RENAN, O FILHO

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1. 367

Foto: mapa político de Alagoas (geografia.blogspot.com)

Foto: mapa político de Alagoas (geografia.blogspot.com)

O nosso sempre professor Alberto Nepomuceno Agra, era sábio, rígido e muitas vezes enigmático. Ex-pracinha, ex-diretor do Ginásio Santana, comerciante, fazendeiro, professor de Geografia e intelectual, dizia: “Não elogie o homem”.

No momento, ainda não estamos elogiando nada, apenas vendo o que se queria ver.

Depois de uma sucessão pífia de administradores ─ de acordo com alguma maldição lançada ao Palácio dos Martírios ─ mudaram de palácio. Nada adiantou. E na boa história das Alagoas, os feitos sem efeitos logo estarão sendo esquecidos. A poeira do tempo vai encobrindo nomes de vaidosos, arrogantes, inexpressivos, deixando apenas como caridade retratos em galerias que as novas gerações teimam em não conhecer.

O que lavou as mãos para os precatórios de tantos sofridos funcionários; o mesmo que retirou o atendimento do Ipaseal Saúde do interior, causou muitas dores aos que teriam que procurar atendimento médico somente na capital; passando semanas e até meses na corrida maluca pela saúde, sem dinheiro de hospedagem e alimentação.

São esses tipos de gestores que Alagoas não quer mais; insensível e indiferente que esquece que o dinheiro do seu cargo é pago pela massa e, ao invés de se julgar gerente do povo, julga-se um reizinho russo ou um barbudo cubano.

Tachado como ineficaz, pelo também candidato na época, Benedito de Lira, Renan Filho pode provar que Lira estava errado.

Muito jovem ainda, o atual governador nesse pouco tempo à frente do executivo, mostrou que está atento a todos os setores. O efeito do dinamismo na tentativa organizacional começa a impressionar o povo, mesmo não tendo completado ainda o teste dos cem dias.

Nos meus tempos de apreciador de sinuca, ouvia o ditado de quem começava perdendo: “Não existe ‘Senhor do Bom Começo’, mas ‘Senhor do Bonfim’, não é?” A frase tem alguma semelhança com a do meu inesquecível professor.

Como disse, ainda não estou elogiando ninguém. Mas, se o governador continuar com esse fôlego, sensibilidade aos funcionários públicos e profunda vontade administrativa geral, poderá quebrar a maldição que paira em nosso território.

Nesse caso uma frase do meu saudoso pai poderá ser positiva para ele. “Administrador é como cavalo bom, mora longe um dos outros”. Quem sabe!

LULU FÉLIX E A DEFESA SOCIAL

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.366

Foto: Reprodução / TV Gazeta

Foto: Reprodução / TV Gazeta

Interessante notícia foi veiculada sobre as câmeras de monitoramento da Defesa Social, em Maceió. Vejamos alguns trechos da reportagem da gazetaweb de 11.02.2015.

“Câmeras de monitoramento da Defesa Social estão danificadas em Maceió. Empresa aponta ação de vândalos e débito de R$ 2 milhões do Estado”.

Mais:

“(…) Câmeras de monitoramento, que deveriam auxiliar os trabalhos das polícias Civil e Militar, estão danificadas e sem previsão de manutenção (…)”.

Mais um pouco:

“Na Ponta Verde, a câmera foi quebrada por um caminhão; no Dique Estrada, foi quebrada por vândalos. Os equipamentos não foram reinstalados”.

Lá no meu interior, o cidadão decente, Lulu Félix, morava na entrada do subúrbio Maniçoba, em Santana do Ipanema. Baixinho, simpático, fala não muito grossa e arrastada, Lulu tinha um vasto círculo de amizade e jamais dispensava um paletó sem gravata. De vez em quando Lulu desaparecia, isto é, viajava para longe e, após alguns meses, ressurgia na terrinha. Imediatamente formavam-se rodas de conhecidos onde Félix estivesse. Lulu, então, começava a contar às novidades que presenciara pelo mundo. Cada episódio narrado era um espetáculo. Caso surgisse um ousado para afirmar que aquilo era mentira, Lulu respondia sempre com seriedade, ironia e paciência usando seu infalível e próprio chavão: “Você não viaja…”. Sim, como alguém pode contestar um fato distante se não viaja. Lulu não, Lulu viajava e era ele mesmo a testemunha ocular do que narrava.

