O MUNDO DOS MONUMENTOS

 

Artista Roninho [à esquerda] e seu auxiliar ao lado da obra já restaurada (Foto: Reprodução / Facebook)

A estátua ao jumento, em Santana do Ipanema, foi feita por um artesão de Pão de Açúcar. Uma perfeição, para a época, em uma obra que se transformou em polêmica nacional. Outros monumentos também merecem destaques em nossos logradouros, como a estátua a Frei Damião, na praça que leva o seu nome; a imagem do padre Cícero no lajeiro grande; o busto do cônego Bulhões, na Praça Cel. Manoel Rodrigues da Rocha e outros mais. Todavia os monumentos não são eternos. O ferro, o bronze, o concreto, a fibra… Todos sofrem ataques de vândalos e da intempérie. O calor, o frio, a mudança de temperatura, vão acabando com a pintura, engrolando a tinta, corroendo o material básico das estátuas. Portanto, a manutenção dos monumentos públicos, faz parte de qualquer administração coerente e comprometida com o patrimônio histórico e cultural de uma cidade.

O bom de tudo isso, é que não se precisa mais trazer restauradores de tão longe para reparos em nossos monumentos. Santana do Ipanema formou pela própria natureza, uma plêiade de artesãos que hoje colaboram eficazmente com esse tipo de trabalho. São elogiados pelos excelentes serviços, em todo território alagoano. E mesmo sendo santos de casa, honram a palavra “artesão” no Brasil inteiro. O que se tornou mais conhecido foi o Roninho, homem que trabalha com os mais diversos tipos de material e desenvolveu técnica própria nos seus experimentos. Preferimos não citar os outros nomes que muitas vezes trabalham em equipe, para não cometer injustiça – pois estamos sem segurança – mas todos eles são semelhantes no que se propõem a realizar.

A decisão municipal de restaurar todos os nossos monumentos foi acertadíssima. Santana, cidade muita visitada, a “Rainha do Sertão”, precisa mesmo um banho de beleza para se vestir como Rainha que ela é. A impressão dos que chegam conta muita com a nossa vaidade de sertanejo santanense e soma com a volta do turista. Esses artesãos maravilhosos merecem a mesma recompensa dos que vêm de longe cobrando uma fortuna. Condições de trabalho e um pagamento justo devem fazer parte da dignidade das suas prestações de serviços.

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de julho de 2018

Crônica: 1.943 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

A RESSACA DA FESTA

(Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net)

Chegamos ao fim da 56ª Festa da Juventude, sob a trégua das chuvas do mês de julho. Você deve ter lido a nossa crônica o “Cachimbo da Serra”, quando flagramos a serra do Poço cachimbando no cimo. Olhe aí a sabedoria popular: próximos dias secos; e foi o que aconteceu. Mas se faltaram as chuvas, não faltou a “caída de gelo” nas noites sertanejas. Frio intenso com elevada umidade na sede e na zona rural, de torar os ossos. Mesmo, assim a tradicional festa foi um sucesso tremendo como sempre acontece nesta época. Com tantos santanenses visitando a terrinha e turistas de vários estados (inclusive, do Sudeste) não poderia deixar de haver transtornos. Mas, em relação à magnitude das brincadeiras, isso foi chamado de café pequeno.

É verdade que algumas brincadeiras não atraem quase ninguém, ficando como uma espécie de enchimento de linguiça. O grosso da movimentação se aglomera no centro da cidade, principalmente às Praças Cel. Manoel Rodrigues da Rocha e a entrada leste da urbe. Mas as sensações de todos os dias estão na periferia próxima, quando os vários barzinhos e restaurantes são os pontos sensacionais dos encontros. Entretanto, o auge da Festa da Juventude são os shows noturnos com artistas famosos, da região e de outras plagas. Aí acontecem os mesmos fenômenos mostrados em qualquer parte do país. Quem não gosta de música? E assim a descontração prossegue até a madrugada com imensa multidão enfrentando a frieza, a umidade e a algumas goladas de “água que pinto não bebe”.

