O açúcar foi um dos seis produtos, dentre os 12 que compõe a cesta básica, que mais tiveram aumento durante o mês de fevereiro para o consumidor de Santana do Ipanema. A constatação foi feita no levantamento realizado por alunos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) no município sertanejo.
O estudo revela que o valor da cesta apresentou aumento de 1,65% de janeiro para fevereiro. Com isso, o conjunto de produtos consumidos por um cidadão santanense passou de R$ 277,34 do primeiro mês do ano para R$ 281,91 no segundo.
Apesar dessa constatação, o professor e coordenador da pesquisa, Fabrício Rio explica que mesmo com o aumento do custo, o trabalhador que recebe um salário mínimo acabou tendo maior poder em seu poder de compra.
“Este fato deve-se ao novo salário mínimo, no valor de R$ 880,00 e que entrou em vigor a partir de 1º de janeiro de 2016, cujo reajuste foi de 11,6%, um aumento superior ao registrado pela cesta básica”, apontou o docente.
Quais aumentaram?
Além do produto que comumente adoça os cafezinho dos brasileiros, os produtos a terem alta em fevereiro foram: carne (5,48%), manteiga (3,67%), óleo (3,08%), pão francês (1,33%) e leite integral (1,21%).
Do lado inverso estiveram os produtos com queda no seu preço, são eles: legumes (tomate) (1,32%), feijão (1,09%), fruta (banana) (0,87%), arroz (0,48%) e café em pó (0,34%). Um destaque importante ficou com a farinha, que teve a maior baixa em seu custo, (4,20%), segundo a nota técnica.
Sobre os fatores que levaram ao aumentos de alguns desses itens o professor explica que deve-se principalmente à valorização dessa commodity no mercado internacional (Bolsa de Valores de Nova Iorque e Londres). “[A bolsa] estimulou as exportações em detrimento ao abastecimento interno e as fortes chuvas que atingiram as regiões produtoras de cana-de-açúcar, prejudicou produção e produtividade”, disse.
Sobre o Projeto
Intitulado Acompanhamento do Custo da Cesta Básica no Município de Santana do Ipanema/AL, o projeto teve início por meio do Programa de Ações Interdisciplinares (Painter), em 2014. O Programa chegou ao fim, mas os pesquisadores decidiram seguir com a análise, cujos resultados obtidos são divulgados no final de cada mês por meio de uma nota técnica que revela a variação de preços entre os produtos pesquisados e do valor total da cesta básica.
A metodologia utilizada é a mesma empregada pelo Departamento Intersindical de Estudos Estatísticos e Socioeconômicos (Dieese) que, segundo o professor Fabrício Rios, coordenador do projeto, utiliza a Estrutura de Despesa do Salário Mínimo para famílias que recebem até três salários e a Composição da Cesta Básica Mínima do Trabalhador, que tem por base uma cesta de 12 ou 13 alimentos a depender da região analisada, conforme definida pelo Decreto-Lei nº 399 de 1938.
“A análise é extremamente importante para a população, pois permite verificar o impacto da variação dos preços dos alimentos (cesta básica) sobre o salário, diagnosticando se houve perda ou ganho do poder de compra. Em posse dessa informação, a população poderá recompor sua cesta de alimentos com produtos similares de menor preço”, explica Fabrício Rios.
O levantamento revela ainda o tempo necessário para o trabalhador adquirir a cesta básica que, em fevereiro, diminuiu para 70 horas e 29 minutos; em janeiro, eram 77 horas e 26 minutos. “Além disso, o comprometimento do rendimento líquido foi em média 38,26%, ponderado por R$ 724,96, que era o salário mínimo líquido. Já em fevereiro de 2016, tomando como base o novo salário mínimo líquido, R$ 809,60, deduzido os 8% da Previdência Social sobre o salário bruto de R$ 880,00, o comprometimento do rendimento líquido passou para 34,82%”, conclui o pesquisador.
Da Redação com Assessoria Ufal