O SOFRIMENTO DE JESUS (III)

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho 2015

Crônica Nº 1.438

RESSUREIÇÃO

P. Ressurreição. Perugino (1449-1500)

P. Ressurreição. Perugino (1449-1500)

Mas na tarde do sábado, ao amanhecer o primeiro dia da semana, vieram Maria Madalena e a outra Maria ao ver o sepulcro. E eis que tinha havido um grande terremoto. Porque um anjo do Senhor desceu do céu, e chegando removeu a pedra, e estava assentado sobre ela. E o seu aspecto era como um relâmpago, e a sua vestidura como a neve. E de temor dele se assombraram os guardas, e ficaram como mortos. Mas o anjo, falando primeiro, disse às mulheres: Vós outras não tenhais medo, porque sei que vindes buscar a Jesus, que foi crucificado. Ele já aqui não está, porque ressuscitou como tinha dito; vinde e vede o lugar onde o Senhor estava posto. E ide logo e dizei aos seus discípulos que ele ressuscitou, e ei-lo aí vai adiante de vós para a Galiléia; lá o vereis; olhai o que eu vô-lo disse antes. E saíram logo do sepulcro com medo, e ao mesmo tempo com grande gozo, e foram correndo, dar a nova aos seus discípulos. E eis que lhes saiu Jesus ao encontro dizendo: Deus vos salve. E elas se chegaram a ele e se abraçaram com os seus pés, e o adoraram.

Então lhes disse Jesus: Não temais; ide, dai as novas aos meus irmãos para que vão à Galiléia, que lá me verão. Ao tempo em que elas iam, eis que vieram à cidade alguns dos guardas, e noticiaram aos príncipes dos sacerdotes tudo o que havia sucedido. E tendo-se congregado com os anciãos, depois de tomarem conselho, deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, intimando-lhes esta ordem: Dizei que vieram de noite os seus discípulos, e o levaram furtado, enquanto nós estávamos dormindo. E se chegar isto aos ouvidos do governador, nós lho faremos crer, e atenderemos à vossa segurança. Eles , porém depois de receberem o dinheiro, o fizeram conforme as instruções que tinham. E esta voz, que se divulgou entre os judeus dura até ao dia de hoje. Partiram pois os onze discípulos para a Galeléia, para cima de um monte onde Jesus lhes havia ordenado que se achassem. E vendo-o o adoraram; ainda que alguns tiveram sua dúvida. E chegando Jesus, lhes falou: Tem-se-me me dado todo o poder no céu e na terra. Ide pois e ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Ensinando-os a observar todas as cousas que vos tenho mandado; e estai certos de que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.

(Evangelho segundo Marcos. Bíblia Sagrada.Tradução: padre Antônio Pereira de Figueiredo. Novo Brasil, São Paulo, s.d. paginas 739-40).

O SOFRIMENTO DE JESUS (II)

Clerisvaldo B. Chagas,

Crônica Nº 1.437 

Pintura Crucificação (Gaudênzio Ferrari - 1513)

Pintura Crucificação (Gaudênzio Ferrari – 1513)

“Ao mesmo tempo foram crucificados com ele dois ladrões: um da parte direita, e outro da parte esquerda. E os que iam passando blasfemavam dele, movendo as suas cabeças E dizendo: Ah tu o que destróis o templo de Deus, e o reedificas em três dias, salva-te a ti mesmo: se és filhos de Deus, desce da cruz.

Da mesma sorte, insultando-o também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas e anciãos, diziam: Ele salvou os outros, assim mesmo não se pode salvar; se é rei de Israel, desça agora da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus: livre-o agora, se é seu amigo, porque ele disse: Eu pois sou filho de Deus. E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificados com ele. Mas desde a hora sexta até a hora nona se difundiram trevas sobre toda a terra. E perto da hora nona deu Jesus um grande brado, dizendo: Eli, Eli lamma sabachthani? Isto é, : Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes? Alguns, porém dos que ali estavam, e que ouviram isto, diziam: Este chama por Elias. E logo correndo um deles, tendo tomado uma esponja, a ensopou em vinagre, e a pôs sobre uma cana, e lhe dava a beber. Porém os mais diziam: Deixa, vejamos se vem Elias a livrá-lo.

