, construções sob pontes e nos próprios leitos de rio e riachos, extração de areia, fossas e esgotos, lava a jatos, matadouro, currais, pesca predatória.

Para isso a AGRIPA, (incentivada pela sociedade que exige melhor qualidade de vida) convidará através de ofícios, para um amplo debate, a câmara de vereadores (os fiscais do povo), a secretária da saúde, a secretária da ação social, o secretário de agricultura e meio ambiente e a gerência da CASAL, diretamente ligados aos problemas acima e, se preciso, o Ministério Público. DIA 21, DISSECANDO A AGRIPA.

OS DEZ MANDAMENTOS SANTANENSES SOBRE O RIO IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 18de abril de 2014

 Crônica Nº 1172

Foto: Arquivo Agripa

Foto: Arquivo Agripa

1º – Amar o rio Ipanema acima de todos os outros acidentes geográficos;

2º – Não falar sobre o rio Panema sem elogios;

3º – Fazer a bem do Ipanema, tudo o que puder;

4º – Descrever para filhos, netos, amigos e visitantes, o que o rio Ipanema representa para o sertão;

Foto: Arquivo / Agripa

Foto: Arquivo / Agripa

5º – Entender o que o rio Ipanema significa para a flora, a fauna, seus habitantes ribeirinhos e animais domésticos;

6º – Analisar o papel do Panema na História, Geografia, Sociologia e Economia da área banhada por ele;

7º – Percorrer trechos a pé, do seu leito seco e margens para melhor entendê-lo;

Foto: Arquivo / Agripa

Foto: Arquivo / Agripa

8º – Acampar às suas margens pelo menos uma vez na vida;

9º – Não jogar e não deixar ninguém jogar nada em seu leito e margens que o prejudique;

10º – Ajudar por todos os meios ao seu alcance a resgatar e preservar o rio Ipanema e seus afluentes.

* Crônica Nº 1172. Clerisvaldo B. Chagas. 21 de abril de 2014.

O SERROTE DO CRUZEIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 18de abril de 2014

Crônica Nº 1171

SERROTE DO CRUZEIRO DE TRADIÇÃO RELIGIOSA (Foto: Clerisvaldo)

SERROTE DO CRUZEIRO DE TRADIÇÃO RELIGIOSA (Foto: Clerisvaldo)

Quando os mais antigos chegaram à região da Ribeira do Panema foram nomeando os seus incontáveis acidentes geográficos. Entre os montes circundantes da atual cidade sertaneja de Santana do Ipanema, um se tornou mais íntimo dos homens que vieram de longe. Bem ao sul da cidade, fechando um amplo círculo de elevações como serrote Pintado, serras Aguda, Remetedeira, Poço, Camonga, Macacos e os serrotes Gonçalinho e Pelado, o morro da Goiabeira ganhou notoriedade.

No ano de 1900, para celebrar a passagem do século XIX para o século XX, os santanenses fincaram uma cruz de madeira no cimo do morro da Goiabeira e passaram a chamá-lo serrote do Cruzeiro. Nessa ocasião, também era construída uma igrejinha/monumento, quase no centro da urbe, com o mesmo objetivo.

Entre 1914 e 1915, como motivo de promessa, um sargento por nome de Antides, casado com uma senhora da ilustre família Rocha, chamada Hermínia, construiu uma capelinha no cume do serrote, com abertura de picada, ternos de zabumba, feijoada para os participantes e bastante animação. A igrejinha veio a ruir pelo abandono, na década de 1960.

Nessa mesma década, o deputado santanense Siloé Tavares, repetiu os feitos do sargento Antides, reerguendo a capela em homenagem a Santa Terezinha. Pelo mesmo motivo da primeira, a segunda igrejinha também não resistiu ao abandono.

Perto do final do século XX, pela terceira vez a capelinha foi erguida por um grupo de pessoas, dessa vez em estilo diferente e ainda hoje ali permanece.

Sendo o monte mais simpático ao santanense, o serrote do Cruzeiro, de forma arredondada e cimo de granito, recebe devotos e curiosos sempre em dias de Semana Santa. O imaginário popular mostra marca do pé do menino Jesus na rocha viva; falam das tramas dos poderosos de Santana e Lampião em conchavo no pé da alta cruz de madeira (a atual é a segunda); comentam botijas escondidas em sua crista.