Lulu Félix, aquele homem simples, divertiu muito as pessoas da sua época com os seus casos extraordinários, muitos narrados em livros que fizeram Félix virar imortal e folclórico como o maior mentiroso entre os três maiores de Santana.

Uma vez, porém, Lulu vacilou ao dizer que possuía um cachorro extremamente valente e que ninguém conseguiria roubar a sua casa, pois o cão não respeitava ninguém além do dono.

Depois de inúmeras outras conversas, um sujeito voltou ao antigo assunto e perguntou se Lulu não queria vender o cachorro. Parecendo ter esquecido tudo que havia dito, Lulu respondeu: “Eu não vendo porque um maloqueirinho sem vergonha roubou o meu cão”.

Ê gente… Quando li sobre as câmeras ferozes da Defesa Social que iriam apontar a bandidagem, “os maloqueirinhos roubaram as câmeras sociais”.

Diante do caso semelhante atestado pela Gazeta, talvez Lulu Félix não fosse mesmo mentiroso, mas apenas um colecionador do absurdo.

O BRASIL NÃO QUER OBEDECER

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.365

Foto: (mapadacachaça.com.br)

Foto: (mapadacachaça.com.br)

No esticamento dos anos 50, na minha terra, Seu Antônio Bulhões, homem sério, digno e trabalhador, tinha espírito fabril. No espaço entre o Beco São Sebastião e a Rua Barão do Rio Branco, no comércio, o irmão do cônego Bulhões possuía fabriqueta de vinagre e aguardente.

O vinagre abastecia muito bem o consumo local. Já a aguardente, também servia para que um dos seus filhos peraltas embriagasse o jegue de entrega da mercadoria.

Certa feita, foram encontradas duas frases na parede da fábrica, lembra bem, João Neto de Dirce, o Primo Véi. A primeira, com o “S” de trás pra frente dizia: “Quando se pode é de vender mais barato”. A segunda era um apelo moral: “É proibido fazer sabão neste lugar”. Ora, já havia fábrica de vinagre e cachaça para que mais uma fábrica de sabão?

Para a época, na linguagem chula, “fazer sabão” traduzia-se por “xumbregar”.

Logo as piniqueiras e casais avançados passaram a respeitar o decreto da fábrica de Seu Antônio Bulhões.

Estamos em 2015 e ficamos sem entender porque a gasosa baixa de preço no mundo inteiro, menos no Brasil. Quanto mais o petróleo desce, mas a gasolina sobe, numa teoria matemática que nem meus antigos professores, Hernande Brandão e Ely, da Capela, conseguiriam resolver.

Não seria bem melhor que os postos de combustíveis colocassem a frase folclórica, mesmo com o “S” pelo avesso: “Quando se pode é de vender mais barato”? É um negócio da gota serena, diz um amigo da roça.

Quanto à frase: “É proibido fazer sabão”, está mais séria ainda. Agora o produto já vem embalado, encaixotado, fabricado em grande quantidade, nos becos, nas ruas, na Internet e mesmo nas orgias de alguns políticos republicanos.

Existe um desrespeito generalizado pela ordem expressa da fabriqueta de cachaça.

Ê, Seu Antônio Bulhões, o mundo está perdido! É uma saboaria só!

O PASTORIL DE DONA JABIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.364

Foto: severinos.wordpress.com (Efeito especial: Clerisvaldo)

Foto: severinos.wordpress.com (Efeito especial: Clerisvaldo)

Tudo estava bem encaminhado no pastoril Estrela do Norte. Aliás, em matéria de pastoril, Dona Jabira fazia o melhor de Alagoas. Atraída pelo ritmo, a beleza das pastorinhas e a rivalidade de azul e encarnado, a multidão se aglomerava defronte o “sobrado do meio da rua”.

Um empresário chamado Zé Rico, chamava muitas vezes a “contramestra, em cena”, e como de praxe, depositava o dinheiro pendurado no decote da chefa do cordão azul. A palma dos torcedores azulinos cobria. Mas a mestra reagia bem e inúmeras pessoas chamavam o cordão encarnado.