E Jesus, tornando a dar outro grande brado, rendeu o espírito. E eis que se rasgou o véu do templo em duas partes de alto a baixo; e tremeu a terra, e partiram-se as pedras. E abriram-se as sepulturas; e muitos corpos de santos, que eram mortos, ressurgiram; e saindo das sepulturas, depois da ressurreição de Jesus, vieram à cidade santa, e apareceram a muitos. Mas o centurião, e os que com ele estavam de guarda a Jesus, tendo presenciado o terremoto e os sucessos que aconteciam, tiveram grande medo, e diziam: Na verdade este homem era Filho de Deus. Achavam-se também ali, vendo de longe, muitas mulheres que desde a Galileia tinham seguido a Jesus, subministrando-lhe o necessário, entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. E quando foi lá pela tarde, veio um homem rico de Arimateia, por nome José, que também era discípulo de Jesus. Este chegou a Pilatos, e lhe pediu o corpo de Jesus.Pilatos mandou então que se lhe desse o corpo.Tomando pois o corpo, amortalhou-o José num asseado lençol, e depositou-o no seu sepulcro, que ainda não tinha servido, o qual ele tinha aberto numa rocha. E tapou a boca do sepulcro com uma grande pedra que para ali revolveu, e retirou-se.

E Maria Madalena e a outra Maria, estavam ali assentadas defronte do sepulcro. E no outro dia, que é o seguinte ao parasceve, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus acudiram juntos à casa de Pilatos, dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, vivendo ainda, disse: Eu ei de ressurgir depois de três dias. Dá logo ordem que se guarde o sepulcro até ao dia terceiro; para não suceder que venham seus discípulos, e o furtem, e digam à plebe: ressurgiu dos mortos; e desta sorte virá o último embuste a ser pior do que o primeiro. Pilatos lhes respondeu: Vós aí tendes guardas; ide, guardai-o como entendeis. Eles porém, retirando-se, trabalharam por ficar seguro o sepulcro, selando a campa e pondo-lhe guardas”.

O SOFRIMENTO DE JESUS (I) – (série de três crônicas)

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de junho de 2015

Crônica Nº 1.346

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

“Foi apresentado pois Jesus ao governador, e o governador lhe fez esta pergunta, dizendo: Tu és o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: Tu o dizes. E sendo acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, não respondeu cousa alguma. Então lhe disse Pilatos: Tu não ouves de quantos crimes te fazem cargo? E não lhe respondeu a palavra alguma, de modo que se admirou o governador em grande maneira. Ora o governador tinha por costume, no dia da festa, soltar aquele preso que os do povo quisessem. E naquela ocasião tinha ele um preso afamado, que se chamava Barrabás. Estando pois eles todos juntos, disse-lhes Pilatos: Qual quereis vós que eu vos solte? Barrabás ou Jesus que se chama o Cristo? Porque sabia que por inveja é que lhe haviam entregado. Entretanto, estando ele assentado no seu tribunal, mandou-lhe dizer sua mulher: Não te embaraces com a causa desse justo, porque hoje em sonhos foi muito o que padeci por seu respeito.

Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram aos do povo que pedissem Barrabás, e que fizessem morrer Jesus. E fazendo o governador esta pergunta, lhes disse: Qual dos dois quereis vós que eu vos solte? E responderam eles: Barrabás. Disse-lhe Pilatos: Pois que ei de fazer de Jesus, que se chama o Cristo. Responderam todos: Seja crucificado. O governador lhes disse: Pois que mal tem ele feito? E eles levantaram mais o grito, dizendo: Seja crucificado. Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, mas que cada vez era maior o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos à vista do povo, dizendo: Eu sou inocente do sangue deste justo; vós lá vos avinde. E respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos. Então lhes soltou Barrabás; e depois de fazer açoitar a Jesus, entregou-lhe para ser crucificado. Então os soldados do governador, tomando a Jesus para o levaram ao pretório, fizeram formar à roda dele toda a coorte. E despindo-o, lhe vestiram um manto carmesim. E tecendo uma coroa de espinhos, lhe puseram sobre a cabeça, e na sua mão direita uma cana. E ajoelhado diante dele, o escarneciam, dizendo: Deus te salve, rei dos judeus.

