Diversidade. Essa é a palavra que traduz as primeiras nomeações reveladas pela equipe de transição do presidente eleito dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden. Na contramão do governo anterior, caracterizado por medidas conservadoras e pouco amistosas com a agenda global, Biden está construindo uma equipe diversa, tanto em questão de raça quanto de nacionalidade e gênero.
O destaque vai para a nomeação de Avril Haines, primeira mulher a comandar a Inteligência Nacional, e para Alejandro Mayorkas, um imigrante cubano como secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos. Além disso, na presidência, Biden terá a seu lado Kamala Harris, a primeira mulher nesta posição, formando uma chapa que acena para minorias. A vice-presidente é negra e filha de uma indiana e um jamaicano.
Como já era esperado pelas suas propostas de campanha, o presidente eleito caminha de mãos dadas com a Agenda Global e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Se as nomeações que citei anteriormente foram um incentivo aos ODS de Igualdade de Gênero e Redução das Desigualdades, a escolha por John Kerry, ex-secretário de Estado de Obama, como enviado especial para o clima, sela a paz do novo governo com o reconhecimento da Mudança Global Climática.
Além de contribuir com a Agenda, o foco em uma política de descarbonização no país pode gerar novas oportunidades de negócios e aproximar os Estados Unidos do mercado europeu. Outro benefício é a grande pressão que essas ações irão exercer mundialmente, em especial em suas relações com o Brasil.
Biden inaugura uma nova fase para os americanos e para o mundo, algo que se assemelha à um novo iluminismo, que consagra a escolha pela ciência frente às crendices do governo anterior, e que privilegia a experiência profissional na gestão pública frente aos favorecimentos eleitorais. O novo presidente promete “humanizar” as relações internacionais e tentar consertar os irreparáveis erros cometidos nas áreas de imigração pelo governo Trump.
O recado de Joe Biden é claro: seu governo é o fim da política segregacionista, xenofóbica, negacionista e conservadora que muitos líderes mundiais tentam impor aos seus compatriotas. A Agenda Global agradece.
Por Norman Arruda Filho* – colaboração
*Norman Arruda Filho é Presidente do ISAE Escola de Negócios e Membro do Comitê Brasileiro do Pacto Global das Nações Unidas.