Aproveitando a novela de Roque Santeiro, procurei saber quem fabricava santos, na região. Ao descobrir, fui à casa do homem para convencê-lo a receber uma visita de alunos, com consequência de trabalhos e notas. Sempre levei meus pupilos para inúmeros lugares com a finalidade de despertá-los para a sociedade.
No dia e hora aprazados, chegamos à casa do artesão que, por sinal, ficava na periferia do Colégio. Fomos recebidos com boa vontade, mas com muita modéstia por aquele homem que jamais tinha registrado visita semelhante. A garotada invadiu o seu atelier, que era apenas uma cobertura aberta de telha com chão de barro batido. Alguns instrumentos maiores estavam ali para ajudá-lo, mas nem uma cadeira havia para alguém sentar. Uma pobreza absoluta que fazia pena! Os estudantes viam as coisas e indagavam, entrevistando com educação o exímio santeiro. O homem pobre não se sentia à vontade ─ percebia-se ─, mas procurava responder com paciência e acanhamento as indagações.
Havia em um canto de parede, cerca de trinta ou quarenta santos de madeira, entre trinta e quarenta centímetros de altura, cada. Nunca havíamos visto tanta perfeição em um trabalho daquele que parecia não ter sido feito por mãos humanas. Após a sabatina da turma, foi a minha vez de perguntar o destino da mercadoria. Os santos eram enviados ao Recife, entregues por preço vil e repassados aos estrangeiros por pequenas fortunas pelos atravessadores.
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