O alto mostra um cenário fantástico com parcial da cidade e arredores. Sua vegetação original foi criminosamente extinta nos anos 1960 e levou cerca de 35 anos para cobrir o serrote, porém, sem árvores como antes, somente com arbustos.

Quando o movimento religioso estava no auge e no seu sopé, encenava-se a Paixão de Cristo acompanhada por milhares de pessoas, poft. Ciúme de padre é pior do que ciúme de político. Um golpe definitivo no teatro ao ar livre que poderia ser atualmente muito maior do que o do agreste de Pernambuco, nocauteou o entusiasmo da Camoxinga. A sociedade calou.

Os outros padres perderam o fôlego e nenhum prefeito jamais teve a ideia de transformar o serrote (um dos poucos pulmões verdes de Santana), em reserva ambiental. Ora, se as pessoas que merecem não são reconhecidas, imaginem um pedacito da natureza: O SERROTE DO CRUZEIRO.

· Parcial extraída do livro: O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema.

GUARDIÕES PALESTRAM EM COLÉGIO CENECISTA

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de abril de 2014

Crônica Nº 1170

AGRIPA, PROFESSORES E ALUNOS QUEREM RESGATAR O RIO. (Foto: Assessoria)

AGRIPA, PROFESSORES E ALUNOS QUEREM RESGATAR O RIO. (Foto: Assessoria)

Atendendo convite do Colégio Cenecista, em Santana, através da professora Dilma Gomes, a Associação Guardiões do Rio Ipanema, enviou representantes para uma palestra naquela unidade de ensino. O acontecimento ocorreu ontem, no turno da manhã, quando três membros da AGRIPA falaram sobre a Associação e suas finalidades, rio Ipanema e rio São Francisco para uma plateia animadíssima de estudantes de séries diferentes.

Um dos palestrantes, professor e escritor Clerisvaldo B. Chagas, discorreu sobre a estratégia de defesa ao rio Ipanema e o meio ambiente em geral, revelando como se organiza a AGRIPA e seu acirrado trabalho para que o santanense tenha melhor qualidade de vida.

O professor e escritor Marcello Fausto, falou sobre a importância do rio Ipanema como pai de Santana, o rio São Francisco e a urgente mobilização pela AGRIPA, estudantes e sociedade para novos caminhos na preservação da Natureza.

Ambos os palestrantes foram amplamente ovacionados pela plateia mirim, bastante atenta e participativa.

O cantor, compositor e poeta Ferreirinha fez delirar os estudantes ao cantar e tocar o “Xote dos Guardiões”, considerado como “Hino da AGRIPA e do Panema”. Imediatamente identificados com a melodia do xote, os alunos cenecistas acompanharam todo o desenrolar do cantor, assessorando com ritmo de palmas de mão.

“É das escolas de Santana que sairão os jovens guardiões valorizando e defendendo o rio Ipanema e seus afluentes” – falou o cantor Ferreirinha. “O entusiasmo da garotada faz com que chegue até nós a esperança da educação e da harmonia sertanejo/Natureza”, disse após, o guardião Marcello Fausto. A professora Dilma Gomes, entusiasta pelo meio ambiente, também tomou posse na AGRIPA, semana passada.

Nos próximos dias esses alunos farão acampamento no Rio Ipanema, guiados por outro guardião, cujo perfil é indicado pela AGRIPA para esse fim, o professor Ariselmo Melo.

Queremos fora do rio Ipanema trecho urbano: lixo, construções avançadas, cercas de arame, pocilgas, fossas, óleo, entulhos e muito mais. AGRIPA, Escolas e toda a sociedade exigem “O Pai de Santana”, limpo e cheio de vida como sempre foi. JUNTE-SE A NÓS.

“Por isso agora

O Guardião lhe convida

Para devolver à vida

Ao nosso velho Panema (Refrão)

E vê de novo

Aquelas velhas imagens

Bebendo nas suas margens

Lagartos, tatus e ema”

E AGORA, HAMURABI?

