Blog do Fábio Campos: Cavalo Marinho

23 mar 2015 - 09:00


Ilustração: Fábio Campos

Ilustração: Fábio Campos

Era o ano de 1986. Os dias falavam de quaresma. Na estação rodoviária de Maceió, exatas 14 horas, um ônibus, da Auto Viação Nossa Senhora da Piedade, acabara de deixar a plataforma A-4. A bandeira indicava o destino, a cidade de Porto de Pedras, litoral norte do estado. Os que permaneciam ali. Sentados nos bancos de concreto, ou debruçados no parapeito do amplo salão de espera. Acabaram assistindo a uma cena comum, pra aquela ocasião. Um rapaz, camiseta preta, calça jeans, tênis branco, uma bolsa camuflada às costas. Corria e acenava, mas infelizmente não deu. Vã tentativa, de alcançar o coletivo.

Rui Junior era de Palmeira dos Índios. No entanto, desde a infância vivera e crescera, no bairro do Prado, se considerava um maceionse. Jovem universitário do curso de Química da Ufal. Óculos de grau de aro leve, livros, revistas, walkman, fones de ouvido. Na camiseta preta estampado o símbolo dos Rolling Stones, a escrota língua da banda de rock americana. Na cidade praieira, do norte do estado, pra onde pretendia ir, assumiria a cadeira de professor de Química, de alunos do antigo Colegial, na Escola Nossa Senhora da Glória. Ainda ouvindo música, buscou o guichê da empresa para remarcar o embarque. A viajem acabou ficando para às 17 horas. No lanche do quiosque acabou conhecendo Farnel Cabús, outro professor que por vias do acaso, ia pro mesmo destino, ensinar Ciências, na mesma escola. Foi só o ônibus deixar a capital, e o céu desabou. Chuva torrencial, impetuosa veio, cravejando de relâmpagos e trovões o anuviado pano negro da noite, avizinhada. Os faróis dos carros, luzes refratárias, na pista molhada.

Determinados trechos totalmente alagado, muita cautela exigia dos motoristas. Um caminhão tombado, vinha em sentido contrário. Viaturas piscando, luzes cor de sangue, policiais tentavam, a quase impossível tarefa de, manter o tráfego fluindo. Histórias vinham contadas pelas imagens que passava como filme, através da janela do automóvel comunitário. Um grupo de homens e mulheres seguiam pelo acostamento. Donde viriam? Pra onde iriam? Pelos trajes, de certo do corte da cana. Chapéu na cabeça, lenço amarrado em baixo do queixo, botas sete-léguas. Nas mãos, marmitas, moringas d’água, foice.

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