E cuspindo nele, tomaram uma cana, e lhe davam com ela na cabeça. E depois que escarneceram, despiram-lhe o manto, e vestiram-lhe os seus hábitos, e assim o levaram para o crucificarem. E ao sair da cidade acharam um homem de Cirene, por nome Simão; a este constrangeram a que levasse a cruz dele, padecente. E vieram a um lugar que se chama Gólgota, que é o lugar do Calvário. E lhe deram a beber vinho misturado com fel. E tendo-o provado, não o quis beber. E depois que o crucificaram, repartiram as suas vestiduras, lançando sortes; para que se cumprisse o que tinha sido anunciado pelo profeta, que diz: Repartiram entre si as minhas vestiduras, e sobre a minha túnica lançaram sorte. E assentados o guardavam. Puseram-lhe também sobre a cabeça esta inscrição, que declarava a causa da sua morte: ESTE É JESUS REI DOS JUDEUS”.

O CRISTO E O SEU CORPO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de junho de 1015

Crônica Nº 1.345 

PROCISSÃO EM CAMPO ALEGRE (Foto: Divulgação)

PROCISSÃO EM CAMPO ALEGRE (Foto: Divulgação)

Como hoje é a primeira quinta-feira depois do domingo da Santíssima Trindade e também 60 dias após o domingo de Páscoa, temos o Corpo de Cristo, comumente chamado Corpus Christi. Essa festa católica foi instituída pelo Papa Urbano IV no século XIII. O termo vem do latim e significa Corpo de Cristo e propõe celebrar a Eucaristia, ou seja, para uns, a presença simbólica do corpo de Cristo na hóstia, para outros, a presença verdadeira.

Esse dia, tradicionalmente era considerado Dia Santo, mas, de acordo com as leis atuais do país, passou a ser ponto facultativo.

No Brasil, é costume católico enfeitar as ruas por onde irá passar a procissão. Usa-se serragem colorida para confecção de tapetes, mas também areia, farinha e outros materiais nessa prova de amor ao Cristo. Costumam-se, além disso, usar toalhas brancas e lençóis às janelas complementando essa mensagem de fé. Tudo retrata, especialmente a Eucaristia.

É uma Festa de Guarda, que significa para a obrigatoriedade em participar da Santa Missa na forma estabelecida pela conferência episcopal do respectivo país.

“Quanto à procissão pelas vias públicas, atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico (cânone 944) que determina ao bispo diocesano que a providencie, onde for possível, para testemunhar publicamente a adoração e a veneração para com a Santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo. É recomendado que, nestas datas, a não ser por causa grave e urgente, não se ausente da diocese o bispo (cânone 395)”.

A tradição do mundo católico sertanejo de Alagoas, sempre apresenta o sentimento fecundo procurando honrar nas avenidas e igrejas a bela representação do Corpus Christi.

Essa é uma boa oportunidade de reconciliação com o Senhor e com a vida.

A SINA DA CONVIVÊNCIA

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de junho de 2015

Crônica Nº 1.434

Foto: gazetadopovo.com.br

Foto: gazetadopovo.com.br

A meninada da escola do meu neto já me avisou. Vem me fazer uma visita para conversarmos sobre a seca. Muito bom que a escola mostre a esses pequenos habitantes o fenômeno climático de fundamental importância no lugar em que nasceram, vivem e convivem.

Enquanto isso também, compartilhamos a tristeza e preocupação pelas previsões meteorológicas que apontavam maio como o início das chuvas para esse inverno que insiste em nos driblar. Por escrever tanto sobre o nosso sertão e seus problemas, estou adotando, as mensagens que chegam afirmando que a nossa literatura representa o nosso semiárido. Sendo assim, acrescento ao título “Escritor Símbolo de Santana do Ipanema” ao também “Escritor Símbolo do Sertão Alagoano”. Humildade na frente, mas com afirmação dos nossos assíduos leitores.

Espontaneamente, faço como Jesus mandou: servir sempre como fez meu pai e meu avô paterno, cuja ilustração representa abaixo:

Meu avô, José Celestino das Chagas, conhecido como Zuza, era proprietário da Fazenda Trindade, no sítio Poço da Pedra, em Santana do Ipanema. Certa feita uma seca braba tomou conta da região. Na fronteira de Santana com o atual município de Carneiros, todas as fontes da redondeza haviam secado, tornando-se comum a passagem de retirantes pela sua fazenda. O único reservatório de água por ali, era o açude do meu avô. Todos vinham apanhar água naquela barragem artificial, até que um dia alguém advertiu a José Celestino da seguinte maneira: “Seu Zuza, o açude está quase seco. Se eu fosse o senhor não permitiria mais a ninguém retirar água, pois, poderá ficar sem nada”. E o meu avô, que era um homem sábio, filósofo matuto e temente a Deus, disse: “Deixe que todos venham a minha fonte”. A pessoa insistiu indagando: “E se a fonte secar?” Então, o meu avô Zuza, concluiu: “Quando a minha fonte secar, eu irei com os outros em busca de novas fontes”.