Ontem, último dia de festa, o trânsito estava maluco mesmo por todos os lugares. A Rua Delmiro Gouveia, conhecida com a Rua dos Bares e Restaurantes ficou muito mais estreita do que já é. E na Praça Frei Damião, Santa Quitéria, Ponte General Batista Tubino, apreciamos muitos “meninos queimados”, passos tombando, cabeça baixa e baba na boca. Depois de tantos bons divertimentos na badalada Festa da Juventude, a fama da Rainha do Sertão deverá ganhar o mundo mais uma vez. E uma imensa maioria com dor de cabeça da ressaca de três dias, não viajará hoje, “ainda de tanque cheio”, marcha lenta e força no travão.

Quanto a nós, ficamos no olho da goiabeira, observando tudo.

Parabéns Santana.

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de julho de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1942

MATANDO BODE

Feira de Santana, anos 60. (Foto: Livro 230)

Aos sábados, com o pouco dinheiro no bolso, o menino saía para gastá-lo na feira. Procurava broa, quebra-queixo com castanha ou amendoim, tijolo de jaca, de raiz de imbuzeiro… Descia pelo estreito e imundo Beco do Mercado de Carne construído pelo coronel Lucena Maranhão. Na outra esquina do beco ficava a Casa Vieira. Por trás do seu quintal o monturo cheio de mato ralo, trilhas, onde os homens urinavam e amarravam os cavalos em que vinham para a feira. Mas descobri que ali os matutos matavam bodes, rapidinhos, para suprir o Mercado de Carne ou às bancas espalhadas.

O cabrito era abatido na hora, com um macete de madeira, sem mais delongas, e pendurado ligeiro por uma das patas, numa trave rude, com corda de caroá. O matuto saía tirando o couro do animal, iniciando pela pata amarrada, numa rapidez de ladrão. Eu admirava aquela faquinha amolada que só a gota serena, retirando o couro sem um golpe errado, sequer.

Depois era passear na feira, vê os porcos engradados na Rua do Barulho, contemplar esteiras de caboclos, abanos, vassouras e chapéus de palha no início da Rua Tertuliano Nepomuceno ou ver e comprar besta com caçuás e boi de barro na feira das panelas. Ali, um cabra vendendo o “óleo do peixe-elétrico”, acolá um cordelista oferecendo e cantando folhetos; uma cega bonita tocando sanfona; o repentista Zéquinha Quelé balançando o ganzá; e, mais à frente, dois emboladores em desafio: “Viva a feira de Santana/Viva todo o pessoá/ Viva a feira de Santana/ Tu quer peito pra mamar?”.

Hoje em dia ficamos abismados com as ações que travam e roubam os direitos do povo brasileiro. Levam o dinheiro da merenda escolar; sucateiam o transporte dos estudantes; não concluem obras de relevo; não mantêm médicos nos postos de saúde;  Surrupiam verbas de hospitais; fraudam orçamento público e criam leis para abafar os gritos populares, dentre outras misérias que levam o nome de Estado de Direito.

E quando vamos passar a limpo o calendário vivido, temos a impressão de que o povo virou cabrito e vive pendurado na trave, amarrado de caroá, igualzinho aos bodes do monturo da Casa Vieira. O macete de pau e a peste da faca amolada de tirar o couro passaram das mãos do matuto para as garras dos políticos do Brasil.

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de julho de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.941

IPANEMA, GERSON E A BOLA

Coraça (Foto: Luciano Deppa)

Há muito falamos sobre o tema acima. Todavia, com a preocupação de se mostrar a bola da copa por dentro, nas redes sociais, voltamos ao título. As primeiras bolas utilizadas pelo nosso Ipanema, em Santana, era chamada de couraça. Era uma bola artesanal de couro com abertura costurada, após a colocação de câmara de ar. Era marrom, cor do próprio couro e, no mundo inteiro era assim. Em tempo de chuvas pesava que era um horror. Raríssimo era encontrar artesão para fazer uma couraça. A sua confecção era tão difícil quanto o alfaiate fazer uma batina. Raramente qualquer time tinha mais de duas couraças, o que atrasava em muito as partidas por diversas situações. Somente a partir dos anos 1950, as bolas no mundo começaram a melhora e a evolução até hoje.