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de abril de 2014

Crônica Nº 1169

Foto: Ilustração

Foto: Ilustração

Diante da situação em que estamos vivendo, principalmente no Brasil, vem à mente a História Geral e um esforçado professor da minha terra. Costumava o professor falar sobre o Código de Hamurabi, personagem que governou o I Império Babilônico. Foi esse o primeiro conjunto de leis escritas dos povos do Oriente. Aconteceu que em 1902, pesquisadores encontraram no Irã, restos de um monumento de pedra em que estava escrito o Código de Hamurabi. Claro que essa descoberta veio acompanhada de diversas informações sobre os povos da Mesopotâmia, suas leis, modo de vida, hábitos e mesmo atividades do trabalho. Podemos, então, notar algumas leis do Código de Hamurabi e fazer um comparativo entre os tempos chamados bárbaros e o civilizado de hoje, cujas páginas da Imprensa brasileira estão cobertas de sangue:

Ø Se o homem cegou o olho de um homem livre, seu próprio será cego.

Ø Se cegou o olho de um escravo ou quebrou-lhe um osso, pagará metade do seu valor.

Ø Se uma taberneira, em cuja casa se reuniram malfeitores, não prendeu esse malfeitores e não os conduziu ao palácio: essa taberneira será morta.

Ø Se um homem tiver arrancado os dentes de um homem de sua categoria, os seus próprios dentes serão arrancados.

Ø Se um médico tratou, com faca de metal, a ferida grave de um homem e lhe causou a morte ou lhe inutilizou o olho, as suas mãos serão cortadas.

Ø Se um filho bateu em seu pai, cortarão sua mão.

Ø Se um construtor fizer uma casa e esta não for sólida e caindo matar o dono, este construtor será morto.

Ø Se causou a morte do filho do dono da casa: matarão o filho desse construtor.

Ø Se causou a morte de um escravo do dono da casa: ele dará ao dono da casa um escravo equivalente.

Ø Se causou a perda de bens móveis: compensarão tudo que fez perder. Além disso, porque não fortificou a casa que construiu e ela caiu, deverá reconstruir a casa que caiu com seus próprios recursos.

Diante do que vimos, qual a sua opinião? E se o dirigente babilônico voltasse à vida no Brasil, estudasse a violência e a impunidade, o que diria? Talvez só quem pudesse responder fosse o próprio reencarnado, não é isso, compadre? E AGORA HAMURABI?

D. PEDRO I, GLÓRIAS E MALES

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de abril de 2014

Crônica Nº 1168

Foto: Ilustração

Foto: Ilustração

Vamos para os 180 anos da morte do Imperador do Brasil D. Pedro I, de tantas peripécias. O filho de D. João VI governou o Brasil como imperador desde o famoso Grito do Ipiranga, 7 de setembro de 1822 até o dia 7 de abril de 1831. Nesta data, Pedro renunciou em favor do seu filho, o futuro D. Pedro II, e partiu para a Europa.

D. Pedro veio a falecer em 24 de setembro de 1834 com apenas 36 anos, depois de intensas lutas na península Ibérica. Era assistido sempre pelo seu médico particular Dr. João Fernandes Tavares (1795-1874), que emitiu o seu atestado de óbito e fez a autópsia. Dr. João Tavares, deixou escrito detalhadamente à saúde do ex-imperador do Brasil, o que o afasta da suspeita de ter envenenado o seu paciente.

D. Pedro sofria do fígado e tinha problemas nos rins. Passou por 36 graves quedas equestres, destacando-se uma em 1823 e outra em 1829. Nesta, fraturou costelas e perfurou o pulmão. Além disso, era epiléptico e não escondia esse mal de ninguém. Já perto de morrer, pelas dificuldades da guerra que empreendia, tinha bronquite, febre e tosse com sangue, sintomas da tuberculose.

D. Pedro faleceu no palácio de Queluz, arredores de Lisboa, no mesmo quarto onde havia nascido. Havia pedido para ser sepultado como general e não como rei. Seu coração foi retirado, embalsamado (como era seu desejo) e levado para a igreja da Lapa, na cidade do Porto, onde ficou dentro de uma urna.

Em 1972, seus restos mortais foram transladados para o Monumento Ipiranga, em São Paulo.

Em 2012, a arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel exumou os restos mortais de D. Pedro I para o Museu de Arqueologia da USP.

*Extraído e adaptado: Revista de História da Biblioteca Nacional, 9 (101): 18-26, fev. 2014.