A FACA E A PROSTITUTA

05 fev 2015 - 01:26

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.360

Quinca Sapateiro era personagem popular na minha terra. Conheci-o ainda no tempo de Admissão ao Ginásio, quando eu passava pela Rua Barão do Rio Branco, em direção à escola de Helena Oliveira, na calçada alta da Ponte do Padre. Entre os vários empregados ou aprendizes da fabriqueta de calçados de Evilásio Brito, estava o Quinca batendo sola, único deles que me ficou na lembrança.

Passaram-se décadas até que um dia deparei-me com o Quinca trabalhando na sua própria tenda, à Rua Nilo Peçanha. Reconheci-o imediatamente. Era um homem que escutava muito o rádio e gostava de imitar pessoas. A preferência pelas imitações era o Lelé, ex-tropeiro, autodidata e decoreba da Geografia. Quinca Sapateiro também preferia contar casos da cidade e comentar as notícias do estrangeiro ouvidas pelo rádio.

Segundo o jornal “Quinca”, havia um cidadão muito conhecido na cidade, cuja mulher gostava da safadeza. Quando chegava algum homem para um encontro com ela, esse encontro era na própria residência da mulher. O maridão ficava na porta amolando uma peixeira 12 polegadas e, resmungando: “Um dia eu derrubo o fato dum; um dia eu derrubo o fato dum”.

O visitante, para não demonstrar sinal de fraqueza, segundo o sapateiro, entrava pela porta estreitada, resvalando de lado, entre o portal, a faca gigante e o marido que ameaçava derrubar o fato dum.

Ninguém, entretanto, chegou, a saber, se fato algum foi derrubado, embora ninguém possa confiar totalmente em ameaça dessa gente.

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Em vésperas de eleições brasileiras, todos os candidatos prometem honestidade, trabalho e transparência.

Uma vez no poder, o sujeito trinca os dentes amolando uma 12 polegadas, para sugestionar o povo. Mas, lá nos fundos, após a porta, continua deitada a corrupção, prostituta miserável que ainda faz a alegria dos tarados.

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