Em Santana, conhecemos o Gerson Sapateiro, que diziam que ele jogara no time Ipanema. Como rapazote, víamos Gerson diante da sua tenda na minha Rua, Antônio Tavares. Moreno, alto e gordo. Tinha ótima clientela, mas estava sempre amargurado. Era casada com excelente senhora, parecem-no de nome Dalva ou semelhante, filha de Zé Cambão e Regina Cambão, que prestavam serviços à comunidade e amados por todos. Gerson era um cantor voz de ouro, verdadeiro uirapuru. Dezenas de pessoas pagariam seja lá quanto fosse para ouvir as melodias com o ex-Ipanema. Mas o sapateiro – sempre traumatizado com alguma coisa que só ele sabia – apenas cantava quando queria, assim mesmo durante o trabalho, quando não havia ninguém por perto. (Mário Nambu, único, que cantava as músicas de Augusto Calheiros, também agia assim).

Gerson morava vizinho a outro grande cantor santanense, conhecido como Cícero de Mariquinha (sua mãe). Gostávamos imensamente de todos. Foi uma honra enorme termos vividos no tempo do trio. Gerson, um dos nossos heróis, trabalhava sempre sem camisa. Mas como um adolescente ousaria indagar do cantor/sapateiro sobre seus desgostos! Cada sapato para conserto era uma esperança secreta de que melodia fugaz pudesse escapar da garganta do uirapuru.

Rua Antônio Tavares, rua repleta de heróis que ficaram no anonimato.

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de julho de 2018

Crônica 1.940 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

AS OBRAS COXAS DO BRASIL

Obra custará mais de R$ 77 milhões (Foto: Divulgação / Ministério dos Transportes)

Segundo os “caneiros” do meu bairro, o Brasil continua sendo o país da fuleiragem. É mundo enorme de obras paradas e quando recomeçam param de novo. Uma típica brincadeira de país sem moral, sem o menor respeito ao cidadão honesto e trabalhador. Essas obras inacabadas estão à mostra em todos os lugares, acintosamente, chamando o povo de banquelo, besta e bundão.

Isso vai desde o minúsculo município que se conhece até o requinte das grandes metrópoles, infelizmente.  E quando sai alguma coisa concreta do meio da mediocridade, ainda pedimos parabéns e batemos palmas com se a solução fosse unicamente àquela. Tiremos apenas uma amostra para a vitrina do descaso.

Uma obra de suma importância para a capital, Maceió, como o trevo rodoviário da Polícia Rodoviária, no Tabuleiro, após anos e anos de esperança, teve seus “trecos” embargados. Como é que uma obra com verba federal e de tamanha responsabilidade seja entregue a uma firma que não zela pela segurança dos funcionários e dos transeuntes?

Brasil entregue a golpistas e corruptos, (vejam as denúncias todos os dias) não pode dar certo nem hoje e nem nunca. Dobra o transtorno da população maceioense, em especial os usuários de veículos e o trânsito pesado. O cão continua chupando manga na esquina da tolerância.

“Entendemos que uma intervenção dessa natureza pode gerar reclamação em parte da população, que não vê a hora de a obra estar concluída. Contudo, devemos nos lembrar que o trabalho deve agregar valor a toda sociedade na qual ele está inserido – e um acidente de trabalho, ao contrário, só traz prejuízo: prejuízo para a construtora, que tem sua carga tributária elevada e enfrentará processos judiciais; prejuízo para a família, entra tanto o abalo financeiro quanto psicológico; e prejuízo para a sociedade, pois será mais um benefício do INSS pago pelos cofres públicos”, apontou o auditor Fiscal do Trabalho Alexandre Sabino. (GazetaWeb).

E você, Zé Trabalhador, cidadão contribuinte, o que acha disso?

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de julho de 2018

Crônica: 1.939 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

RABO-DE-ONÇA

Rabo-de-onça (Foto: Clerisvaldo B. Chagas).

