Sobre Diógenes Pereira

Diógenes Rodrigues Pereira é Psicólogo Clínico, Terapeuta Cognitivo Comportamental, Especialista em Avaliação Psicológica, Palestrante, Consultor Pessoal e Organizacional. Formado pelo Centro Universitário Cesmac (Maceió).


Por que sofremos com o luto?

7 abril 2019


Foto: Alexas Fotos / Pixabay

Nas mais variadas regiões do planeta, o luto é vivenciado de maneira diferente, em sua etimologia latina significa: dor, mágoa e lástima. Em nosso contexto cultural Brasileiro, o LUTO está diretamente ligado a perda de um ente querido. Muito embora o termo pode ser utilizado por alguém que perdeu o emprego, um animal de estimação, a casa e etc.  

A morte é única certeza absoluta das nossas vidas, muito embora nunca estamos preparados para lidar com ela independentemente da idade ou do estado de saúde da pessoa que venha a falecer. Nossa sociedade não é treinada para que em algum momento da vida saiba como agir com perda de alguém.

Mesmo quando a família enlutada não a nossa, é comum não sabermos como ajudar, pois não é um processo simples. Muitas pessoas até querem e tentam ajudar, mas tem medo de piorar a situação ou se tornar inconveniente.

É possível ajudar? Como abordar alguém de luto? Será que o melhor é se afastar? O que dizer para confortar alguém que está sofrendo?

Responderei todas essas perguntas logo abaixo.

Perder alguém que amamos é um momento doloroso e delicado, difícil até de explicar a experiência vivenciada por esse turbilhão de sentimentos e emoções que tomam conta de toda família. Nessas horas, é fundamental que os componentes dessa família possam contar com o apoio uns dos outros e dos amigos. Também é possível que outras pessoas mesmo desconhecidas ajudem acolhendo nos momentos de grande emoção.

Se você quer ajudar e não sabe o que dizer, diga apenas “ESTOU AQUI PARA O QUE VOCÊ PRECISAR PODE CONTAR COMIGO”, e deixe que a pessoa enlutada exponha sua emoção, chorar e falar sobre a pessoa que morreu ajuda a aliviar a forte emoção.  

A dor e o peso desse acontecimento se tornam mais leve quando existe a união e o amparo a essa família, é como se houve uma divisão desse peso. É importante que a pessoa seja sensível para acolher, mas nunca trate esse enlutado com pena, não desvalorize a dor dele, não o compare com outras pessoas, cada indivíduo sente a perda em intensidade diferente.

Qual a importância de vivenciar o período de luto?

Algumas pessoas enlutadas tentam disfarçar o seu sofrimento ou até se afastam dos amigos e familiares, esse tipo de atitude não significa que elas não estejam tristes. Talvez por um capricho e não admite que precisa de ajuda, o período do luto é importante e deve ser vivenciado diante de uma perda.

Não existe período exato para elaborar o luto, cada indivíduo tem seu tempo, esse momento serve para estruturar a aceitação da perda, é o popular (encarar de frente o problema) e ajuda o enlutado a entender o processo de morte, reorganizar e encontrar novas maneiras de prosseguir a sua vida. Recomenda-se que o enlutado mantenha suas atividades de trabalho e compromissos, isso também ajuda fortalecer sua importância enquanto pessoa na sociedade.

Sempre ofereça companhia e afeto

Em algumas situações, os amigos e familiares ficam com receio de mencionar o nome da pessoa falecida, evitando fazer algo relacionado ou tocar na memória do ente querido. Esse também é um erro. Você pode (e deve) conversar, relembrar histórias e momentos especiais com o enlutado, ajudando-o a ter uma nova perspectiva sobre o falecido, dessa maneira se dá a conscientização de que o ente querido não volta.

É importante frisar que a saudade e as lembranças sempre estarão presentes na família, o que muda é a intensidade da emoção, esse falecido deve ser mencionado e tratado como morto, isso fará com que a realidade seja organizada.

Se mostre disponível para ajudar

A pessoa enlutada precisa de atenção e apoio, o fato de ter alguma companhia para dividir as tarefas, compartilhar suas angustias, é importante para ele não se sentir sozinho. É claro que também dever ser respeitada suas limitações, nunca devemos forçar falar ou fazer algo que o incomoda.   

O luto pode se transformar em doença?

Em casos que o enlutado tem dificuldade para voltar ao trabalho e as rotinas que tinha antes, se nega guardar e se desfazer de algumas coisas do ente falecido, vive isolado da família e amigos por muito tempo, é recomendável procurar um atendimento especializado, mesmo que o enlutado não queira.

O isolamento e a angústia excessiva podem indicar que o enlutado não está superando a dor como deveria, começando a apresentar sintomas de depressão que precisa de ajuda especializada.

Quando esse comportamento dura muito tempo, é possível que esse luto se torne doença, nesses casos um atendimento psicológico é o mais indicado, para evitar que esse indivíduo entre num processo depressivo.

Em alguns casos a família em processo de luto procura esse suporta psicológico e emocional nos primeiros dias seguintes ao acontecimento, o que também é muito bom para um direcionamento assertivo na recuperação.

O impacto do luto não é determinado pelo grau de parentesco. A intensidade da emoção ocasionada pelo luto varia de acordo com laço afetivo entre quem sente e que morreu. Quando maior a proximidade, companheirismo e confiança, maior será a dor da separação.

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