Vamos rezar junto aos agropecuaristas pelas fontes de nós todos.

59 ANOS DE RODOVIA EM ALAGOAS

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de junho de 2015

Crônica Nº 1.433 

ANTES ERA O TREM. (Foto: alagoastempo.com.br)

ANTES ERA O TREM. (Foto: alagoastempo.com.br)

Completamos 59 anos da primeira rodovia asfáltica de Alagoas. Foi no dia 29 de janeiro de 1956 quando aconteceu a inauguração do trecho Palmeira dos Índios – Maceió, ainda no governo estadual de Arnon de Mello. A citada rodovia pegava os limites do Sertão/Agreste, Zona da Mata e litoral. Isso representou um marco e tanto no desenvolvimento do estado e um suspiro de alívio profundo para os habitantes do sertão extremo. Pelo menos se excluía a metade do sofrimento de viagens longas até a capital. A metade porque a banda oeste ainda teria de enfrentar a lama, a poeira, atoleiros e catabis até encostar-se à “Princesa do Agreste”, Palmeira dos Índios, oásis dos viajantes sertanejos.

Nos anos 70 e 80 já estavam definidos os pontos de paradas que os interioranos empreendiam até Maceió, em carro pequeno. Palmeira estava fora, e resumiam-se em três os lugares do desjejum. O primeiro era na “Cabeça d’Anta”, entre Palmeira dos Índios e Belém, lugar de terras férteis, barro vermelho e pomares. Era a parada da fruta, onde à margem direita da BR-316 havia uma pequena construção repleta de frutos, sendo o coco verde o carro-chefe mais um engenho manual para caldo de cana. Os automóveis faziam fila no acostamento. Ainda hoje a pequena construção existe, sem as vendas.

A segunda parada ficava após Maribondo, nas curvas de sopé de montanhas, de nome Salgado, lugar de águas excelentes. Era um bom café da manhã. Atualmente a casa de varanda ainda resiste, quase em ruínas.

A terceira parada, para quem queria café reforçado era no sítio Corumbá, perto de Atalaia, onde havia um restaurante à margem direita e, um tipo de macaxeira chamada macaxeira ouro (tinha essa cor), muito saborosa. Mas, como os outros marcos, pelo menos ainda resta à construção azul para os que não apagaram da lembrança

Para quem ia a Maceió nos antigos ônibus da Companhia Progresso, de motor à frente, a parada se dava em Maribondo na “Churrascaria Brasília”, de um italiano, repleta de pensamentos escritos nas paredes.

E antes? Ah, sim! E antes? Pesquise, pesquisador.

HISTORIANDO OS ALFAIATES

Clerisvaldo B. Chagas, 1º de junho de 2015

Crônica Nº 1.432 

Beco São Sebastião, influência da igrejinha da esquina. (Foto: Clerisvaldo)

Beco São Sebastião, influência da igrejinha da esquina. (Foto: Clerisvaldo)

O livro “O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema”, também traz a história dos alfaiates, barbeiros, ferreiros, canoeiros, sapateiros e cabarés de Santana. Não é nada demais dizer, porém, que no sábado passado, feira da cidade, estivemos com o último dos remanescentes alfaiates em Santana. Conversamos muito. Gilson Saraiva, o homem que disputava cabeleira conosco em 1960 (modismo) e bom num taboleiro de “dama”, trabalha no famoso beco do comércio de Santana do Ipanema, São Sebastião. O Beco de São Sebastião fica entre a Rua do Comércio e a Rua Professor Enéas, alguns metros para o leito do rio Ipanema. O beco era famoso quando nas festas do mês de julho de Senhora Santana, formava a via principal para o motel em área livre do rio, ocasião em que os casais procuravam as pedras e areias do leito seco.

Beco de São Sebastião por causa da igrejinha particular da família Rocha, dedicada ao santo, construída na esquina, aproximadamente, em 1915.