O rabo abana, Zé, mas atrapalha. E as diversas fontes procuradas não colocam hífen no rabo da onça. Para que rabo de onça quer hífen, “primo véi?”. Taí, então, rabo sem os pestes dos traços. Vamos mergulhando no Sertão de Conselheiro, padre Cícero, Gonzaga, Jesus e nosso. É muito espinho para um lugar só: Mandacaru, facheiro, xique-xique, alastrado, coroa-de-frade, favela, rasga-beiço, unha-de-gato, rabo-de-raposa e o rabo-de-onça. Mas o rabo-de-onça que falamos é um pequeno cacto ornamental. E assim, vamos à nova regra ortográfica: “O acordo regularizou o uso do hífen na grafia de todas as palavras que indicam espécies de plantas ou animais”. Acabemos a dúvida e coloquemos os benditos hífens.

O rabo-de-raposa, adulto, não serve para jardim pequeno; cresce muito e se esgalha demais. Já o rabo-de-onça, serve muito bem para ornamentar jardins caseiros e lugares de entrada da casa. É pequeno, roliço e farto de espinhos. O seu charme são os diversos tipos de florzinhas roxas que fazem o contraste com o seu verde bastante escuro. Cabe em qualquer lugar. Pessoas usam o rabo apenas como enfeite, mas outras ainda aproveitam para se defender de possíveis demandas, assim como usam a coroa-de-frade. Alegam que o mal chegado não penetra na casa porque se engancha nos seus espinhos. É preciso, porém, cuidado em dobro se a casa tiver criança pequena. Mas que a planta é linda, não há dúvidas.

Assim é o nosso Sertão repleto de riquezas e pouco valorizado pelas autoridades. Imenso laboratório a céu aberto que não despertou ainda o olhar distante da grande maioria de escolas. E se no Nordeste nascesse mais cem Luís Gonzaga, ainda não cantariam nem um quarto dos nossos magníficos sertões. É andando pelas trilhas, em tempo de inverno, que a caatinga desabrocha em toda plenitude. E o bom observador vai passando os olhos nos lombos e na periferia dos lajeiros onde estão os pequenos cactos que embelezam a mata. Nocivo, porém, o ato desembestado de extrair para venda e ajudar assim a extinção das espécies.

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de julho de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.938

O CACHIMBO DA SERRA

Serra do Poço cachimbando. (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

Sertão velho de guerra fazendo uma frieza danada, neste mês de julho. As chuvas têm sido poucas e desiguais. Parece até que o inverno veio adiantado e vai se arrastando até agosto. Os órgãos noticiosos, não acompanham o tempo diariamente no Sertão, de modo que não se pode falar por um todo. E se está ruim na pluviosidade esperada, parece que vai ser bom para a Festa da Juventude e para os festejos da Padroeira, Senhora Santana. Hotéis e pousadas lotados ou quase, o mês parece garantir uma boa trégua para os eventos que atraem pessoas de todos os lugares de Alagoas e de vários outros estados.

Mas no caso da umidade do ar, parece até que estamos na Borborema. Nessas ocasiões o sertanejo mira as serras e os serrotes tentando adivinhar se as poucas chuvas continuam  ou haverá estiagem nos próximos dias. Foi criada a expressão: “serra cachimbando”. Isso quer dizer que está havendo neblina naquelas elevações. Mas ainda tem mais sabedoria matuta e popular deixada pelos nossos avós. Se a neblina estiver acontecendo na parte superior da serra, os próximos dias serão secos. Mas se a névoa estiver acontecendo somente no pé do monte, as chuvas terão continuidade. Flagramos ontem a serra do Poço nessa situação do cachimbar, a partir da região do Centro Bíblico. Aliás, o tempo tem formado belas imagens para o bom observador.

