Governo transforma unidade na maior do Sertão e garante serviços que até então não existiam na região, beneficiando milhares de pessoas
A enfermeira Sibele Arroxelas, 49 anos, acompanhou de perto a transformação do então hospital municipal Clodolfo Rodrigues, em Santana do Ipanema, que finalizou suas obras em 2004, mas sem condições financeiras e fiscais a gestão municipal abandonou o prédio, a unidade foi fechada, os equipamentos encaixotados, uma nova UTI teve que ser construída, o teto tinha desabado.
Seis anos depois, Sibele viu, em setembro de 2010, o hospital ser entregue à população, com novos equipamentos, emergência, UTI, centro de diagnóstico e de imagem, com recursos do Tesouro Estadual. Hoje, ela é a supervisora do plantão noturno, e responsável, no horário, por todo o hospital. Hoje o hospital de Santana do Ipanema é o maior hospital na região sertaneja, 100% SUS, que atende a 21 municípios contratualizados – e mais 187 municípios diferentes, inclusive nas divisas com Pernambuco, Sergipe e Bahia.
“Estava no primeiro plantão do setor de emergência, há três anos. Hoje o hospital deu um salto de qualidade, com serviços que não tinham na região, além da emergência, ganhou ortopedia, clínica médica, cirurgia geral e muita gestão e tecnologia hospital”, explica Sibele.
A tecnologia a que Sibele se refere são máquinas que salvam vidas, e que hoje estão nas grandes salas arejadas do hospital, ou em ambientes climatizados como a UTI – onde pontifica um desfibrilador alemão DEA – ou na UCI Neonatal com 10 leitos e mais tecnologia: incubadoras e respiradores para ventilação mecânica. São 300 atendimentos por mês. “Os meus bebês”, como chama a coordenadora de pediatria do hospital, Irene Monteiro. Ela diz que precisa triplicar o número de leitos para prematuros, mas anuncia que o hospital iniciou as obras para a construção de uma UTI Neonatal, que vai desafogar a UCI.
Ao todo o hospital tem 136 leitos ativos, 90 médicos, 52 enfermeiros e 190 técnicos de enfermagem. O atendimento saltou de 5000 mensais para oito mil, só na emergência são 350 atendimentos diários e 370 partos por mês. O índice de óbito, segundo a direção do hospital, está dentro da média nacional.
Modelo de sucesso
O novo modelo adotado no hospital – uma parceria do Governo de Alagoas, município e a Organização Social (OS) Instituto Pernambucano de Assistência à Saúde – e investimentos do Tesouro Estadual de R$ 1 milhão mensais – fez o Clodolfo Rodrigues se projetar no país. O hospital foi autorizado pelo Ministério da Saúde e será o segundo no Estado – Coruripe foi o primeiro – a receber o novo modelo UPA Intra-hospitalar, com emergência 24 horas, totalmente integrada ao hospital.
“A parceria com o governo foi fundamental para dar o salto em gestão e tecnologia em uma área carente como o sertão. Em um ano temos um atendimento médio de 140 mil procedimentos, em urgência, emergência, ambulatorial, internação, cirurgia, obstetrícia e ultrassom”, afirma a administradora hospitalar e gerente de Qualidade e projetos do hospital, Renata Ivanczin.
A parceria com o Governo de Alagoas e os investimentos no hospital, trazem outros avanços, como a ampliação do centro cirúrgico, a construção da UTI Pediátrica. E reconhecimento também: o Ministério da Educação aprovou a residência médica, com o Clodolfo Rodrigues, também, se transformando em um hospital-escola.
Uma escola em que a enfermeira Sibele foi treinada, aperfeiçoada para exercer sua função. Apaixonada pela profissão, ela resume a enfermagem e seu local de trabalho.
“Trabalhei em outros hospitais, mas o de Santana me deu todas as oportunidades para exercer minha função: a arte de cuidar das pessoas, praticar o bem diário, ter o compromisso com a população”.
A parceria
A atual de gestora do hospital, o Iapas, é uma Organização Social (OS), que obteve o título por meio de editais públicos, para dar mais agilidade em serviços e programas.
As OS são entidades da sociedade civil sem finalidade econômica que são qualificadas como Organizações Sociais, conforme autorização e disciplinamento disposto por lei. O tipo de ajuste jurídico que estabelece a relação entre Estado e as Organizações Sociais são os contratos de gestão nos quais são estabelecidas as metas de serviços ou atividades que devem ser cumpridas pelas entidades com os recursos públicos que lhe são repassados.
Um caso exemplar em Alagoas foi a reabertura do Hospital Geral Clodolfo Rodrigues, em Santana do Ipanema, no sertão alagoano. Inaugurado em 2010, o hospital é a primeira unidade de saúde no Estado a ser gerida por meio de uma Organização Social (OS) – aprovada por lei municipal – e é hoje uma referencia para toda região sertaneja.
“Ao contrário do que se pensa, a gestão por meio de OS não é uma privatização dos serviços, afinal, todos os atendimentos e serviços prestados são totalmente gratuitos”, esclarece o secretário de Estado da Saúde, Jorge Villas Bôas. Em Alagoas, o governo do Estado está aguardando a aprovação pela Assembleia Legislativa do projeto de lei que dispõe sobre o Programa Estadual de Organizações Sociais.
Mário Lima – Agência Alagoas