A modinha do autismo
6 novembro 2022
Muitas pessoas ainda não conhecem o universo do autista e suas peculiaridades, talvez por isso, pensam e agem com ignorância sobre a temática. Autismo não é modinha, é uma doença neurobiológica, milhares de pessoas no Brasil nascem com essas características e a maior dos portadores são meninos.
Autismo é nome popular do TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA). O Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais, 5º edição – DSM-5, descreve que o Autismo nas últimas décadas passou por atualizações em seu conceito e ganhou novas particularidades na definição.
Até ser denominado espectro autista, já foi chamado de autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento, sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de Asperger.
O autismo é um transtorno muito complexo, com múltiplas formas e sintomas que variam de indivíduo para indivíduo, que em muitos casos também apresenta alguma comorbidade.
Fechar um diagnóstico de TEA é um procedimento difícil e delicado, por isso são várias etapas com critérios minuciosos (entrevistas, anamnese, observação clínica, testes psicológicos, e etc), sendo necessário uma equipe multidisciplinar dentre eles devem estar profissionais da Neurologia, Psicologia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e etc. Um diagnóstico equivocado pode comprometer a vida inteira de um ser humano.
São três os níveis de comprometimento pelo Autismo: leve, moderado e grave, com variações únicas em cada organismo.
Os campos de maior prejuízo na vida do indivíduo autista com descreve o DSM-5, são:
1. Dificuldade na comunicação social e na interação social: nesse contexto o indivíduo tem dificuldades comunicação social, não consegue iniciar uma conversa e não corresponde a uma conversa quando é iniciada por outra pessoa. Muitos desses indivíduos têm atraso na fala, ou não conseguem formar frases longas. Apresentam dificuldades para compreender as linguagens verbais e não verbais. Tem um interesse reduzido por emoções e afeto (não gosta de abraços, beijos, contato físico). Geralmente as expressões faciais não condizem com a fala ou com a situação. Tem também dificuldades para compreender relacionamentos, não conseguem se adequar aos contextos sociais e brincadeiras, as vezes parecem não escutar, não comprimentam os outros, são sempre desajeitados, preferem brincar sozinho mesmo tendo oportunidade de brincar em grupo.
2. Dificuldade na rotina básica, ações do dia a dia: nesse contexto os indivíduos apresentam rigidez e comportamentos restritos e repetitivos, conceituados como comportamentos estereotipados. São visíveis movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos ( alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases incompreensíveis). Esses indivíduos geralmente tem insistência nas mesmas coisas, fazem tudo em rituais (mesmos alimentos, mesmas roupas, mesmo brinquedos, meses histórias), sofrem muito quando tem que mudar algo mesmo que seja pequena a mudança).
Geralmente apresentam forte apego ou preocupação com objetos incomuns, apresentam muita ou pouca sensibilidade em situações, não sabe reagir ou se defender a algo que queime ou machuque, tem rejeição a texturas ou produtos, (não gostam de papel higiênico, não toleram pingos de líquido na roupa, não gostam de sujeira e etc). Não suportam som alto, fogos e etc. Costumam cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, são fascinados por luzes ou movimentos circulares, (não anda de bicicleta, preferem colocá-la de rodas pra cima só pra vê o movimento circular das rodas, as vezes fazem o mesmo com carros e outro brinquedos), olham fixamente para ventilador, correm constantemente sozinho em círculo.
As causas desse transtorno são alterações genéticas com tendências hereditárias, e comprometem os processos neuropsíquicos heterogêneo que atingem a linguagem, a cognição e a interação social, apresentando déficits na comunicação, na coordenação motora, no nível de atenção e na sensibilidade sensorial. Não existe um único elemento que cause o autismo.
Caso você identifique em você mesmo ou em outras pessoas alguma dessas características descritas acima, é recomendável procurar um profissional para ajudar a ajustar esses desconfortos, pois existe tratamento e na maioria das vezes esses indivíduos precisam de medicamentos até que consigam alcançar a reabilitação neurocognitiva.
Apesar da dificuldade em algumas áreas específicas, os indivíduos autistas são muito habilidosos em outras áreas de conhecimentos e quando se adequam as suas limitações, conseguem viver socialmente de forma produtiva.