Interessante são as histórias, mitos e lendas que atravessam os tempos ao longo do Rio São Francisco. Rio da Unidade Nacional que proporcionou o povoamento do interior nordestino e parte de Minas Gerais. À sombra das robustas e seculares crabeiras das suas margens, sentam-se os indivíduos contadores de casos estirados. E babando de contentamento, vai o ouvinte se enrolando ─ como cigarro de palha ─ entre uma dose da boa cachaça mineira e o caldo de peixe da trempe de granito. Enquanto fumega o amassado alumínio, o caboclo explica bem direitinho suas verdades inteiras e meias, encobertas pelo roído chapéu de palha artesanal. Entre as lendas mais famosas está em destaque o “Nego d’Água”.
O “Nego d’Água” é descrito como um negro alto, forte, careca, corpo coberto de escamas mistas com a pele, mãos e pés de pato. Costuma aparecer aos pescadores e outras pessoas junto aos rios. Sua função seria amedrontar as pessoas que por ali passam, partindo anzóis de pesca, furando redes, dando sustos em pessoas nos barcos e mais. Muitos pescadores dizem tê-lo visto.
Manifesta-se com suas gargalhadas e vira as canoas dos pescadores que não lhe dão um peixe.