Sobre Diógenes Pereira

Diógenes Rodrigues Pereira é Psicólogo Clínico, Terapeuta Cognitivo Comportamental, Especialista em Avaliação Psicológica, Palestrante, Consultor Pessoal e Organizacional. Formado pelo Centro Universitário Cesmac (Maceió).


O que está por trás da AUTOMUTILAÇÃO?

9 dezembro 2018


Foto: Divulgação

Automutilação ou autolesão é o ato ou comportamento ESPONTÂNEO e INTENCIONAL de bater ou cortar a sim mesmo. O fato de provocar lesão no próprio corpo nem sempre envolve intensão suicida, a maioria das pessoas que se mutilam ou se arranham, provocam apenas lesões que não colocam sua vida em risco. Muito embora em alguns casos a automutilação começa de maneira superficial e vai se agravando até que o indivíduo causa sua própria morte.

A autoagressão é mais comum do que pensamos, é possível encontrar pessoas de várias idades com esse tipo de comportamento, muito embora, seja mais comum em adolescentes, tendo início por volta dos 12 ou 13 anos, e vai até perto dos 30, em sua maioria mulheres. Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde, cerca de 10% dos jovens admitem que ao menos uma vez na vida se lesionaram de propósito.

Vale lembrar que pode ser ainda maior esse índice, uma vez que muitas dessas pessoas não expõem e nem falam para ninguém dos seus ferimentos. Dentre as formas as mais comuns são: cortar, arranhar, queimar e bater em si mesmo.

Motivações

Pesquisas realizadas com jovens de vários países traçam características entre os que se mutilam. Quando questionados sobre o porquê tem esse comportamento auto agressivo? Dentre os relatos, as justificativas mais comuns são: eu sinto uma dor emocional, uma angústia, uma dor profunda, um aperto na alma, e com essa atitude eu tento aliviar essa pressão dentro de mim.

Outro aspecto encontrado nesses jovens é a autopunição. Principalmente em pessoas com autoestima baixa, se culpam por se sentirem assim, se sentem inconveniente, e que os outros não merecem saber dos seus problemas.

Possíveis Causas

Não existe um motivo ou elemento específico causador desse sofrimento emocional, mas a partir de estudos e casos clínicos é possível identificar que vários aspectos podem desencadear no ser humano esse conflito psicológico.

Dentro da própria vivencia familiar ocorrem fenômenos negativos ao desenvolvimento humano. Por exemplo, relações sem afeto, pais negligentes, pais ausentes, pais violentos, nesse caso são consideradas todo tipo de violência, psicológica, física, sexual. No meio social também existem fatores de risco, o bullying na escola ou na comunidade, e o cyberbullying que se alastram nas mídias sociais.

As cobranças sociais e culturais como imposições da sexualidade, da profissão, e de relacionamentos amorosos. Também são fatores de riscos para os conflitos psicológicos, os eventos traumáticos na infância. Tais como: abuso e violência sexual, morte de pessoas da família. E geram sentimentos negativos de angustia, ansiedade, estresse, tristeza e abandono.  

A automutilação é frequentemente associada ao transtorno de personalidade borderline, mesmo que a autoagressão seja uma das características desse transtorno, a maioria das pessoas que se mutilam não se enquadram nesse transtorno, que é uma grave alteração na personalidade.

Influências

Estatísticas internacionais mostram que aproximadamente 18% das pessoas que se mutilaram, começaram esse comportamento influenciados por pessoas ou grupos com as mesmas problemáticas. Existem até orientações entres os componentes do grupo de como causar as lesões.

A adolescência é o período onde as pessoas estão na formação da sua identidade, é natural que essa busca esteja ligada a necessidade de pertencer a algum grupo. Quando em um grupo alguns dos membros se mutilam, é comum que outros também comecem a se mutilar ou queiram fazê-lo, como se fosse um ritual de entrada. O chamado início por contágio.  

Prevenção

Primeiramente pais e mães observem e sejam próximos dos seus filhos. A maioria dos jovens que se mutilam, seus pais nunca percebem, pois não os vê com pouca ou nenhuma roupa. É fundamental que exista uma relação de afeto e proximidade entre pais e filhos.

Outro ponto importante, é ensinar aos filhos habilidades sociais emocionais para que eles se tornem resiliente para lidar com dificuldades da vida. Ensinar aceitar as perdas, elaborar as frustrações, ensinar a resolver conflitos sem se machucar e sem machucar o outro. Tudo isso é importante para que o ser humano saiba encarar os desafios do mundo.

Tratamento

Nesses conflitos emocionais geralmente o paciente é acompanhado pelo Psicólogo(a) e pelo Psiquiatra, em algumas situações só o acompanhamento psicológico é suficiente e não é necessário tomar medicamento. Nesse processo o envolvimento da família é fundamental para o sucesso no tratamento.

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