Parcial de Santana em dia de feira. (Foto: Clerisvaldo)

Parcial de Santana em dia de feira. (Foto: Clerisvaldo)

Gilson Alfaiate nos falou que o Walter Alcântara ainda era vivo, possuindo serralharia no Bairro Domingos Acácio onde para lá se desloca a pé todos os santos dias com seus mais de oitenta anos.

Walter Alcântara era proprietário da “Alfaiataria Nova Aurora” (abaixo do Beco São Sebastião) com mais de dez funcionários e dominava a região nesse ramo interessante, nas décadas 50-60. Inúmeros foram os discípulos de Walter e que depois se tornaram profissionais independentes, entre eles Gilson Saraiva, Carlos Sabão, Juca Alfaiate e Demerval Pontes, amplamente conhecidos.

Nunca sequer dei um bom-dia ao Walter Alcântara, pois era apenas um garoto que passava para as aulas de “Admissão ao Ginásio”, por sua Alfaiataria, em direção à escola de dona Helena Oliveira na calçada alta da Ponte do Padre. Ali me encontrava com os colegas Neubes, Serrinha Negra, Arquimedes, Demóstenes, Edson Caveirão, Zé Vieira, Galego Bigula, entre outros que não me veem mais à memória.

A “Alfaiataria Nova Aurora” faz parte da história de Santana registrada por mim (único registro). Mesmo assim acho que o Walter nem me conhece, apesar de ter sido colega de repartição da sua virtuosa e educadíssima esposa Léa Malta. A timidez de um garoto não permitia conversar com os mais velhos. Talvez eu vá a sua serralharia para colher mais subsídios sobre a nossa terra e conversar com o homem elegante que marcou época em Santana do Ipanema, cujo pai, foi compadre do meu.

29 Maio

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A OUTRA FACE DOS CANAVIAIS

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de maio de 2015

Crônica Nº1. 431

Plantação de Eucalipto. (Foto: ciflorestas.com.br)

Plantação de Eucalipto. (Foto: ciflorestas.com.br)

Por motivos diversos muda-se a paisagem de mais de quatrocentos anos, forte, verde e extensa dos canaviais das Alagoas.

A Zona da Mata alagoana da Saccharum officinarum L. desde os tempos das invasões holandesas, sempre havia sido o Nordeste rico das elites, dos antigos senhores de engenho, atuais usineiros, proprietários de terras da matéria-prima. A falência dessa classe produtora gerou no passado a chamada “guerra dos mascates”, entre os falidos e os portugueses ricos agiotas.

Cenário forte do escravismo durante centenas de anos, também foi símbolo de prepotência, crimes absurdos e mão de obra contemporânea, extensa e explorada.

Os canaviais ainda representaram o poder político no estado, tanto do executivo quanto do legislativo.

Não sabemos se estamos vivenciando uma nova falência da Saccharum, todavia, o verde escuro da cana-de-açúcar vai cedendo lugar ao verde pálido da silvicultura na foto do eucalipto. No estado, já é uma realidade a mudança paisagística, mas não se tem certeza como ficará o cenário de um futuro de dez ou quinze anos.

Baseado em técnicas agrícolas modernas, esse tipo de plantio vai ocupando a terra em formação florestal silenciosa, ilustrando a planície costeira (tabuleiros) morros, colinas, barrancos e depressões.

Se a alternativa não fosse boa para os proprietários, não aconteceria o plantio, como é óbvio. Para o estado, só o tempo dirá. Para o povo, talvez, se os canaviais fossem substituídos pelos grãos básicos da alimentação brasileira melhorasse bastante diante das toneladas a mais.

De qualquer forma, a geografia econômica do estado vai mudando com a plantação desse produto de origem australiana. Adiante veremos o resultado geral do chamado “deserto verde”.

28 Maio

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O CONTRASTE METEOROLÓGICO

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de maio de 2015.

Crônica Nº 1. 430

BR-316 IGREJINHA DO PADRE CÍCERO. Foto obra-prima: (Clerisvaldo)

BR-316 IGREJINHA DO PADRE CÍCERO. Foto obra-prima: (Clerisvaldo)

Nas particularidades meteorológicas, os estudos estão sempre avançados e suas descobertas impressionantes. Quanto mais sabemos sobre as ações da natureza, maiores são as oportunidades preventivas para um planeta com soluções. Inúmeros são os cientistas anônimos que colaboram para melhor qualidade de vida ofertada a humanidade. A grandeza de fenômenos atmosféricos longe de nós, divulgados em alta dimensão, reduzem, muitas vezes os nossos olhares para as coisas que julgamos menores, perto de nós, mas complexas e instigantes quando nos voltamos para decifrar os seus mistérios.