Já estamos no segundo semestre. Mês de julho é mês de frio em nosso Sertão, mas Santana do Ipanema, com sua altitude modesta, não promove festival de inverno ou coisa parecida. Isso fica para Água Branca, lá nas alturas, comadre; ou mesmo em Mar Vermelho, coisas que surgem como maravilhosos eventos. Mesmo assim pipocam festas por todos os lugares com frio ou sem frio, com chuva ou sem chuva. Assim temos festa em Dois Riachos, cidade alegre e festeira e a nossa Festa da Juventude quando a urbe não cabe de tanta gente. Em seguida o novenário da Padroeira com a parte religiosa e a banda profana que ornamentam as nossas tradições. A Rainha do Sertão já está agitada com os acontecimentos que virão. Até as escolas entram em recesso para espiar de pertinho o fuzuê gostoso do mês de julho.

Enquanto isso, a SERRA DO POÇO CONTINUA DANADA CACHIMBANDO.

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de julho de 2018

Crônica: 1.937 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

HOJE A PORCA TORCE O RABO

Brasil x Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo 2018 (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

As expressões sertanejas: “É hoje que a porca torce o rabo”; “vamos ver quem tem roupa na mochila”; ou “é a hora da onça beber água”, se encaixam muito bem no jogo Brasil X Bélgica. Bem que nos deram dois dias de jejum, da Copa. Esses dois dias foram monótonos sem bola e de anseio por espetáculo. É o reflexo de uma paixão nacional que não respeita fronteiras interestaduais. Movido a futebol, cachaça e sofrimento, vai o brasileiro tentando esquecer golpistas, ladrões e traidores, com os gritos de gol na velha Rússia. Esse desabafo nacionalista tem prosseguimento hoje diante da rica nação belga. E se sair à vitória tão aguardada, pelo menos se alivia o peito por algumas horas, enganando as decepções pátrias.

Continuamos sempre colocando palavras e expressões sertanejas em nossos escritos, tentando não deixar morrer nossos usos e costumes. E quando os sertanejos estão diante da telinha, ansiosos pelo jogo, Maria se aproxima e diz: “Chegou a hora da onça beber água”. Quer dizer, a hora da decisão. José confirma a frase de Maria: “Isso mesmo, hoje saberemos que tem roupa na mochila”, isto é, quem será o mais poderoso, o grande vencedor. E assim, não somente o Sertão de meu Deus, mas também os diversos lugares povoados do Brasil aguardam a hora da bola que poderá trazer satisfação ou desgosto. Quem bebe, começa logo cedo à torcida etílica, quem não bebe vai à pipoca com manteiga.

E por falar em manteiga, chega o sebo. Sebo de carneiro capado, como se diz por aqui, para o Tite passar nas canelas de William. Acelerar mais ainda o nosso “Foguetinho” em cima dos gringos é desejo da galera. Os que não gostam de futebol ficam de cara amarrada e vão cumprir missão de c… de ferro no trabalho. E nós já estamos observando o corre-corre na rua em busca de bebidas nos supermercados ou cadeiras desconfortáveis das mesas de bar. Os automóveis passam com bandeirinhas tremulantes jogando força para o território russo. Bem, da nossa parte não corremos tanto, quem deve correr são eles, os que têm procuração para desbancar os galegos, será? Vamos aguardar  a hora da PORCA TORCER O RABO.

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de julho de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.936

LEMBRANÇAS

Antigo Ginásio Santana. (Foto: B. Chagas / Livro 230).

Ah, velho Ginásio Santana que tantos bons serviços prestou aos santanenses. Vendo aqui algumas referências sobre professores, vêm passando pela cabeça velhos mestres. O professor Conrado (História) falava muito em Rocha Pombo (grande historiador brasileiro); Ernande Brandão (Matemática, Geografia, História) não esquecia a frase: “E assim sucessivamente”; Maria Eunice (Francês) mandava a gente fazer um biquinho na pronúncia; Dona Déa (Desenho), a mulher dos triângulos: equilátero, isóscele e escaleno, dizia diante do nosso “não entendi”: “Estou com tanta pena do senhor…”; Alberto Agra (Geografia): “Ninguém pode servir a dois senhores”; Antônio Dias (Porrtuguês): “Errar duas vezes é diabólico”; José Pinto Araújo (Geografia) sempre falando da “ponta Seixas, no Cabo Branco, na Paraíba”; Genival Copinho (Matemática) deixou-nos o tal Crivo de Erastóstenes; e o padre Cirilo (Latim), rindo animadamente conosco porque só entendíamos do seu Latim, a palavra: puella, puella, puella… Aliás, do Latim, dizíamos nós, morrendo de rir: – Latinhorum é difiçorum, quem num filorum num passorum.

