AL tem mais de 360 mil analfabetos e 255 mil jovens que não trabalham nem estudam Pesquisa divulgada pelo IBGE mostra que, apesar de avanços no cenário da educação nos últimos anos, AL ainda enfrenta desafios.

Nathalia Leal / Ascom IBGE

27 mar 2024 - 08:00


Foto: Acervo IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na sexta-feira (22), novos dados sobre o cenário do ensino e instrução em todo o país. As informações fazem parte do módulo anual de Educação, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), em 2023.

Há informações sobre analfabetismo, taxa de escolaridade, nível de instrução, frequência escolar, acesso ao ensino técnico ou superior, ocupação, dentre outros indicadores relevantes.

AL tem maior taxa de analfabetismo do país

Apesar de ter diminuído para o menor valor em toda a série histórica, iniciada em 2016, Alagoas ainda é o estado com maior taxa de analfabetismo em todo o país. São cerca de 366 mil pessoas de 15 anos ou mais que não sabem ler ou escrever, o que corresponde a uma taxa 14,2%.

A taxa de analfabetismo em AL (14,2%) é quase três vezes superior à da média nacional (5,4%).

Pretos, homens, e maiores de 60 anos são os recortes mais atingidos. Entre os homens de 60 anos ou mais, a taxa chega a 40,6% de analfabetismo. A média nacional para o mesmo recorte é de 15,4%.

255 mil jovens nem estudam, nem trabalham

No Brasil, cerca de 19,8% da população entre 15 e 29 anos de idade não estuda nem trabalha.

Alagoas, por sua vez, apresenta um índice significativamente maior do que a média nacional: 30,2% dos jovens dessa faixa etária não estão ocupados, nem frequentam qualquer tipo de escola, curso pré-vestibular, técnico de nível médio, magistério, ou qualificação profissional. Entre as mulheres, o número salta para 37,4%, tendência que se repete em todo o Brasil.

O estado ocupa a segunda posição no país, atrás apenas do Acre (31,8%).

Os números, no entanto, vem caindo desde 2019, quando o percentual de jovens sem estudo ou ocupação era de 34,6% em AL.

Avanços na escolarização

“Ensino fundamental incompleto ou equivalente” ainda é o nível de escolaridade predominante em Alagoas, abarcando 33% da população com 25 anos ou mais, em 2023.

Contudo, ao observar a série histórica, é possível perceber o ritmo crescente de escolarização, com diminuição significativa da população sem instrução ou com fundamental completo; e aumento do percentual que concluiu o ensino médio ou superior.

Em 2016, AL tinha apenas 8,4% da população com superior completo. Na época, mais da metade das pessoas de 25 anos ou mais (57,2%) não possuía instrução (18,1%) ou não tinha terminado o ensino fundamental (39,1%). Os últimos indicadores, referentes a 2023, mostram um cenário de melhora: 13,1% concluiu o ensino superior.

Pretos e pardos têm menor número de anos de estudo

O número médio de anos de estudo entre a população de 25 anos ou mais é de 8,4 anos em Alagoas, abaixo da média nacional de 9,9 e da média regional de 8,7 anos.

As mulheres dessa faixa etária tendem a acumular mais tempo de escolarização: são 8,8 anos de estudo contra 8,0 para os homens alagoanos.

No recorte racial, as pessoas brancas tendem a ter maior número de anos de estudo: 9,5 anos de estudo para brancos e 8,1 anos para pretos ou pardos na população de 25 anos ou mais.

A população preta ou parda também é a que possui menor nível de escolaridade: são 48% sem instrução ou com fundamental incompleto, contra 38,2% de brancos na mesma situação. Já no ensino superior, o percentual é de 20,3% de brancos com graduação completa, contra 10,7% de pretos ou pardos.

Predomínio da rede pública

AL tem a maior parte dos seus estudantes matriculada na rede pública em quase todos os níveis de escolaridade: creche e pré-escola (71,8%); Avanço do Jovem na Aprendizagem – AJA, ensino fundamental e Educação de Jovens e Adultos – EJA do ensino fundamental (83,9%); ensino médio (88,3%).

Apenas o ensino superior (66%) e a especialização, mestrado ou doutorado (66,4%) possuem maior percentual de matriculados na rede privada.

Sobre a pesquisa

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo IBGE, é uma pesquisa amostral realizada de modo mensal, trimestral ou anual, para obter dados acerca do mercado de trabalho e demais indicadores relevantes para o desenvolvimento socioeconômico do país, bem como a elaboração de políticas públicas.

Os dados do módulo de Educação podem ser consultados de forma pública através da plataforma SIDRA.

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