Uma ação integrada entre as Polícias Civis de Alagoas e São Paulo culminou com a apreensão, na noite desta segunda-feira (28), de um adolescente acusado de envolvido na morte do policial federal Marcelo Luís de Miranda, 46 anos, durante um assalto ocorrido em fevereiro deste ano. O menor foi localizado no município de Senador Rui Palmeira, Sertão Alagoano, e não reagiu à prisão.
Para dar detalhes do caso, o delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Carlos Alberto Reis, e a diretora de Polícia Judiciária da Área 1 (DPJA 1), Ana Luiza Nogueira, acompanhados dos delegados paulistas Antônio Sucupira e Danilo Alexiadis convocaram uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (29), na sede da Delegacia Geral da PC/AL em Jacarecica.
O trabalho em conjunto teve início na semana passada quando os representantes da PC de São Paulo pediram apoio aos delegados alagoanos, já que as investigações levaram a um dos acusados do crime, que estaria escondido num município de Alagoas. Na coletiva, os delegados informaram detalhes da prisão e do crime que vitimou o agente federal em São Paulo.
A delegada Ana Luiza Nogueira informou que a prisão aconteceu após uma suspeita de que o acusado do crime estava escondido em Alagoas. A apreensão do adolescente J.E.A.H., de 17 anos, aconteceu durante uma operação policial na noite desta segunda-feira em Senador Rui Palmeira. O menor havia saído da escola e estava conversando com dois colegas numa praça quando foi abordado pelos agentes da PC. O acusado não reagiu à prisão e confessou o envolvimento no caso aos delegados da PC de São Paulo.
“Ele confessou a prática delitiva, não esboçou reação e disse que veio para o Estado de Alagoas se esconder. O menor era alagoano, mas residia com os pais em São Paulo desde os dois anos de idade. Após participar do crime, J.E.A.H. fugiu para Alagoas, onde estava morando com a avó”, disse a delegada Ana Luiza Nogueira, confirmando que se trata de um adolescente de extrema periculosidade.
Após ser apreendido, o adolescente foi apresentado, na manhã desta terça-feira, ao juiz Ney Costa Alcântara, da 1ª Vara da Infância e da Juventude de Maceió, onde novamente confessou o crime e contou detalhes da ação. Em seguida, o magistrado decretou a internação provisória do menor, que foi encaminhado à Unidade de Internação. Amanhã, ele será levado para São Paulo pelos dois delegados, onde irá responder pelo ato infracional de latrocínio.
Menor é reincidente e cumpria medidas socioeducativas
Os delegados de São Paulo afirmaram, durante a coletiva, que o menor apreendido em Alagoas já tem passagem pela polícia, pelo crime de tráfico de drogas. Ele cumpria medidas socioeducativas e estava em liberdade assistida. “O menor residia com os pais numa das maiores favelas do estado, a Paraisópolis. Como o rapaz precisava ir mensalmente à Vara e infelizmente cometeu esse segundo crime mais grave. Fugiu e acabou infringindo a medida que foi aplicada, que deverá ser revogada e provavelmente o juiz irá determinar uma apreensão”, colocou Danilo Alexiadis.
O delegado explicou que as investigações levaram a polícia à localização do acusado, que foi confirmada pela polícia alagoana. “Com a confirmação, conseguimos uma ordem judicial da Vara da Infância e da Juventude de São Paulo e essa ordem foi revalidada pelo juiz local”, acrescentou o delegado.
Apesar da prisão, o menor só deve cumprir pena durante três anos e em seguida ganhar liberdade. “A sociedade brasileira clama por justiça e nós estamos aqui para que a lei seja cumprida. Se o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) nos dá o direito de apreender o adolescente infrator, mesmo que a medida socioeducativa seja uma internação de apenas três anos, mesmo sendo um fato grave, a polícia nem por isso irá deixar de executar o seu trabalho. A sociedade almeja e nos cobra isso”, acrescentou o delegado Antônio Sucupira.
Policial foi vítima de latrocínio no trânsito
A morte do policial federal Marcelo Luís de Miranda, 46 anos, aconteceu seis dias após a tentativa de assalto no bairro do Morumbi, Zona Sul de São Paulo. A vítima foi atingida por um tiro na nuca quando foi abordada por dois assaltantes no trânsito. Marcelo Miranda trafegava pela Rua Doutor Flávio Américo Maurano, conhecida como “Ladeirão” do Morumbi, por volta das 21h do dia 09 de fevereiro deste ano, quando percebeu dois criminosos numa moto, fazendo a abordagem a outro motorista, num veículo que estava a sua frente.
O policial federal reduziu a velocidade e, pouco depois, um dos criminosos se dirigiu até o carro da vítima, que estava acompanhada da mulher e da filha, uma criança de apenas quatro anos de idade. Segundo as investigações, a mulher do policial, que estava no banco do passageiro, abaixou para pegar a bolsa e neste momento começou a troca de tiros e Marcelo Miranda levou um tiro na nuca. A filha do casal estava no banco de trás e viu toda a cena.
Os delegados disseram que o menor estava pilotando a moto e o outro rapaz foi o responsável pela troca de tiros com o policial federal. “Os dois assaltantes eram amigos de muito tempo, vizinhos. O segundo assaltante foi identificado por testemunhas que presenciaram o assalto como sendo o responsável pelos disparos. Ele ficou ferido e o menor ainda tentou socorrê-lo na moto; como não conseguiu chegou a parar um veículo na comunidade e obrigou os ocupantes a levar o criminoso até um hospital, mas chegou a óbito”.
Já o policial chegou a ser encaminhado ao Pronto-Socorro Albert Einstein onde ficou internado em estado grave e faleceu no dia 15 de fevereiro; já a esposa e a filha não tiveram ferimentos.
Por Ana Cláudia Almeida / CadaMinuto