Editorial de Domingo: Santanenses agora se sentem seguros, o problema é até quando

29 mar 2015 - 01:32


Foto: Ilustração

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Certo momento uma pessoa bem próxima me confidenciou estar sentindo que o município de Santana do Ipanema estava passando por um momento de maior segurança. De pronto, opinei que tal sensação, pelo menos a priori, deve-se a redução no numero de crimes, principalmente os mais violentos [no caso, homicídios]. Logo em seguida a dita cuja fez questão de soltar aquela velha e famigerada frase: “pelo menos o que estavam morrendo era maioria bandido”.

Dias depois uma amiga também me passaria a mesma informação, desta vez de uma forma diferente. “Você percebeu que não estão acontecendo mais aquele monte de assaltos que tinham constantemente nas ruas”, perguntou ela, que ao mesmo tempo respondeu: “é que a polícia prendeu esses ‘assaltantezinhos’ que circulavam”.

Ambos os comentários poderiam passar despercebido por este editor, mas como temos neste lugar um espaço para reflexão, os coloco a fim de mostrar como isso tem se tornado, perigosamente, um modo automatizado e simplório de ver a situação da segurança no município.

A realidade que se esconde por trás desse pensamento é um ciclo vicioso que há anos toma conta de muitos municípios brasileiros, um deles Santana do Ipanema. Este processo é simples, seu início trata-se de um momento de altos índices de criminalidade (roubos, mortes e demais crimes). Daí, a solução que se encontra é recrutar uma ‘força-tarefa’ para varrer o ‘mal’ da nossa sociedade, usando-se de todos os artifícios. Pronto, está resolvido o problema. 

Agora cá estamos no momento em que o mal, aparenta ter sido varrido de Santana do Ipanema. Entretanto, como é de se esperar esse ciclo deve se renovar. Alguns poderiam fazer a pergunta: até quando ou em que momento ele voltará a sua etapa inicial?

Eu prefiro aqui fazer outro questionamento: até quando as pessoas vão deixar esse ciclo acontecer, pois ele só é feito com a anuência da população. É ela quem aplaude a ação da força tarefa e varre para debaixo do tapete sua responsabilidade moral de cobrar do Estado a verdadeira segurança pública.

Por isso, não quero aqui ser portador de más noticias, mas sinto informar que a tal sensação de segurança, não passa de uma mera cegueira, induzida pela preguiça ou omissão popular. A constatação pode não ser das melhores, mas como uma boa e velha crítica construtiva, sua absorção e prática pode ser o início de uma grande mudança.

Por Lucas Malta / Editor

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