Levantamento divulgado na segunda-feira (13), pelo Centro de Liderança Pública (CLP), revela que Alagoas é o 2º do Nordeste e 5º do país em número de alunos de pós-graduação beneficiados com bolsas de estudo. De acordo com os dados, 37% dos estudantes alagoanos nessa categoria contam com benefícios do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) ou Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).
O indicador de bolsas de mestrado e doutorado – que compõe o pilar de Inovação do Ranking de Competitividade dos Estados – toma como base dados de 2021. Em relação ao ano anterior, Alagoas ganhou 14 posições. O ranking é uma ferramenta desenvolvida pelo CLP que visa apoiar líderes públicos brasileiros nas tomadas de decisão, com foco na melhoria da gestão dos seus Estados.
No Nordeste, Alagoas fica atrás apenas de Pernambuco, que tem 39,03% dos alunos de pós-graduação beneficiados com bolsas. O estado aparece à frente da Paraíba, que está em terceiro lugar com 34,33%, Ceará (30,90%), Maranhão (28,71%), Bahia (28,23%), Sergipe (26,6%), Rio Grande do Norte (26,5%) e Piauí (21,88%).
Em todo o País, o indicador é encabeçado pelo estado do Amazonas, com 46,88%. Em seguida aparecem Pernambuco, São Paulo (38,06%) e Rio Grande do Sul (37,02%). Na outra ponta, Roraima aparece em último lugar do país, com apenas 12,6% dos alunos de pós-graduação beneficiados por algum tipo de bolsa.
Dados da Fapeal revelam que somente no mês de abril deste ano, 426 alunos de pós-graduação estão beneficiados com bolsa da instituição — sendo 296 bolsas de mestrado, no valor de R$ 2.100, cada, e 130 de doutorado (R$ 3.100, cada). Em média, é investido mensalmente R$ 1 milhão em recursos do Governo do Estado.
Um dos beneficiados pelo Programa de Pós-Graduação (PPG) da Fapeal, o farmacêutico Sávio Ricardo faz mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e acredita que ser contemplado com uma bolsa de estudo é fundamental para o desenvolvimento do pesquisador e para a produção do conhecimento científico de qualidade.
“A gente sabe que a pesquisa é essencial para o avanço da ciência e da tecnologia, e sem o incentivo adequado aos pesquisadores, aos trabalhadores da pesquisa, esse avanço seria bem prejudicado”, justifica.
Para ele, a bolsa proporciona aos estudantes da pós-graduação a oportunidade de se dedicar exclusivamente e integralmente aos estudos e à pesquisa, sem se preocupar tanto com a parte financeira. “Isso permite que o pesquisador possa ter essa dedicação plena ao trabalho e ampliar a qualidade e a produtividade da pesquisa”, defende o estudante, que no mestrado desenvolve a pesquisa Análise quantitativa do uso de substâncias psicoativas por profissionais de saúde de um hospital universitário de grande porte, sob a orientação da professora-doutora Aline Fidelis.
A bolsa de pós-graduação também tem sido importante para Fábio Souza Moura, que faz doutorado em farmácia na Ufal, onde desenvolve pesquisa sobre Avaliação do potencial leishmanicida in vitro de extratos provenientes da pirólise da biomassa vegetal, sob orientação das professoras doutoras Aline Cavalcanti de Queiroz e Magna Suzana Alexandre Moreira. Ele explica que como tem vínculo empregatício, o benefício foi fundamental para conseguir redução da jornada de trabalho sem ter prejuízos significativos na renda.
“Antes era muito difícil para os alunos de pós-graduação que tinham vínculo empregatício conseguir conciliar a pesquisa com o trabalho, pois tínhamos que fazer uma opção”, ressalta. “Hoje fica bem mais fácil, pois com a bolsa, conseguimos um subsídio para uma redução da jornada de trabalho”, acrescenta.
Qualificação de mão de obra jovem
O diretor-presidente da Fapeal, professor Fábio Guedes, lembrou que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Ciência e Tecnologia de Inovação e Fapeal, tem o compromisso de lançar editais para bolsas de pós-graduação, contribuindo para que Alagoas se destaque nacionalmente em termos de cobertura de alunos em mestrado e doutorado.
“Isso é muito importante para qualificar a nossa mão de obra jovem, e também permitir com que avancemos na área de Ciência e Tecnologia de Inovação, para que possamos ter bons projetos e também incentivar o sistema estadual de produção do conhecimento e geração de empresas de base tecnológica”, ressalta.
Ranking
O Ranking de Competitividade dos Estados foi concebido pelo CLP em 2011, com o desenvolvimento técnico a cargo da Economist Intelligence Unit, com o intuito de gerar diagnósticos e direcionamentos para a atuação dos líderes públicos estaduais.
Os 99 indicadores adotados e avaliados no ranking – entre eles o que mede o nível de bolsa de mestrado e doutorado – foram utilizados como forma de mensuração de dois conjuntos de avaliação em sustentabilidade bem conhecidos e validadas no mercado: os critérios ESG (sigla em inglês que quer dizer ambiental, social e governança) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Além de Bolsa de Mestrado e Doutorado, o pilar de Inovação é composto por Investimentos Públicos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), Patentes, Empreendimentos Inovadores e Pesquisa Científica.
“A competitividade de um Estado está diretamente ligada à capacidade de ação dos seus líderes públicos. O ranking veio oferecer as bases para a construção do legado de competitividade para aqueles governos que assim desejam fazer”, explica o diretor executivo da CLP, Tadeu Barros.
Segundo ele, os governos estão em posição privilegiada para atuar na conscientização da população, ao mesmo tempo em que podem ser ponte entre os governos centrais e organizações da sociedade civil, do setor privado e academia, endereçando o tema da sustentabilidade como valor fundamental para o desenvolvimento.