Em Alagoas, nas viagens constantes Médio Sertão – Maceió e vice-versa, através da BR-316, temos de “cor e salteado” a região mais seca do trajeto. Trata-se do trecho do município de Dois Riachos (Terra da Marta) entre o próprio acidente geográfico Dois Riachos e, aproximadamente, imediações da chamada “pedra do padre Cícero”, entre este município e Cacimbinhas. Ali é constante, verão e inverno, a circulação de carroças de burro conduzindo água em tonéis de plástico rígido e azul. Isso coincide quase em linha reta, com as imediações de trecho semelhante entre Batalha e Jaramataia (mais Jaramataia) pelas rodovias estaduais.

Cremos que esse fenômeno em linhas paralelas e próximas ainda não tenha sido devidamente estudado.

Em Jaramataia, zona de transição sertão/agreste, cria-se o gado bovino, cujos campos são semeados de juazeiros. No verão ocorrem ventos mais fortes e quentes do que em outros lugares. Em Dois Riachos, a presença religiosa no cocuruto de uma pedra à margem da rodovia, indica a Fé inquebrantável no padre Cícero Romão Batista e sua igrejinha. Multidões e multidões acorrem a grande festa em homenagem ao padre do Juazeiro, em sua época, no município de Dois Riachos.

O reverso é importante. Entre dez chuvaradas em que o sertanejo é surpreendido no mesmo trajeto da BR-316, oito são no município de Maribondo (agreste), porém, ainda no Médio Sertão, o homem rural costuma dizer que o município de Olho d’Água das Flores (brejo de pé de serra) é um lugar em que chove bem.

Estude os fenômenos e nos traga o resultado, compadre.

27 Maio

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APELO AO PREFEITO E A CÂMARA EM NOME DA HISTÓRIA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de maio de 2015.

Crônica Nº 1.429

Povoado Areias Brancas ( Foto: Sertão 24 horas)

Povoado Areias Brancas ( Foto: Sertão 24 horas)

Apelamos para o prefeito Mário Silva e a Câmara de Vereadores, para que seja corrigido um erro cometido na gestão passada ou nas gestões passadas. Erro histórico é grave. No livro “O boi, a bota e a batina; história completa de Santana do Ipanema”, contamos também a história completa de todos os povoados do município. A história sobre o povoado Areias Brancas foi exaustivamente pesquisada desde os primeiros moradores aos atuais estudante e jamais encontramos qualquer coisa que chamasse o povoado de “Areia Branca”. Não se admite distorcer a história por simples prazer de alguém que nem se sabe quem seja. Creio que nem a Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte, tenha aprovado tal aberração sem as mínimas provas de um aventureiro qualquer.

Apelamos, portanto, para que o gestor Mário Silva, corrija a placa indicativa colocada naquele povoado com o nome correto que é “Areias Brancas”, no plural e não no singular, como a Areia da Paraíba. Em Alagoas basta o erro Maribondo, quando o correto e Marimbondo e Girau do Ponciano, quando o certo é Jirau do Ponciano. A quem interessa distorcer o título do povoado Areias Brancas? Além disso, apelamos ao prefeito, que documentos e outros afins que estiverem com a aberração, sejam também corrigidos e que seus moradores voltem a sentir a história e a verdadeira tradição da “Terra do Caju”.

ÓLEO

Já o arraial (chamado povoado Óleo) nasceu de uma brincadeira do vereador e presidente da Câmara (já falecido), Jaime Costa. Tendo passado por ali vindo da sua fazenda, próxima, o vereador, vendo o pessoal trabalhando no terreno de argila, o chamou de turma do óleo; uma alusão aos trabalhadores que militam nos postos de gasolina, trocando óleo dos automóveis. O apelido pegou até hoje, mas seus habitantes não sabem a origem do nome. Possuímos texto contando o episódio, para ser entregue aos moradores daquela comunidade, para complemento da sua história municipal. Não tive ainda ocasião de levá-lo, mas encontra-se à disposição do prefeito Mário Silva e dos vereadores, para apresentarem o texto histórico à comunidade do Óleo.

Esperamos ter feito a nossa parte cultural histórica, cabendo ao Executivo e ao Legislativo fazerem a outra parte. Aguardemos.