De repente chegou um matuto de nome Tonho Bicudo e, começou a chamar a contramestra em cena; uma vez, duas, dez… Desgostando o empresário Zé Rico que antes estava absoluto. Mesmo sendo o dinheiro do matuto aplicado no cordão azul, o seu mesmo cordão, Zé ia ficando irritado com a concorrência. O matuto cochichou para uma pessoa próxima: “Vendi uma vaca para botar o dinheiro todo no azul”, e não parava de chamar a contramestra em cena.

Somente a diana, representante dos dois cordões, não ganhava dinheiro porque era muito feia.

Lá para às tantas, Dona Jabira ria à vontade, nos bastidores, pois nunca havia visto tanto dinheiro em sua vida.

Zé Rico estava para explodir a qualquer momento, quando Tonho Bicudo levantou o braço com uma nota graúda e disse para a contramestra: “Se me der um beijo, eu boto essa” e agitou a cédula no alto.

A contramestra balançou a cabeça e o matuto subiu ao tablado beijando a pastorinha e colocando o dinheiro em seu vestido. Ora, Zé Rico subiu a pequena escada de madeira com dois passos, empurrou Bicudo e disse: “Você pode botar dinheiro à vontade, seu peste, mas beijar a minha contramestra, você não beija mais”. Danou-lhe a mão no pé do ouvido que Tonho Bicudo caiu de cima do palanque.

Óóóóóó!!! ─ exclamou a multidão horrorizada.

O matuto levantou-se atordoado, sacou um bicho bruto que trazia sob a camisa, atirou em Zé Rico, conseguindo atingir-lhe a bunda.

A multidão espanou numa correria desordenada que até o pastoril de madeira robusta de Dona Jabira, foi no peito.

Após a chegada da polícia e as seguidas investigações, foram encontrar Tonho Bicudo, cinco dias depois, nos braços amorosos da mestra do pastoril, isto é, a primeira do cordão encarnado.

Ninguém conseguia entender o mistério. O homem havia gastado o dinheiro da vaca com a contramestra que representava o azul e, como fora encontrado em amores com a mestra, guardiã do encarnado?

Somente muitos anos depois alguém descobriu que Bicudo era namorado da mestra e com ela havia brigado. A questão com a contramestra era apenas uma grande vingança do matuto.

Após o tiro na bunda, tudo voltara aos velhos amores.

A multidão mudou a roupa, mas o povo brasileiro continua diante do pastoril de Dona Jabira.

PALAVRAS DE MARDOKEU

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.362

Ilustração: (correiobrasiliense.com.br).

Ilustração: (correiobrasiliense.com.br).

Com a narrativa abaixo adaptada, Mardokeu me contou:

De acordo com a criatividade brasileira, aconteceu na guerra. Depois de acirrado combate, os inimigos bateram em retirada. Havia chegado a hora de livrar-se dos mortos e socorrer os feridos, situados à beira de enorme precipício. Entra em cena o médico de jaleco branco, acompanhado de um nervoso sargento da retaguarda. O médico vai examinando, superficialmente, os estendidos no campo de batalha. Seguindo seus passos inseguros, o sargento é acompanhado por duas praças, executoras fiéis às suas ordens. O doutor vai examinando os caídos e passando o “diagnóstico” para o sargento: “Está morto… Está vivo; está morto… Está vivo”.

Naquele triste momento, cada homem deitado representava apenas uma peça, nada mais. Os classificados como vivos eram separados dos outros. Os indicados como mortos, pelo competente doutor, seriam jogados do alto do abismo pela ordem do sargento e os braços dos soldados acompanhantes.

Um desses combatentes estava apenas desacordado e foi classificado pelo médico Como “morto”. Ao ser colocado no balanço do abismo para ser arremessado, o homem acorda, compreende a situação e grita desesperado: “Estou vivo! Estou vivo!”. E de um dos dois soldados que não podiam perder tempo com suposições, sai à voz, sinistra e arrojada: “Quer saber mais do que o médico?”.

xxx

Em nossa marcha da vida, suada, honesta e combativa, não deixamos de encontrar obstáculos, disse Mardokeu. Uns da própria antipatia, do carma transferido; outros, frutos dos olhos de ximbra disfarçados; de sapo cururu, repletos de gordura, cobiça e inveja do intelecto inalcançável. Esses são os mais perigosos: maquiavélicos, endiabrados, mentirosos, filhos de Caim que procuram envenenar a sua fonte, colocar pedras em seu caminho e lhe excluir das rodas sociais, com o amigo Lúcifer às costas dirigindo seus passos e cubando seu sangue.

