Editorial de Domingo: O senador já disse o que pensa, mas… e seus eleitores?

19 jul 2015 - 02:02


Foto: Agencia Senado

Foto: Agencia Senado

As imagens que marcaram a semana não poderiam ser outras senão a da “espetaculosa” [parafraseado o senador] ação da Polícia Federal, que entre um dos seus alvos, apontou seus holofotes para o senador por Alagoas, Fernando Collor de Melo. Este teve suas residências e empresas “visitadas” pelos agentes da lei, que para maior desgosto do político reteve por tempo indeterminado três de seus preciosos bens automobilísticos.

A reação do magnata da mídia alagoana veio como ele bem gosta, num discurso pomposo e redondinho, exaltando evidentemente o direito que lhe assiste de ser inocente até que lhe provem o contrário. Certamente, assim como a acusação que o tirou da presidência em anos passados, esta somente o tempo dirá se é procedente ou não.

Contudo, porém, todavia… deixando o mérito das acusações de lado, fazemos aqui um leve questionamento. O que o senador pensa a respeito da ação já foi dito (e com todas as letras, que deixe isso bem claro), mas qual seria a opinião do seu eleitorado? Eles estariam ao lado do parlamentar ou não?

A resposta exata para a pergunta, infelizmente só teríamos a partir de uma pesquisa quantitativa, como um levantamento semelhante ao realizado recentemente, pelo DataFolha, no qual avaliou a popularidade da presidente Dilma Russef. Como ainda não temos esse recurso a nosso favor, ficamos a ouvir, ver e avaliar comentários informais desses eleitores.

Uma dessas observações chamou a atenção deste redator, quando em um grupo de debate no aplicativo WhatsApp, santanenses que deram preferência a Collor, na ultima eleição, explicitaram seu posicionamento político ou pessoal. Das manifestações que surgiram, deixaram claro que o voto à época, advinha exclusivamente por causa de sua atual suplente, a ex-prefeita de Santana do Ipanema, Renilde Bulhões. “Votei em minha senadora Renilde”, expressava um dos integrantes do grupo. Outro ainda exclamou: “eu votei nele porque tem a Dra., e se ele fez ou deixe de fazer é problema dele, e que prove se não fez nada”.

Contrariando os dois coloridos, outro integrante fez uma provocação: “Não amigo, você votou em Collor”. Obviamente há de se considerar que essa afirmação está correta, pois por mais que se goste de um suplente, este só teria voz [na teoria], na ausência do seu titular.

Olhando para os números, Collor arrebanhou até um pouco mais de mais votos, além dos admiradores da ex-prefeita, já que em Santana do Ipanema obteve 10.510 votos 56,10% do total dos eleitores santanenses. A médica sertaneja alcançou em sua reeleição um total de 10.128.

As afirmações, por mais breves que sejam, fazem pensar o quanto a personificação do voto é fator comum e preponderante na política brasileira, característica essa que acaba se intensificando ainda mais em cidade pequenas. Por si só essa particularidade não haveria de causar espanto, já que o sistema da política representativa é feito pela presença efetiva dos atos da pessoa. Entretanto, chama a atenção as justificativas expostas pelos eleitores, pois por mais diversos que sejam os motivos do voto, uma grande parcela não demonstram ter tanto interesse ou estarem preocupados com as ações dos seus representantes, mas sim estariam preocupados ou atentos a quem eles “sugeriu” votar, vamos chamá-los de seus “indicantes”.

É obvio que nossas escolhas sempre vão conter elementos da opinião externa, indicações de amigos, conhecidos e outros, além da nossa própria vivência empírica e pesquisa pessoal. Mas em se tratando de tempos em que a população cobra cada vez mais probidade, comprometimento e seriedade com a coisa pública, por parte dos políticos, acho que acho que já passou da hora do eleitor fazer uma autocrítica e reflexão para saber se estamos tratando com probidade, comprometimento e seriedade esta que é uma das ferramentas mais cidadãs de nossa vida, o voto.

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