Blog do Clerisvaldo B. Chagas: o candidato e o anum preto

30 jul 2014 - 04:30


Foto: Internet

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Zé Neguinho era a ave humorista das capoeiras. Pássaro miúdo e negro gostava de vigiar o mundo no cabeçote das estacas. As balas roliças de barro seco zoavam sem parar, mas Zé Neguinho pulava, trilava, batia as asas como quem diz: “acerta o alvo cagão!” O bizaco de balas ia-se esvaziando e, às vezes, nem pedrinhas substitutas havia nas veredas.

Outro passarinho protegido, era o anum-preto. Medonho comedor de insetos derrubados pelos bovinos levava ─ sem merecer ─ a fama de devorador de carrapatos e por isso não era perseguido pelo homem. Entretanto, na raiva, pelo dia ser da caça, bem que o caçador procurava descontar a frustração em cima do Cuculiforme cuculídea das caatingas. Anum-preto não zombava como Zé Neguinho, mas parecia possuir uma rede protetora invisível. Meter-lhe bala de peteca ou chumbo de espingarda, somente matava de raiva o atirador. O bicho era tão difícil de ser atingido que o povo caboclo do sertão repetia o ditado: “Quem tem pólvora pouca não atira em anum”.

Estamos vivendo mais uma fase de campanha eleitoral. Como mandar é bom e gastar dinheiro alheio também, não faltam brigas de raposas pelas tocas idolatradas. Está cada vez mais difícil cordeiro jantar com carnívoro canídeo, isto é, entrar no seu a pulso como diz o povo.

Veja a crônica completa no Blog do Clerisvaldo B. Chagas

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