Editorial de Domingo: Maus hábitos precisam ser mudados, mesmo a contra gosto

31 Maio 2015 - 01:47


Matadouro Público em Santana fechou as portas essa semana (Foto: Alagoas na Net)

Matadouro Público em Santana fechou as portas essa semana (Foto: Alagoas na Net)

Mais uma semana terminou e pôs fim a um “medo” que tomou conta de moradores, pequenos comerciantes e autônomos no Médio Sertão alagoano. Isso porque, foi na ultima sexta-feira (29) que equipes da 3ª etapa da Fiscalização Preventiva Integrada do Rio São Francisco estiveram pela ultima vez, ao menos este ano, em solo semiárido alagoano. A presença desses defensores da natureza deixou apreensivos aqueles que por muito tempo se acostumaram com velhos hábitos, que maltratam e degradam o meio ambiente.

Parte desse temor chamou a atenção na ultima quinta-feira (28), quando marchantes da cidade de Santana do Ipanema decidiram parar suas atividades no fim de semana, temendo serem pegos com a mão na massa, ou melhor, com a mão na carne, de forma irregular. O medo era ter seus produtos apreendidos, além de responderem por crimes ambientais e contra a saúde pública.

E não foram somente estes profissionais os que ficaram apreensivos com a presença dos “fiscais do meio ambiente”. Houve também aqueles pequenos comerciantes que mantém produção de laticínios na região. Alguns acabaram também sendo alvos da FPI, após a equipe flagrar péssimas condições de higiene e trabalho em alguns estabelecimentos.

E os registros negativos não para por aí

Nas ruas de cidades do Sertão as opiniões se dividiram em relação a essa ação dos órgãos. Não foi difícil achar pessoas que abertamente a criticavam. Nossa reportagem presenciou inclusive duas pessoas que faziam relatos do tipo: “Essa polícia deveria estar prendendo bandido, ao invés de estar pegando passarinho”. Na própria página deste site foi registrada uma crítica: “Que país nós estamos os trabalhadores sem poder trabalhar por medo?”.

Infelizmente, frases e comentários como esses ainda nos faz perceber o quanto está enraizada uma cultura de práticas arcaicas e inadequadas para com aqueles que nos dão, desde o começo dos tempos, o que comer: a fauna e a flora. Mas, há uma excessiva sede de explorar até a última gota. O tratamento de qualquer maneira e de forma desordenada se tornou tão comum que, aos olhos de muitos populares, defender este bem tão precioso agora é falta do que fazer. Lamentável!

Pedimos licença ao Jornal Gazeta de Alagoas para usar aqui uma das suas frases em um texto, também de Editorial, publicado na ultima sexta-feira (29), na qual dizia: “Cultura e hábitos são passiveis de mudança somente a longo prazo e exigem ações constantes e articuladas”. As palavras fazem referência a uma pesquisa que atestou que nosso país está diminuindo em números de fumantes. Uma boa notícia. Apesar de tratar de assunto totalmente diferente, com toda certeza a frase se aplica muito bem no aspecto apresentado por este Editorial.

A mudança de hábito é algo muito difícil, mas para os maus hábitos ela é mais que necessária. Na sexta-feira (29) a equipe do FPI participou de uma audiência pública na cidade sertaneja de Olho d’Água das Flores, onde fez um balanço de suas ações. Só em relação ao recolhimento de animais silvestres foram mais de 1.800 animais resgatados. Entre estes, a esperança e boa nova é que mais de 450 foram entregues voluntariamente. Um ponto positivo para a população que ainda acredita que estes animais precisam estar livres em seu habitat.

Quanto ao abate clandestino e irregular de animais e/ou tratamento de alimentos em pequenas fábricas, os registros feito pelas equipes falam por si só. Foram vídeos e fotos comprovando o quanto é absurdo a forma que ainda é manipulado estes serviços. É uma triste constatação, mas a verdade é que a humanidade, em grande parte, tem mostrado ao longo da história que só acaba se ajustando e mudando esses maus hábitos, quando é fiscalizada e punida. E se essa é a solução, que venham a 4º, 5ª e quantas edições forem necessárias da FPI.

Notícias Relacionadas:

Comentários