AL celebra Dia Internacional da Mulher Negra Afro-Latino-Americana e Caribenha Evento organizado pelos Núcleos de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Ufal, Ifal, Uncisal e Uneal, o evento propõe debater a diversidade da mulher negra e suas experiências nos diversos campos da ciência e da sociedade.

ASCOM IFAL

22 jul 2024 - 12:00


Foto: Ascom IFAL

No dia 29 de julho, será realizado, no Auditório Oscar Sátiro, localizado no Campus Maceió do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), o I Pretas nas Ciências, que celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado no dia 25 de julho. O evento é gratuito, aberto para discentes universitários, de ensino médio e sociedade em geral, e integra a programação oficial do Julho das Pretas, organizado pela Rede de Mulheres Negras do Nordeste. O encontro é uma organização conjunta dos Núcleos de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), do Ifal, da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) e da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal).

Rosa Correia, vice-coordenadora do Neabi da Ufal, conta que a data é um marco da luta e resistência das mulheres contra a discriminação racial, social e de gênero. “O Pretas nas Ciências é um espaço para dar visibilidade às mulheres não-brancas alagoanas e seus saberes-fazeres nas várias áreas das ciências e dos conhecimentos tradicionais, além de compartilhar as dizibilidades múltiplas diariamente silenciadas ou deixadas em segundo plano pelas relações de poder e domínio dos homens sobre as mulheres e todos as demais identidades que não seguem o padrão normativo de raça, gênero e sexualidade”, diz a vice-coordenadora. 

“A ideia do evento surgiu no ano passado, após observar que nenhum evento que as pesquisadoras do Neabi da Ufal participaram alusivo à data foi organizado por Neabis de instituições de ensino superior alagoanas. Essa situação nos levou a pensar em um evento construído por nós, mulheres negras cientistas e ativistas sociais, e desde então começamos a trabalhar nesse propósito”, complementa Rosa. 

Sobre o 25 de julho
No dia 25 de julho de 1992, aconteceu em Santo Domingo, capital da República Dominicana, o 1° Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, que reuniu mulheres de diversos países para discutir questões relacionadas ao racismo, machismo e outras formas de opressão que as mulheres negras sofrem na sociedade. Ainda no mesmo ano, a data foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher Negra Afro-Latina-Americana e Caribenha com o intuito de promover a luta das mulheres negras por direitos, reconhecimento e igualdade. No Brasil, a data ganha um conceito ainda mais significativo pois marca o Dia Nacional de Teresa de Benguela – uma grande líder quilombola do século XVIII – e da Mulher Negra, instituída por meio de Lei 12.987/14. 

Ewelyn Marilia, graduanda em História e pesquisadora do Neabi/Ufal, irá compor uma das mesas como mediadora e conta sobre suas expectativas em fazer parte deste evento que traz para o centro de debate os saberes das mulheres negras. “Julho é um mês consolidado para debater essa temática, por isso eu espero que esse momento venha para somar e fazer as pessoas refletirem sobre a luta das mulheres negras, principalmente aqui em Alagoas. Tenho certeza que será um momento especial, sobretudo, porque estarei com nomes que fazem parte da minha pesquisa sobre a capoeira. Estou bastante empolgada”, conta.

Movimento Julho das Pretas
O Julho das Pretas é uma articulação nacional fundada em 2013 pela organização feminista negra Odara – Instituto da Mulher Negra, sediada em Salvador (BA), que coloca em pauta todos os anos as desigualdades de gênero e raça que envolvem a mulher negra no Brasil. 

Jessyka Faustino, jornalista e parte da organização do evento, exalta a contribuição das mulheres negras na ciência, na construção dos movimentos sociais e no desenvolvimento da sociedade. “Alagoas é uma terra histórica do movimento negro e da luta negra feminina. Nós temos referenciais de mulheres negras heroínas, que muitas vezes são esquecidas, mas que fizeram história, existem e continuam existindo. Esta data vem para relembrar que essas mulheres não estão somente no campo das ciências humanas, mas também nas exatas, no direito, na saúde e que diariamente lutam por direitos, por acesso e por políticas públicas. É um movimento está em constante crescimento”, conclui.

 

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