Naturalmente, muitos homens de bem são vítimas desses desassossegados que ignoram pra si o que vêm à frente. E quanto mais você grita: “Estou vivo!”, mas eles querem lhe jogar no abismo, resmungando: “Quer saber mais do que o médico!”.

Uma dessas vítimas poderá estar lendo essa crônica amanhã ou mesmo um dos próprios olhos de ximbra, encerrou meu amigo Mardokeu.

O VEADO E O MACACO

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.361

Foto: R7, entretenimento. Solnet / The Grosby Group

Foto: R7, entretenimento. Solnet / The Grosby Group

Nos anos 50 e mais um pouco, época em que a política ainda era repleta de truculência, havia dois candidatos a governador de Alagoas. Um deles, com parentela militar, era arrogante, metido a valente e bruto que só parede de igreja. Chegara a ocupar o Palácio dos Martírios, dobrando assim o perigo das suas atuações. O outro era mais manso, porém, político do mesmo jeito e, como o primeiro, também chegou a dirigir as Alagoas.

Nessa fase agitada no estado, o povo tinha prazer em ir às praças ouvir os argumentos dos discursos inflamados, muitas vezes correndo risco de vida. Havia muitos seguranças, guarda-costas ou capangas nos palanques e em pontos estratégicos com seus respectivos “mocotós de boi” debaixo dos paletós.

No decorrer de uma dessas campanhas ─ narra um cidadão santanense fã de episódios políticos e do candidato valentão ─ houve fato interessante. O candidato bruto, além de tentar desmontar o adversário com várias partes detratoras, ainda o chamou de veado. Naturalmente ganhou muitos aplausos dos seus seguidores.

Na vez do segundo candidato, no mesmo palanque, dias depois, o rival rebateu chamando o arrogante de macaco, por ele ser parecido com um soim.

No terceiro comício o primeiro postulante a governador, não quis ficar por baixo e gritou para a multidão o fraseado mais ou menos assim: “O outro candidato me chamou de macaco. Eu digo que ele é veado. E o que é que vocês têm a dizer? É melhor votar num macaco ou num veado?”.

O prezado leitor imagina a reação da plateia de rua.

Passadas algumas décadas, quando grandes comícios encontram-se em extinção, tem-se observado certa mudança de comportamento nos gogós demagógicos dos engravatados.

Quanto aos tipos de bichos da floresta, o do rabinho curto ganhou direito de lei. Pode pular mato à vontade. E o da careta já pode denunciar as ofensas recebidas.

Quais serão os novos animais estrelas de palanques?

A FACA E A PROSTITUTA

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.360

Quinca Sapateiro era personagem popular na minha terra. Conheci-o ainda no tempo de Admissão ao Ginásio, quando eu passava pela Rua Barão do Rio Branco, em direção à escola de Helena Oliveira, na calçada alta da Ponte do Padre. Entre os vários empregados ou aprendizes da fabriqueta de calçados de Evilásio Brito, estava o Quinca batendo sola, único deles que me ficou na lembrança.

Passaram-se décadas até que um dia deparei-me com o Quinca trabalhando na sua própria tenda, à Rua Nilo Peçanha. Reconheci-o imediatamente. Era um homem que escutava muito o rádio e gostava de imitar pessoas. A preferência pelas imitações era o Lelé, ex-tropeiro, autodidata e decoreba da Geografia. Quinca Sapateiro também preferia contar casos da cidade e comentar as notícias do estrangeiro ouvidas pelo rádio.

Segundo o jornal “Quinca”, havia um cidadão muito conhecido na cidade, cuja mulher gostava da safadeza. Quando chegava algum homem para um encontro com ela, esse encontro era na própria residência da mulher. O maridão ficava na porta amolando uma peixeira 12 polegadas e, resmungando: “Um dia eu derrubo o fato dum; um dia eu derrubo o fato dum”.