O velho casarão sofreu um mostruário intenso de pinturas, desde a sua fundação para ser hospital. Todos os dirigentes, entretanto, sempre tiveram preocupação com sua arquitetura original, como prédio ocioso, quartel de batalhão e escola. É um dos edifícios mais bonitos e elegantes de Santana do Ipanema e que guarda no seu bojo, inúmeras histórias de cangaceiros, volantes e escolares que jamais o tempo destruirá. Situado no Bairro Monumento, faz parte do quarteto patrimonial histórico da cidade, em uma curta área onde estão: Tênis Club Santanense, Escola Estadual Padre Francisco Correia e Igrejinha/monumento a Nossa Senhora da Assunção.

O mais velho do quarteto arquitetônico é a igrejinha/monumento, construída pelo, então, padre Capitulino, no ano de 1899, como marco de passagem do século XIX para o século XX. O padre Manuel Capitulino de Carvalho, também foi político e intendente de Santana do Ipanema – ainda no tempo de vila – chegando a ser governador interino. Era natural da cidade ribeirinha de Piaçabuçu e foi ele quem promoveu Santana/vila a Santana/cidade no breve espaço de tempo em que substituiu o governador Fernandes Lima.

Ô, VIDA “MARVADA!”.

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de julho de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.935

 

CORURIPE E JEQUIÁ PASSAM QUINAU

Foto: Paulo Rios

Muito interessante para o nosso estado, a divulgação de um estudo pela Federação da Indústria do Rio de Janeiro – FIRJAN. De acordo com esse estudo, já divulgado, o município de Coruripe, com balneário marítimo importante, saiu-se muito bem. Situado a 85 km de Maceió, foi o primeiro colocado em IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal), com a pontuação de 0,7731, considerada alta. Esse índice corresponde ao ano de 2018 e, no ano passado, Coruripe obteve o segundo lugar entre os 102 municípios alagoanos. O índice apura dados sobre saúde, educação básica, mortalidade infantil, taxa de emprego e renda média dos trabalhadores. Coruripe alcançou 0,8410 em educação e 0,8114 em saúde, ficando com 0,6668 em emprego e renda.

O IFDM varia de 0 (mínimo) a 1 (máximo).

O estudo revela ainda que Jequiá da Praia, também no litoral Sul, aparece em segundo lugar, com o índice 0,7161. O município de Teotônio Vilela com 0,6980 e Arapiraca em quarto lugar com 0,6918. Ano passado, Jequiá era o primeiro do ranking. Maceió ficou em quinto lugar com 0,6918.

E para nossa tristeza do Sertão, Mata Grande surge como último lugar com 0,4801 e ainda Jacaré dos Homens com 0,4901, penúltimo lugar.

O município de Coruripe é famoso pelo seu balneário, pelas imensas plantações de coqueiros, dunas, farol e até mesmo pelo rio Coruripe. Quem não já ouviu falar nos povoados Lagoa do Pau, Miaí de Baixo, Miaí de Cima e Colônia Pindorama?

Jequiá da Praia, por sua vez, é pequeno, mas tem os mais variados desenhos geográficos em seu litoral, chamado litoral Sul, em relação a Maceió. Seja no litoral, seja no Sertão, é sim motivo de satisfação intensa pelos níveis alcançados. Mesmo os municípios sertanejos de Mata Grande e Jacaré dos Homens, alcançando índices fracos, acreditamos na superação das marcas como já aconteceu com outros territórios.

Medir os índices quase sempre é positivo porque a comparação estimula a concorrência pelo melhor.

Cartas da mesa.

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2018

Crônica: 1.934 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano