“Porque se chamavam homens, também se chamavam sonhos. E sonhos não envelhecem”. Os imortais versos de Milton Nascimento para o clássico “Clube da Esquina” se encaixam perfeitamente na vida de Michael Quintino. Maceioense do bairro Graciliano Ramos, ele sempre teve um sonho: ser jogador profissional de handebol e jogar na seleção brasileira. Hoje, esse sonho é realidade: Michael se tornou o único alagoano convocado para a Seleção Brasileira Júnior (Sub21).
Para entender melhor a trajetória de Michael é preciso voltar a 2016, quando o garoto, que ama futebol, descobriu o handebol por meio do projeto criado pelo professor de Educação Física Bruno Pessoa, que trabalha na Escola Estadual Geraldo Melo. O recém-descoberto amor pelo esporte logo traria frutos. Isso porque, somente um ano depois, a equipe da escola ganhou o Alagoano Infantil de Handebol, encantando a todos os fãs do esporte.
Sob o comando do professor Bruno, Michael e seus companheiros fizeram história, tornando a Geraldo Melo uma das principais forças do handebol em Alagoas. Além do Alagoano Infantil, o grupo conquistou um ouro nos Jogos Estudantis de Alagoas (Jeal) de 2019 e um ouro na etapa regional dos Jogos Escolares da Juventude (JEJ), no mesmo ano, em Natal (RN). Venceram, ainda, a seletiva estadual da Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE) e o Alagoano de Handebol por duas vezes.
O talento da equipe logo chamou a atenção da seleção cadete masculina de Alagoas, que, além de oito atletas da Geraldo Melo, ainda teve o professor Bruno e o auxiliar Rodrigo Zuza integrando a equipe. O resultado não poderia ser outro: ouro na Copa Nordeste de Seleções, em agosto de 2019.
Uma família
O talento de Michael despertou o interesse de “olheiros” de todo o Brasil e, em 2020, o jovem de 17 anos se mudou para São Paulo, onde passou a jogar pelo Esporte Clube Pinheiros, uma das principais equipes de handebol profissional do país e com quem foi bicampeão brasileiro. Ano passado, ele se mudou para Santa Catarina e fechou contrato com o Handebol Itajaí, sendo vice-campeão da Liga Nacional de Handebol – o maior evento de handebol do país – e 4º colocado no Brasileiro Sub-21.
Mas a distância não diminuiu seu carinho pela escola que o revelou. “A Geraldo Melo teve e ainda tem uma importância enorme na minha trajetória; uma história que nunca poderá ser apagada. Foi lá onde eu descobri o handebol e tive toda a estrutura e apoio para crescer no esporte. Todos me ajudaram muito”, recorda.
A escola é, para Michael, uma família, enquanto o professor Bruno se tornou praticamente um pai. “Não tenho palavras para descrevê-lo. Ele me mostrou uma outra realidade e transformou minha vida por meio do esporte, algo que fez e ainda faz por muitos garotos da escola. Eu acreditei nele e ele acreditou em mim e, por isso, sou eternamente grato”, frisa o jovem.
Igualmente emocionado, o professor resume em uma palavra o que sente pela convocação de Michael: orgulho. “Fico muito feliz de ter um atleta formado em nosso projeto na seleção brasileira. Essa convocação é fruto de muito esforço dele, que, além de ter um talento inigualável, sempre foi um atleta muito focado e determinado. Ser profissional sempre foi seu sonho. E não há salário que compre a minha alegria de tê-lo apresentado ao esporte. Essa conquista é dele, mas também de todos os que fizeram e fazem parte do projeto de handebol da Geraldo Melo”, atesta o professor.
Mundial
Agora, Michael divide seu tempo entre os treinos do Itajaí e a Faculdade de Educação Física, onde já cursa o 4º período. De férias em Maceió até o fim do Carnaval, ele se apresentará à Seleção Brasileira no final do mês. O grupo fará treinos entre 26 de fevereiro e 4 de março, quando será a vez de jogar o Mundial Sub-21 de Handebol, que acontece entre 20 de junho e 2 de julho, na Alemanha e na Grécia.