Convocados pelo presidente, Sérgio Soares Campos, os Guardiões do Rio Ipanema, estiveram em sua sede provisória ─ Escola Estadual Profª Helena Braga das Chagas ─ no Bairro São José, sábado passado, com a finalidade de discutir e aprovar o estatuto da Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA. Com maioria absoluta da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal, o Estatuto foi lido, discutido e aprovado por unanimidade. A Diretoria estuda a possibilidade de registro ainda dentro deste mês de agosto.
Os próximos passos estarão voltados para incursões no trecho urbano do Ipanema, desde o Poço Grande às Cachoeiras, para levantamento in loco dos problemas que sufocam o rio. Os afluentes urbanos também serão inspecionados, ocasião em que os arquivos da AGRIPA serão enriquecidos com o depoimento das comunidades ao longo do trecho trabalhado. Para maior segurança em suas próximas tarefas, os Guardiões deverão convidar geólogos e geógrafos para diagnósticos precisos como limites do leito do rio, lençol freático e extração mineral.
A fase organizacional interna poderá se estender através de meses, mas as ações objetivas e visíveis dos Guardiões estarão todas estruturadas quando acontecer. Isso proporcionará êxito concreto, pois a pressa, já dizia alguém, é inimiga da perfeição. Quem esperou até agora, poderá esperar um pouco mais.
No final da reunião do sábado, os guardiões receberam uma bela página musical de Cícero Ferreira Barbosa, o Ferreirinha, Conselheiro Fiscal, uma espécie de hino ao Ipanema, que recebeu o título de “Xote dos Guardiões”. Eis a letra:
XOTE DOS GUARDIÕES
Velho Panema
Pelos índios batizado
Limpinho, cristalizado
Sertão abaixo corria
A sua água não oferecia risco
De Pesqueira ao São Francisco
A todo povo servia
Por isso agora
O Guardião lhes convida
Para devolver à vida
Ao nosso velho Panema (Refrão)
E ver de novo
Aquelas velhas imagens
Bebendo nas suas margens
Lagartos, tatus e ema
O bom carreiro
De diversas regiões
Da Marcela ou dos Torrões
Água potável trazia
Matando a sede
E outras necessidades
Que muitas celebridades
Tomavam banho e bebia
(Refrão)
Não se ver mais
Aquela paisagem bela
Flor vermelha e amarela
Simbolizando alegria
E nas ramagens
Dos velhos pés de ariús
Debaixo dos mulungus
Acabou-se a água fria
(Refrão)
Os mulungus
As grandes caraibeiras
Cortadas nas ribanceiras
Quem ver não sente alegria
Os juazeiros, jenipapo e catingueiras
Viraram tudo fogueira
A margem ficou vazia
(Refrão)
Queremos ver
Nossa cidade crescendo
E o nossos rios correndo
Com paz e com harmonia
E os nossos filhos
Jogando bola, brincando
Gritando e tomando banho
Na transparência sadia.
Deretoria