Trabalho multidisciplinar e parceria entre setores contribuíram para minimizar riscos de infecções por vias aéreas.
Os indicadores de infecções nas vias aéreas são altos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) dos principais hospitais do mundo. No Hospital Geral do Estado (HGE), o trabalho desenvolvido pela equipe multidisciplinar da UTI vem alcançando resultados positivos. A taxa de infecção hospitalar, que já chegou a 80%, foi reduzida para 38%, segundo divulgou o hospital no último mês de outubro.
De acordo com a médica Maria das Mercês Pereira, coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), a implantação do médico diarista na UTI e o empenho dos profissionais, aderindo a medidas como a higienização das mãos, foram fundamentais na redução dos números de infecção no hospital. “Passamos a contar com um médico diarista, que, acompanhado de enfermeiros, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem, visitam os pacientes em conjunto”, destacou.
A coordenadora da equipe de enfermagem da UTI, Rosângela Cavalcante, explicou ainda que, ações simples como a escovação dentária dos pacientes, elevação da cabeceira, incentivo da mudança de decúbito e, principalmente, a adesão de todos os profissionais que se comprometeram e entenderam a necessidade das mudanças em prol dos pacientes, também têm auxiliado a nova realidade.
“A higiene bucal tem sido considerada de grande importância na prevenção de pneumonias associadas ao ventilador mecânico e adquiridas em hospitais. Isto sem falar no uso de novos medicamentos, como o precedex, que auxilia na sedação, ou de equipamentos, como o colchão pneumático, e o protetor de pele que vem beneficiando na redução de úlceras por pressão”, lembrou a enfermeira, ressaltando a redução das úlceras nos pacientes da UTI. “Hoje não temos mais pacientes com escaras na unidade de terapia intensiva, o que representa mais uma vitória do hospital”.
Protocolos
Para o médico intensivista Diogo Brandão, a institucionalização de protocolos preconizados pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) e referenciados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), foi o pontapé para as mudanças de paradigmas no HGE. “A UTI é uma área crítica, com pacientes graves e a condição de internado torna o paciente suscetível às infecções, provocadas por circunstâncias diversas, entre elas, a gravidade dos casos e tempo de permanência no hospital. Nosso objetivo foi minimizar os riscos ou efeitos desses agravantes nos usuários, identificando precocemente sua ocorrência e agindo imediatamente para combatê-las”, contou.
Segundo Diogo Brandão, os bons resultados são reflexos diretos das medidas adotadas que garantem a orientação de ações básicas de assistência à saúde, que vão desde a higienização das mãos, até a prevenção do uso indiscriminado de antimicrobianos e germicidas hospitalares, diminuindo a resistência e contribuindo para uma sensível diminuição dos custos hospitalares.
“As ações exigem a aplicação de uma metodologia que inclui criteriosa avaliação dos pacientes, desde a internação até a alta médica, proporcionando a elaboração de um mapeamento com informações precisas sobre toda a rotina de internação do usuário, entre eles o acompanhamento do uso dos dispositivos invasivos, uso de antibióticos e suscetibilidade às infecções”, finalizou o médico.
Por Neide Brandão / Agência Alagoas