Artigo: os 59 anos de Olivença e algumas considerações

02 fev 2018 - 07:20


Praça no centro de Olivença (Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net)

Quando a flertei pela primeira vez ela era uma jovem de 32 anos. Jovem ao menos na idade porque a aparência não era lá essas coisas. Estávamos em 1988, ano em que a Assembleia Nacional Constituinte aprovava o texto da nova constituição e o piloto Ayrton Senna conquistava seu primeiro título mundial. Olivença parecia alheia aos acontecimentos nacionais. Era uma das tantas cidades pobres e esquecidas do Brasil.

Sempre que eu retornava das férias para Maceió, a indagação das pessoas era uma só: onde fica essa cidade? Quase três décadas depois não dá pra negar que Olivença passou por transformações e fora definitivamente inserida no mapa. Ruas escuras e hostis ficaram no passado, árvores foram plantadas, praças construídas e até um suntuoso açude a suas margens e uma avenida com ares de metrópole agora fazem parte de sua geografia.

Lembrar que Olivença tem um dos piores IDH’s do estado e que 57,2% de sua população ainda vivem abaixo da linha de pobreza nunca é demais, sobretudo em datas como esta. E mesmo que tenha havido uma significativa redução de 31,5% nos períodos de 2000 até 2010, já que o índice era um escandaloso 83,4%, existe ainda muito o que se fazer para comemorarmos sua verdadeira liberdade.

Curiosamente, como lembra o dramaturgo Nelson Rodrigues, ela, a liberdade é mais importante do que o pão. A cada festa de emancipação é preciso refinarmos o sentido da comemoração, irmos ao âmago da questão, e deixarmo-nos perguntar sem cerimônia: será que somos livre mesmo? Enquanto tivermos o poder concentrado em Brasília e pouca autonomia local a resposta sempre será um não.

Aos desbravadores Manoel e Belarmino de Oliveira nossa gratidão. Aos líderes João e Odilon Vieira nosso reconhecimento. E ao ex-prefeito Mailson Bulhões nosso apreço pela ousadia desenvolvimentista de quando a governou em tempos sombrios. “Uma geração que ignora a história não tem passado nem futuro”. Que reacendemos então nossa memória para que possamos avançar sem apagá-la. Parabéns Olivença

Por Jeno Oliveira* – Colaboraçao

*JENO OLIVEIRA é ex prefeito de Olivença e estudante do 6 período de Jornalismo

Notícias Relacionadas:

Comentários