As últimas movimentações da extrema direita, leia-se PSDB e seus aliados, são no sentido de tentar ganhar a sociedade para um impeachment da presidente Dilma Rousseff. A presidente é acusada de omissão diante dos escândalos envolvendo diretores da Petrobras, empresas privadas e partidos políticos.
Neste aspecto, as ações da oposição de direita contra o governo tem o apoio descarado da grande mídia, que fazem uma campanha ideológica e sem medidas de desmoralização do PT. Ser petista, para a grande imprensa, é sinônimo de ser corrupto ou ladrão.
Assim, a extrema direita em parceria com a grande mídia trabalha para convencer o judiciário (STF) da responsabilidade de Dilma Rousseff diante do escândalo da Operação Lava Jato e conseguir o seu impeachment. O fato concreto é que tudo isso tem nome, chame-se golpe de estado.
De fato, o clima de instabilidade que se expressa agora não é do acaso, desde a última campanha eleitoral que o discurso reacionário do golpismo vem se apresentando. Basta ver por exemplo, a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, afirmando que o governo não duraria 300 dias, ou manifestações reacionárias exigindo intervenção militar.
É necessário destacar que todos os prognósticos apontam para um aprofundamento da crise econômica do capitalismo. O Brasil que já vive os efeitos desta crise certamente vai passar por um período ainda mais difícil. Diante desta realidade o capital financeiro e o imperialismo precisam ter aliados de confiança para impor o aprofundamento de uma política de austeridade e reprimir os trabalhadores com mão de ferro, a fim de evitar qualquer situação de revolta ou insurgência por parte da classe operária.
Todavia, não podemos deixar de falar dos erros do PT e de seu governo, que fez uma opção clara em governar com aliados mercenários e jogar para os trabalhadores as migalhas que caem da mesa dos senhores. Com ainda mais força no último período o PT se distanciou dos trabalhadores. Basta ver as privatizações que aconteceram no seu governo, os bilhões destinados para agradar a FIFA com a Copa do Mundo, o abandono da reforma agrária e a indisposição de mexer nos interesses dos poderosos.
Como se não bastasse, a presidente Dilma Rousseff escolheu um caminho ainda mais conservador no seu segundo mandato. Começou o seu novo governo mexendo nos direitos dos trabalhadores, praticamente acabando com o seguro-desemprego e retirando direitos previdenciários.
O que o PT promove ao recuar do seu programa, ao abandonar os trabalhadores em nome de uma aparente governabilidade é o fortalecimento da extrema direita. Sem governar para os trabalhadores e pressionada pela extrema direita, com que forças a presidente Dilma pretende se sustentar? Lamentavelmente com os mercenários que compõem a base do governo. Isso mesmo, o PT se limita a fazer manobras parlamentares para enfrentar a oposição. Parece que esqueceram do mensalão e da lição de que não se pode confiar em aliado comprado.
O fato é que se a presidente Dilma tivesse coragem teria expropriado todas as empresas privadas envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras, também teria estatizado todo a parte privatizada da Petrobras. Alias, fica evidente com este escândalo que o principal motivo para o aumento do preço dos combustíveis e a corrupção reside exatamente na privatização e na propriedade privada dos meios de produção. Os acionistas precisam obter lucros cada vez maiores, por isso exigem que o preço dos combustíveis seja mais caro, assim como os capitalistas que fazem contrato com a Petrobras só podem ficar mais ricos se conseguirem facilitações para as suas negociatas.
Apesar de tudo isso devemos nos posicionar contra o golpe que se avizinha. A extrema direita pretende organizar um golpe com aparência de democrático e legal. O imperialismo já organizou golpes semelhantes recentemente, como é o caso de Honduras e do Paraguai. É claro que se houver resistência o aparelho repressor do Estado entrará em cena para praticar a mesma violência brutal que praticou de 1964 a 1985.
É preciso esclarecer para o povo que esse discurso moralista praticado pela extrema direita é falso, pois o PSDB e seus aliados não tem a menor autoridade de falar em corrupção, basta ver que a própria operação Lava Jato mostra esquemas envolvendo lideranças do PSDB e outros partidos da direita. Isso sem falar de toda a corrupção no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como prova o livro A Privataria Tucana.
Esse golpe, portanto, não é apenas contra o PT, mas contra os movimentos sociais, contra os sindicatos, contra a esquerda revolucionária. Esse golpe, que eles chamam de impeachment, é contra a classe trabalhadora.
Diante do aprofundamento da crise, a burguesia nacional e internacional trabalhará incansavelmente para aumentar seus lucros e punir ainda mais os trabalhadores jogando sobre suas costas o peso da crise. Ademais, o capital financeiro e o imperialismo temem o avanço da organização e da consciência do proletariado brasileiro. Sabem que em breve podemos viver uma onda revolucionária no Brasil e não pretendem medir esforços para impedi-la.
Devemos esclarecer os trabalhadores sobre a situação política do país e convocá-los para lutar pelas pautas históricas do proletariado. É necessário convocar uma jornada de manifestações populares para exigir aumento geral dos salários, reestatização das empresas públicas privatizadas, auditoria da dívida pública, expropriação das empresas privadas envolvidas em corrupção, prisão para corruptos e corruptores, reforma agrária para acabar com o latifúndio, reforma urbana para acabar com o deficit habitacional e taxação das grandes fortunas.
Derrotar o golpe e organizar as lutas proletárias! Esse o caminho que temos que trilhar para construir uma nova alternativa de esquerda para o Brasil. Uma alternativa necessária diante da falência da social-democracia e do avanço da extrema direita.
Por Magno Francisco da Silva* – Colaboração
*É filósofo e professor da Universidade Federal de Alagoas