O visitante, para não demonstrar sinal de fraqueza, segundo o sapateiro, entrava pela porta estreitada, resvalando de lado, entre o portal, a faca gigante e o marido que ameaçava derrubar o fato dum.

Ninguém, entretanto, chegou, a saber, se fato algum foi derrubado, embora ninguém possa confiar totalmente em ameaça dessa gente.

xxx

Em vésperas de eleições brasileiras, todos os candidatos prometem honestidade, trabalho e transparência.

Uma vez no poder, o sujeito trinca os dentes amolando uma 12 polegadas, para sugestionar o povo. Mas, lá nos fundos, após a porta, continua deitada a corrupção, prostituta miserável que ainda faz a alegria dos tarados.

EMBRAER, PRESENÇA NO MUNDO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.359

NOVO BRASILEIRO  KC-390. Foto: (Divulgação)

NOVO BRASILEIRO KC-390. Foto: (Divulgação)

Quem acompanha de perto o que se passa no país, tem um respeito muito grande pelo menos por duas gloriosas empresas. Uma delas é a Embrapa, a quem tiramos permanentemente o chapéu. Outra é sem dúvida alguma, a Embraer.

Vamos abrir esse espaço merecido para divulgação.

“A Embraer fez o voo inaugural do novo avião de transporte militar KC-390, nesta terça-feira (3). A aeronave, a maior já fabricada no país, sobrevoou por 1h25 a região de Gavião Peixoto (SP). Um acordo com o governo prevê o fornecimento de 28 jatos militares do modelo à Força Aérea Brasileira (FAB) ao longo de 10 anos – a primeira entrega está programada para o 2º semestre de 2016.

Esse é o início dos testes com o protótipo para avaliar as qualidades e desempenho da aeronave. O cargueiro tem 35 metros de comprimento e capacidade para transportar até 23 toneladas. O modelo começou a ser desenvolvido em 2009.

No voo teste nesta terça, os pilotos sobrevoaram uma região de fazendas fazendo manobras e testes de sistemas, além de testes em solo. Para obter as certificações e poder operar, a aeronave deve passar por cerca de duas mil horas de voo, o que deve levar até um ano e meio.

A partir de 2016, os aviões KC-390 vão substituir a frota de aviões Hércules, que são usados pela FAB há mais de cinco décadas. O contrato para aquisição dos novos cargueiros foi assinado com a Embraer em maio de 2014.

O compartimento de carga do jato militar tem capacidade para acomodar blindados, peças de artilharia, armamentos e até aeronaves semi-desmontadas. Uma frota de até 80 soldados ou 64 paraquedistas também pode ser levada a bordo. O KC-390 é equipado também com um reabastecedor, que pode transferir combustível em voo para outras aeronaves.

Além da encomenda das 28 aeronaves da FAB, existem atualmente intenções de compra de outros países. Um hangar em Gavião Peixoto foi inaugurado para a linha de montagem.

O contrato para produção em série para o governo prevê investimento de R$ 7,2 bilhões. Mais de 1,5 mil trabalhadores estão envolvidos diretamente no trabalho”.

Dê condições aos seus cientistas e o Brasil se firmará no mundo.

O POVO E A COROA

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.358

CAMPEÃ MISS AMAZONAS. Foto: (Marcos Dantas - G1 AM)

CAMPEÃ MISS AMAZONAS. Foto: (Marcos Dantas – G1 AM)

Notícias inusitadas desse tipo correm mundo. O concurso de Miss Amazonas, além do seu êxito natural, ganhou complemento hilariante e justiceiro. A senhorita Carol Toledo estava muito feliz ao ser apontada como a vencedora do concurso que eleva a vaidade das mulheres.

Acontece, porém, que a concorrente que ficou em segundo lugar, senhorita Sheislane Hayalla, resolveu fazer justiça com as próprias mãos, ao menos pela metade. Inconformada com o resultado desfavorável, a segundona achou que a vitória da sua rival deveu-se ao poder do dinheiro que manda em Manaus. Contra a suposta injustiça e o poder econômico, Sheislane aguardou que a campeã fosse coroada e em seguida partiu para o ataque. Arrancou-lhe a coroa da cabeça (pior seria se tivesse arrancado à cabeça) jogou-a ao chão dizendo que “ela não mereceu”.

