Sobre Sérgio Campos

Sérgio Soares de Campos, nasceu em 11 de novembro de 1961, em Santana do Ipanema, Alagoas. Possui crônicas publicadas em sites e livros como: À Sombra do Umbuzeiro e À Sombra do Juazeiro. É membro idealizador e cofundador da Associação Guardiões do Rio Ipanema (Agripa). Criou o projeto musical Canteiro da Cultura, lançado dia 14 de dezembro de 2019.


Sobra intolerância e falta criatividade

20 fevereiro 2018


Rivalidade as vezes sai dos gramados (Foto: André Luiz Oliveira Yanckous / Reprodução / Galeria Nikon)

Vários são os temas que nos levam a discussões. E é em algumas delas que a conversa salta de um simples diálogo tolerável, para insultos e acusações descabidas e sem noção.

Percebo que os debates mais acalorados estão sempre ligados a política, religião e futebol. Isso acaba seguindo o velho dito popular: “política, futebol e religião não se discute”.

Eu logo discordo. Todos os assuntos que nos interessa se discute. Uma discussão sadia, onde cada um deve respeitar a opinião do outro deve ser incentivada.

A minha discordância da sua opinião deverá ser respeitada. É ai onde entra outra frase bem propagada: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”.

Essa foi dedicada por muitos anos ao filósofo Voltaire, mas que, pesquisadores descobriram que a verdadeira autoria foi da escritora britânica Evelyn Beatrice Hall, que escreveu a biografia do francês.

Ou seja, durante anos, muitos acreditaram que a afirmação seria de Voltaire, quando não era. Daí, a importância de uma discussão ampla em qualquer assunto. A discussão nos instiga à pesquisa.

Ao invés de revide com violência, trago um exemplo de que a intolerância pode ser revertida em criatividade. O caso aconteceu na década de 1960, protagonizada pela torcida do Flamengo.

Torcidas rivais cariocas chamavam os rubro-negros de “urubus”, por se tratar de uma torcida formada por maioria afrodescendentes e pessoas de baixa renda.

É claro que os flamenguistas se sentiam ofendidos, no entanto, eles absorveram a provocação com irreverência, a partir de um fato inusitado. Quando a torcida rival levou um urubu ao Maracanã, para zombar do adversário, a ave passou a ser exaltada e transformada em mascote.

A minha própria vida tem uma história sadia em relação a rivalidade no futebol. Eu flamenguista e o meu amigo Mário Pacífico, vascaíno, por várias vezes saímos pelas ruas da cidade com uma charanga, onde cabiam as duas bandeiras, rubro-negra e cruzmaltina.

Independentemente de quem fosse o vencedor, nós sempre nos confraternizamos. E, até hoje, passados oito lustres, continuamos nos respeitando: ele defendendo a suas ideias e eu as minhas.

Já está na hora de pararmos para uma profunda reflexão. E o começo de tudo isto está dentro de nós mesmo.

Por vivermos numa comunidade de maioria cristã trago um trecho do Evangelho de Matheus, 7:3, nele, Jesus nos dá um excelente exemplo de como começar a ser tolerante: “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?”.

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