Negócio danado, não meu amigo?

Essa foi a edição 2015 do concurso Miss Amazonas, cuja confusão aconteceu na última sexta, dia 30 no Centro de Convenções Vasco Vasques ─ Zona Centro-Oeste de Manaus.

Claro, se a Sheislane estava certo ou errada não sabemos. A atitude correta seria apelar às vias legais a quem de direito. Mas quem pode sustentar a raiva e a revolta e guardar tudo para embrulho?

xxx

Pedimos democracia no Brasil. Lutamos pelo fim da ditadura, onde não havia senador, vereador, deputado e somente a lei da botina imperava no país. Mas lutamos pela liberdade para quê? Para alojar meio mundo de parlamentares que sozinhos carregam o dinheiro sagrado do povo brasileiro! Está aí à assembleia alagoana que até hoje ninguém conseguiu saber quanto ganha oficialmente um deputado e quanto leva cada um no bolo mensal para seus longos bolsos.

Parlamentares da inutilidade deveriam ganhar o mesmo salário dos professores, salário seco sem direito à manobra nenhuma. Mas o que vemos é que não há receita da boba serena que o estado apure que consiga matar a sede dessa areia movediça.

Nem à Justiça pode com a assembleia que brinca de zombar constantemente como vemos nas notícias e mais notícias nos jornais e sites alagoanos.

Depois, eles não querem a ditadura militar para não perder a ordenha gostosa nas tetas da mãe estadual.

Mas um dia o povo cansa e pode fazer tal a “Miss Segunda” com a coroa da “Miss Primeira” do Amazonas. Quem sabe!

O CAMPEÃO VOLTOU

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.357

Foto: (Ivan Raupp, Evelyn Rodrigues e Marcelo Russio - G1)

Foto: (Ivan Raupp, Evelyn Rodrigues e Marcelo Russio – G1)

Na madrugada do último sábado para domingo, toda a nação das artes marciais, vibrou de admiração, respeito e contentamento. A volta do brasileiro Anderson Silva, várias vezes campeão, calou Las Vegas, Estados Unidos e o mundo que estavam em grande expectativa diante do evento. Todos queriam saber como se comportaria a lenda viva do UFC, após a longa temporada que passou em recuperação, depois de ter quebrado a perna na última luta.

Se adversário Nick Diaz, um lutador americano e polêmico, aguardava o adversário num momento que também poderia tornar-se celebridade. A madrugada, para os brasileiros torcedores no Brasil, parecia não ter fim antes do embate Anderson X Nick, diante de tantos preliminares e andanças dos ponteiros. É que em Las Vegas a arena ficou também lotada de brasileiros que pareciam sentir-se em casa, incentivando e vibrando com o campeão por sete vezes, Anderson Silva.

Não se podia esperar muito do “Aranha”, pela sua ausência por mais de um ano fora dos combates e o trauma causado pela parte física. Até mesmo o “Aranha” não sabia qual seria o seu próprio modo de agir diante de um adversário inusitado e provocativo. Anderson, entretanto, aos poucos foi adquirindo confiança e passou a ser a grande sensação da luta, sendo nitidamente superior e seguro.

Por tudo que Anderson havia passado, foi bastante compreensível que ele não partisse direto para liquidar o adversário, pois, pegar confiança era de fundamental importância para o “Aranha”. Silva não decepcionou a ninguém. Lutou seriamente, não caiu em armadilhas e foi crescendo na luta com muita classe e elegância pagando em dobro o que se esperava de um ex-campeão.

Para não se arriscar e botar tudo a perder, teve paciência o suficiente com o seu rival, levando a luta para a última rodada onde caiu ao chão em prantos de emoção por ter sido o vencedor do combate. E para o chão Anderson levou com ele milhões e milhões de brasileiros que tiveram a paciência recompensada em aguardar até alta madrugada.

Um início de fevereiro altamente favorável e emocionante para o planeta e, particularmente para o Brasil.